Sensação de bolo na garganta: 8 causas e o que fazer

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A sensação de bolo na garganta pode ser causada por problemas facilmente tratáveis, como o pigarro e o refluxo gastroesofágico, ou pode ter origem em problemas de saúde que exigem um tratamento mais complexo, como é o caso da miastenia gravis, distrofia miotônica e câncer de esôfago. Esta sensação desconfortável também pode ser causada por problemas emocionais, que geram ansiedade. 

Algumas delas são passageiras e se resolvem naturalmente, se nenhum tratamento for feito. Outras requerem um diagnóstico médico, para que um plano de tratamento possa ser elaborado. 

Veja quais são as principais causas da sensação de bolo na garganta e o que você pode fazer em cada situação. 

Pigarro

Pigarro
O pigarro provoca um desconforto e a sensação de bolo na garganta

O pigarro é um acúmulo de secreção na garganta, produzida em maior quantidade pelo sistema imunológico com o objetivo de defender o corpo contra vírus, bactérias, fungos e substâncias alérgenas que invadem o sistema respiratório superior, composto pela cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia. 

Um muco mais espesso e volumoso facilita o aprisionamento desses microrganismos invasores e substâncias alérgenas, impedindo que acessem regiões mais profundas do sistema respiratório. Além disso, esse mecanismo facilita a ação das células de defesa do organismo. 

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Apesar de ser um mecanismo benéfico, o pigarro causa uma sensação de bolo na garganta, dificultando a deglutição e a respiração, em alguns casos. Por causa desse desconforto, é comum que a pessoa fique tentando limpar a garganta a todo momento. 

O que fazer

Para tirar o pigarro da garganta, faça um gargarejo com água morna e sal, misturando 1 colher de sopa de sal em 1 copo de água. Faça esse gargarejo de 3 a 4 vezes ao dia, para sentir o alívio da sensação de bolo na garganta. 

Para deixar esse muco mais fluido e facilitar a sua eliminação, aumente a ingestão de água e use um umidificador de ambiente, ou um balde com água fervente, para deixar o ar mais úmido. 

Ansiedade

A sensação de bolo na garganta é um dos sintomas da ansiedade, que faz com que a pessoa sinta que sua garganta irá se fechar, impedindo-a de respirar. Algumas vezes, esta sensação angustiante é acompanhada de choro. Veja outros sintomas de ansiedade e algumas dicas para aliviá-los

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Apesar de parecer que há a possibilidade de um sufocamento real, esta é apenas uma sensação. Preocupar-se com isto é prejudicial e só piorará a sensação de bolo na garganta.

O que fazer

A recomendação mais importante é não ignorar o sinal que seu corpo está enviando, para mostrar que há algum problema emocional que precisa ser resolvido. Caso contrário, a sensação de bolo na garganta não desaparecerá e ainda poderá vir acompanhada de outros sintomas. 

O ideal é recorrer a um psicólogo ou psicóloga, que possui o conhecimento e as ferramentas para te ajudar a reconhecer e buscar a solução do problema que está causando a sua ansiedade. Caso seja necessário, você também poderá receber um tratamento medicamentoso, após o diagnóstico de um ou uma psiquiatra. 

Refluxo gastroesofágico

O refluxo gastroesofágico é um problema de saúde no qual há o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, o tubo que liga a boca ao estômago. Em condições normais, o conteúdo do estômago não retorna para o esôfago, pois ao final dele há um esfíncter esofagiano, que funciona como uma válvula que se abre para o alimento entrar no estômago e se fecha, para que ele não faça o caminho inverso. 

Este mecanismo não funciona corretamente em quem tem refluxo gastroesofágico, causando sintomas de indigestão, principalmente azia e queimação. Quando o refluxo atinge a laringe, que fica localizada na altura do pescoço, ele causa a sensação de bolo na garganta, tosse seca e pigarro constante, sintomas bastante comuns.

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O que fazer

Casos mais simples de refluxo gastroesofágico são tratados com medicamentos que reduzem a produção de ácido pelo estômago, que são os chamados inibidores de bomba de prótons, como o omeprazol. Os medicamentos procinéticos, como a cisaprida, também podem ser usados neste caso, pois agem acelerando o esvaziamento do conteúdo gástrico, prevenindo o seu retorno para o esôfago.  

