Glândula timo: o que é, onde fica e qual sua função

publicado em

O timo é uma glândula que se constitui como o local anatômico onde ocorre o processo de maturação de linfócitos T, que são importantes células de defesa do nosso organismo. 

O termo timo é derivado do grego Thymus, que significa energia vital. Esse nome foi dado à glândula, porque antigamente se acreditava que era onde ficava guardada a alma das pessoas, devido ao seu local privilegiado no corpo, perto do coração e dos pulmões.

A função do timo foi uma das últimas a ser desvendada pelos estudiosos de anatomia e fisiologia humana. 

Por causa desse significado e por estar localizado próximo aos órgãos vitais, a glândula chama atenção de muitos praticantes de meditação, que são motivados pela crença de que a glândula possa liberar tensões e gerar bem-estar. 

No campo médico-científico, a glândula é reconhecida como parte fundamental da formação do nosso sistema imunológico, no sentido de preparar células que sejam aptas para combater vírus, bactérias, fungos, células defeituosas e cancerígenas.

  Continua Depois da Publicidade  

Veja mais detalhes sobre o que é essa glândula tão importante que temos no corpo, onde ela fica, quais são suas funções, e quais são as relações do timo com a Síndrome de Down e com alguns cânceres. 

Glândula timo: o que é?

Glândula timo
Reprodução: via Mayo Clinic

A glândula timo é um órgão linfoide primário. Isso quer dizer que, assim como a medula óssea, essa glândula produz células do sistema imunológico, que é o sistema de defesa do nosso organismo. 

O timo é dividido em duas partes chamadas de lobos (lê-se “lóbos”). Cada lobo é constituído por vários lóbulos de tamanhos e formas variadas. É nos lóbulos que ocorre todo o processo de maturação dos linfócitos, que será comentado no tópico seguinte. 

Os lobos não costumam ter o mesmo tamanho, geralmente o da direita é um pouco maior que o da esquerda. 

  Continua Depois da Publicidade  

O timo também é dividido em córtex e medula. No córtex, que é a região periférica da glândula, há uma intensa produção de linfócitos e, por isso, há muitos linfócitos maduros. Na medula, que é a região central, não há muitos linfócitos maduros. O timo, ainda, possui uma cápsula fibrosa, que serve como um revestimento externo. 

Onde fica o timo

O timo está localizado no tórax, entre os pulmões e à frente do coração. 

O tamanho da glândula vai aumentando com a idade, desde o momento do nascimento até atingir seu ápice na adolescência. Nas fases da infância e da pré-adolescência, o timo é muito ativo, porque o sistema imunológico está em formação. Por conta disso, é nesse período que a glândula atinge o seu maior tamanho, pesando cerca de 40 gramas. 

No feto, o timo é avermelhado, nos primeiros anos de vida, ele fica branco-acinzentado e, na fase adulta, adquire uma cor amarelada. 

Na adolescência, dá-se início a um processo chamado de involução, no qual o timo começa a diminuir de tamanho, sendo substituído, aos poucos, por tecido adiposo (gordura). Mas isso não significa que a glândula para de trabalhar, todos os linfócitos que ela produziu e selecionou ficam ativos no organismo e são suficientes para suprir a demanda protetiva dos anos posteriores. 

  Continua Depois da Publicidade  

Sendo assim, conforme envelhecemos, nosso timo vai diminuindo, ano após ano. Aos 60 anos, o timo pesa apenas 6 a 16 gramas. É nessa fase que observamos uma queda na imunidade e, por isso, os idosos são considerados como parte integrante do grupo de risco a infecções, tendo prioridade em campanhas vacinais. 

Funções do timo

A principal função do timo é ser o local de maturação dos linfócitos T, também conhecidos como células T. 

As células T são um tipo de glóbulo branco, que atuam na defesa contra infecções virais, fúngicas, bacterianas e também contra células cancerígenas e defeituosas. 