Juntamente com o tratamento medicamentoso, é fundamental modificar alguns hábitos que contribuem para a piora do quadro de refluxo gastroesofágico. Para isso, tente: 

  • Parar de fumar.
  • Perder peso, se estiver com sobrepeso ou obesidade.
  • Evitar alimentos e bebidas que pioram os sintomas, como comidas picantes e gordurosas, e bebidas gaseificadas e cafeinadas. Veja mais exemplos de alimentos ruins para refluxo.
  • Fazer refeições menos volumosas e mais frequentes, para facilitar a digestão e não deixar o estômago vazio. 
  • Não se deitar logo após as refeições. 

Caso essas medidas não solucionem o problema do refluxo gastroesofágico, pode ser necessário recorrer a uma cirurgia, para construir uma válvula no esôfago ou reduzir a abertura no diafragma, que também é uma das causas de refluxo. Veja mais detalhes sobre a cirurgia de refluxo.  

Nódulo na tireoide

Nódulo na tireoide
A maioria dos nódulos na tireoide são benignos

A glândula tireoide é uma estrutura que fica localizada no pescoço, entre a proeminência laríngea da cartilagem tireoidea (“pomo-de-adão”) e a base do pescoço. A tireoide produz os hormônios tireoidianos, T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina), que desempenham várias funções no organismo, regulando o metabolismo e o funcionamento de outros órgãos. Conheça mais sobre o exame T3 e o exame T4.

Com a facilidade de acesso ao exame de ultrassom, muitas pessoas descobrem, por acaso, que têm nódulos na tireoide, completamente assintomáticos (sem sintomas). Entretanto, quando são grandes, os nódulos podem comprimir as estruturas do pescoço e causar sensação de bolo na garganta, rouquidão, mudança no timbre de voz e dificuldade para respirar e engolir. 

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Na maioria das vezes, esses caroços são benignos, de causas que não são completamente conhecidas, mas que podem ter relação com mudanças na morfologia (forma) da glândula, com o envelhecimento natural e com a forma como a tireoide estoca os hormônios em sua estrutura. 

Menos de 5% dos casos de nódulo na tireoide são malignos, ou seja, a maioria não é indicativa de um câncer.  

O que fazer

Ao descobrir um nódulo na tireoide, o médico ou médica busca saber se ele produz hormônios em excesso ou se não os produz. Assim, são pedidos exames para verificar os níveis de TSH e T4 livre, ultrassonografia e biópsia por aspiração com agulha fina. 

A biópsia só é realizada quando os resultados do exame de ultrassom exibem características suspeitas. Veja mais detalhes sobre o significado dos exames de ultrassom de nódulos e quais sinais indicam que eles podem ser malignos.

Geralmente, os problemas aparecem quando a glândula passa a produzir hormônios em excesso, o que requer tratamento com iodo radioativo ou com cirurgia para retirar uma parte da tireoide ou a glândula inteira (tireoidectomia parcial ou total). Após a cirurgia, a pessoa precisa tomar continuamente o hormônio produzido pela tireoide, que é a levotiroxina.

Quando o nódulo é benigno, pequeno e não interfere na quantidade de hormônios tireoidianos no organismo, a conduta clínica é a de observação periódica com ultrassom e de dosagem dos níveis hormonais. 

Edema de glote

O edema de glote é uma complicação que pode surgir de uma reação alérgica grave, um choque anafilático, que produz sinais e sintomas na pele e nas mucosas. Esta reação alérgica pode ocorrer por causa da ingestão de algum alimento, medicamento ou ferroada de abelhas e vespas, por exemplo. 

Quando uma pessoa altamente alérgica entra em contato com a substância que lhe causa alergia, a mucosa de sua garganta pode inchar e se fechar, impedindo o fluxo de ar para os pulmões e dificultando a respiração. 

A glote está localizada na parte inferior da garganta, entre as duas pregas vocais, e serve de passagem para o ar chegar até os pulmões. Quando há um inchaço nessa região provocado por uma reação alérgica grave, ocorre o estreitamento dessa passagem.  

Esse estreitamento pode ocorrer minutos ou horas depois da pessoa ter entrado em contato com a substância alérgena (que provoca alergia), manifestando os seguintes sintomas:

  • Coceira na garganta
  • Sensação de bolo na garganta, por causa do inchaço.
  • Dificuldade para respirar
  • Rouquidão
  • Chiado 
  • Vômito
  • Dor abdominal intensa
  • Placas vermelhas pelo corpo, que coçam

O que fazer

Ao suspeitar que está desenvolvendo uma reação alérgica grave, procure imediatamente uma unidade de pronto atendimento. Uma pessoa nesta situação deve receber uma injeção de adrenalina, para que a glote não se feche completamente. Se isso acontecer, poderá ser necessário fazer uma abertura no pescoço (traqueostomia), para que a pessoa consiga respirar. 

Miastenia gravis

A miastenia gravis é um distúrbio neuromuscular, de origem autoimune, no qual o funcionamento dos comandos entre as células nervosas do cérebro com os músculos fica prejudicada ou interrompida, produzindo fraqueza muscular. 

Isso ocorre por um ataque autoimune a um receptor que há nos músculos, capazes de receber as informações enviadas pelo cérebro. Sem uma comunicação eficiente, o músculo não consegue contrair e relaxar, para fazer os movimentos. 

Os sintomas mais comuns da miastenia gravis são pálpebras caídas e fraqueza dos músculos oculares, que produzem imagens duplas. 

Quando a miastenia gravis afeta os músculos da região da orofaringe, que começa na base da língua e vai até o final da garganta, a pessoa não consegue ou sente dificuldade para engolir, porque os músculos dessa região ficam fracos. Algumas pessoas sentem como se tivessem um bolo na garganta (garganta bloqueada), dor na região e sensação de que o alimento ficou preso na garganta.

Esses sintomas podem aparecer subitamente ou ocorrer em episódios intermitentes, que podem durar de minutos a semanas. 

O que fazer

A miastenia gravis requer um diagnóstico preciso, que inclui a avaliação das manifestações clínicas, a dosagem de anticorpos anti-receptores da acetilcolina (responsáveis por “destruir” os receptores nos músculos) e eletroneuromiografia. Com a conclusão do diagnóstico, o tratamento é iniciado com o objetivo de reduzir as crises sintomáticas, aumentar o período de remissão (sem sintomas) e controlar os sintomas motores. 

Normalmente, o tratamento é feito com medicações imunossupressoras, que inibem a atividade do sistema imunológico contra os receptores, corticoides, para diminuir a inflamação, terapêutica com imunoglobulina intravenosa e plasmaferese. 

Em alguns pacientes, é feita a retirada do timo (timectomia), pois o timo de pessoas com miastenia gravis tende a ter um número aumentado de células do sistema imunológico que produzem anticorpos que atacam os receptores nos músculos.  

Distrofia miotônica de Steinert

Steinert
Essa condição provoca a dificuldade na deglutição

A distrofia miotônica de Steinert é um tipo de distrofia muscular, um grupo de doenças de origem genética, que causam fraqueza e atrofia muscular. Geralmente, a doença se manifesta entre os 20 e 30 anos de idade com os seguintes sintomas:

  • Miotonia: dificuldade de relaxamento do músculo, após uma contração voluntária.
  • Fraqueza muscular progressiva
  • Atrofia da musculatura do pescoço, da face, das mãos e dos pés. 

Também podem ocorrer sintomas de distúrbios de deglutição, caracterizados por dificuldade em iniciar a deglutição, refluxo nasal, tosse durante a deglutição e sensação de bolo na garganta.

O que fazer

Os tratamentos medicamentosos disponíveis para a distrofia miotônica agem no alívio da rigidez muscular, porém não reduzem a fraqueza. Para auxiliar neste sentido, as pessoas com esta condição podem recorrer a aparelhos ortopédicos de sustentação e apoio. 

Câncer de esôfago

O câncer de esôfago geralmente é identificado e diagnosticado quando os sintomas se tornam bastante perceptíveis, fato que ocorre quando o câncer já está em um estágio avançado. É muito raro diagnosticar o câncer de esôfago em pessoas assintomáticas (sem sintomas).

Os sintomas mais frequentes do câncer de esôfago que levam uma pessoa a procurar ajuda médica são: 

  • Dificuldade de deglutição e sensação de bolo na garganta. 
  • Dor ou desconforto no peito, com sensação de pressão ou queimação.
  • Dor ao engolir.
  • Perda de peso, por não conseguir se alimentar adequadamente. 
  • Rouquidão e tosse persistente.

O que fazer

Após o diagnóstico e definição do estágio do câncer, o médico ou médica oncologista apresenta as alternativas terapêuticas, que podem consistir em tratamentos locais, com cirurgia, radioterapia e tratamentos endoscópicos, e sistêmicos, por via oral ou pela corrente sanguínea. Os tratamentos sistêmicos incluem quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. Em alguns casos, os tratamentos são combinados ou usados em sequência. 

Fontes e referências adicionais

Você já teve essa sensação de bolo na garganta? Sabe qual foi o motivo desse seu desconforto? Teve que fazer algum tipo de tratamento? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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