Essas células também são responsáveis por fazer a diferenciação entre as células próprias do corpo daquelas substâncias, partículas e organismos que são invasores ou estranhos. 

Essa distinção é fundamental, porque se houver um erro neste mecanismo de seleção, podem ser desenvolver doenças autoimunes, que são aquelas em que as células de defesa passam a atacar os próprios tecidos do corpo. 

  Continua Depois da Publicidade  

O timo é o local onde chegam os linfócitos (células) imaturos, que foram produzidos na medula óssea, popularmente conhecida como tutano. 

No timo ocorre, então, a seleção dos linfócitos aptos para entrarem na corrente sanguínea e alcançarem os diversos pontos de gânglios linfáticos (linfonodos) e o baço, onde devem atuar como sentinelas, defendendo o corpo contra os organismos invasores.

Neste sentido, ocorre um verdadeiro treinamento dos linfócitos T no timo, que se deparam com várias “simulações” de vírus, bactérias, células próprias, defeituosas e cancerígenas. 

Aqueles linfócitos que apresentam uma resposta inadequada frente aos “simuladores” ou que reagem contra células do próprio corpo são destruídos por células chamadas “macrófagos”, ou corrigidos, por meio de outros processos biológicos. 

Estima-se que dos 16 milhões de linfócitos que passam pelo timo todos os dias, cerca de 95% são destruídos, pois não passam no processo de seleção. 

O timo também produz o hormônio timosina, que estimula o processo de maturação dos linfócitos T e, também, o trabalho dos linfócitos T já maduros, ao longo de toda a vida. É graças a esse estímulo, que os linfócitos que foram selecionados continuam trabalhando até o fim da vida. 

O timo e a Síndrome de Down

Jovem com síndrome de Down
Genes responsáveis pela produção e amadurecimento dos linfócitos no timo são menos ativos em crianças com síndrome de Down

Há muito já se sabe que crianças com síndrome de Down são mais propensas a desenvolver doenças autoimunes. Isso ocorre porque o mecanismo de seleção de linfócitos T no timo fica desregulado, por conta da cópia extra do cromossomo 21. 

A desregulação desse mecanismo faz com que alguns linfócitos T que atacam tecidos do próprio corpo passem ilesos na seleção, não sendo destruídos. Como resultado, se desenvolvem as doenças autoimunes, como o diabetes do tipo 1, hipotireoidismo e a doença celíaca

O que acontece é que muitos genes responsáveis pela produção e amadurecimento dos linfócitos no timo são menos ativos em crianças com síndrome de Down. 

Cânceres associados ao timo

Os tipos de cânceres associados ao timo são o timoma e o carcinoma tímico, que são considerados bastante raros, representando menos de 1% de todos os tipos de cânceres do adulto. Sua incidência é de 1 a 5 casos a cada 1 milhão de pessoas por ano. 

O pico de incidência desses tipos de cânceres ocorre aos 50 anos de idade, afetando homens e mulheres na mesma proporção. 

As causas e os fatores de risco para esses cânceres não são bem conhecidos, mas em torno de 15% dos casos há uma associação com a doença autoimune miastenia grave. 

Grande parte dos casos é assintomática, sendo descobertos por acaso, em radiografias de rotina. 

As pessoas sintomáticas apresentam os seguintes sinais e sintomas:

  • Tosse persistente
  • Dor torácica
  • Fraqueza muscular
  • Fadiga 
  • Falta de ar
  • Edema (inchaço) facial
  • Edema dos membros superiores
  • Dificuldade para deglutir
  • Desenvolvimento de anemias
  • Infecções frequentes ou de repetição

O tratamento dos cânceres que afetam o timo é a cirurgia de ressecção, ou seja, de retirada da glândula. O prognóstico da pessoa dependerá do estágio do câncer e de sua disseminação.

Fontes e referências adicionais

Você sabia da existência dessa importante glândula do nosso corpo? Qual fato sobre a função do timo mais te surpreendeu? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

Deixe um comentário