Tireoglobulina: para que serve, porque pode estar alta ou baixa

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A tireoglobulina é uma proteína produzida naturalmente pela glândula tireoide e está envolvida no processo de produção dos hormônios tireoidianos, a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Na prática clínica, a tireoglobulina é usada como um marcador tumoral após o tratamento do câncer tireoidiano, servindo de base para avaliar a necessidade de ajustes no tratamento. 

Veja o que é a tireoglobulina, como ela é utilizada como marcador tumoral de câncer tireoidiano, quando é necessário fazer o exame e como interpretar o seu resultado.

Tireoglobulina: o que é?

Tireoide
A tireoglobulina é uma proteína produzida naturalmente pela glândula tireoide

A tireoglobulina é uma proteína pequena produzida por algumas células da glândula tireoide, sob influência da tirotrofina, ou TSH, o hormônio estimulante da tireoide. Não há produção de tireoglobulina em outros locais do corpo.

A tireoglobulina atua na produção, como precursora, dos hormônios tireoidianos, conhecidos como T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).

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Para que serve o exame 

Apesar de não haver produção significativa de tireoglobulina em outros locais do corpo, ela é produzida pelas células de tumores que afetam a glândula tireoide. Inclusive, tumores malignos da tireoide, como o carcinoma papilífero da tireoide e o carcinoma folicular de tireoide podem produzir tireoglobulina. 

Esses tumores são identificados na forma de nódulos na tireoide, veja quais são as características que indicam que podem se tratar de um câncer

O exame que quantifica os níveis de tireoglobulina no sangue não é usado para o diagnóstico de tumores na tireoide, o que deve ser feito por punção aspirativa de células do nódulo, para serem avaliadas em um exame de biópsia. Veja como é feita a punção e outros exames que avaliam a tireoide

Quando uma pessoa é diagnosticada com câncer de tireoide, o tratamento mais recomendado é a tireoidectomia, que consiste na retirada parcial ou total da tireoide. 

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Geralmente, a radioiodoterapia é realizada após a tireoidectomia, a fim de remover qualquer resquício de célula tumoral que tenha ficado em parte da glândula ou em outro local do corpo. Esse tratamento consiste na ingestão de líquido ou cápsula contendo iodo radioativo (iodo 131), que mata as células da tireoide ou as deixam impossibilitadas de se multiplicarem. Esse tratamento aumenta as chances de cura do câncer de tireoide.  

Ao retirar a glândula, ou parte dela, é esperado que os níveis de tireoglobulina no sangue caiam consideravelmente. É para isso que serve o exame de tireoglobulina, para acompanhar a resposta do organismo do paciente ao tratamento. 

Quando fazer o exame de tireoglobulina

O exame de tireoglobulina é feito antes de se iniciar o tratamento do câncer de tireoide, para obter um valor de base, uma referência individual, que será usada para comparar com o resultado dos outros exames que serão feitos periodicamente após a tireoidectomia e radioiodoterapia. 

Com esta comparação dos níveis de tireoglobulina é possível saber se o tratamento foi eficiente na remoção das células tumorais, que estavam contribuindo para a produção da proteína tireoglobulina no organismo. 

Se esse valor não diminuir, é possível que tenham ficado células cancerígenas na tireoide ou disseminadas em outro local do corpo. Isso confere um risco de recidiva do câncer, ou seja, de que ele comece a crescer e se desenvolver novamente. 

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Neste cenário, o médico ou médica responsável pelo caso solicita exames complementares para avaliar essa possibilidade e pode iniciar doses um pouco maiores de reposição hormonal com levotiroxina, que controla o nível de TSH e seu potencial de estimular o crescimento de novos tumores.   

Por isso, mesmo após a cirurgia e tratamento com iodo, a pessoa continua sendo monitorada com consultas e exames de sangue e imagem periódicos, para avaliar a eficácia do tratamento na resolução do câncer. 

O que esperar no exame de tireoglobulina após a cirurgia

Após uma tireoidectomia total, ou seja, retirada total da tireoide, é esperado que a concentração de tireoglobulina no sangue fique próxima de zero, ou nem seja detectável.

Dessa forma, não é esperado que os níveis de tireoglobulina estejam altos ou que aumentem progressivamente ao longo do tempo, pois isso pode indicar a persistência do câncer ou a sua recidiva. 

Quando a tireoidectomia total foi realizada em um paciente com tumor tireoidiano benigno, o médico ou a médica não faz o acompanhamento da tireoglobulina no pós-operatório, pois, nesse caso, não há chance de recidiva, dado que toda a glândula foi removida e o tumor era benigno. 

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Porém, a chance de recidiva existe naqueles pacientes que fizeram tireoidectomia total ou parcial por um câncer tireoidiano (tumor maligno), por isso são acompanhados periodicamente no pós-operatório. 

Caso algumas células tumorais tenham persistido na parte da glândula que restou (tireoidectomia parcial) ou tenham se alojado nos linfonodos próximos ou outros órgãos vizinhos, elas podem começar a se multiplicar e a produzir tireoglobulina, fazendo com que os níveis comecem a subir nos resultados dos exames pós-operatórios. 

No caso da tireoidectomia parcial, é normal que os níveis de tireoglobulina não fiquem indetectáveis, afinal ainda existe uma parte da glândula funcionando. Mas, espera-se que os níveis fiquem sempre baixos e dentro de uma faixa aceitável, que varia de laboratório para laboratório. 

Como interpretar o resultado do exame de tireoglobulina

Exame de sangue
É importante que os valores sejam interpretados por profissional da área

Normalmente, o nível de tireoglobulina em pessoas que têm a glândula funcionando corretamente não passa de 10 nanogramas (nm) por mililitro (mL) de sangue. Mas, valores de concentração de tireoglobulina até 40 ng/mL ainda são considerados normais. Valores ligeiramente mais altos do que 60 ng/mL são considerados normais em recém-nascidos e em gestantes durante o terceiro trimestre de gestação.

Valores acima disso podem indicar a existência de alguns problemas de saúde que afetam a tireoide, porém não podem ser usados como critérios únicos para diagnosticá-las. Na presença de uma alteração neste exame, o médico ou médica solicita exames complementares que, juntos, fornecem informações que possibilitam o diagnóstico e a proposta do melhor tratamento.  

Assim, os resultados possíveis do exame de tireoglobulina são: 

Tireoglobulina alta

Níveis aumentados de tireoglobulina podem ocorrer em: 

  • Carcinoma diferenciado de tireoide: papilífero, folicular e misto.
  • Recidiva de um câncer de tireoide após o tratamento
  • Hipertireoidismo
  • Tireoidites: processos inflamatórios na tireoide 
  • Tumor benigno na tireoide

Tireoglobulina baixa

  • Sucesso do tratamento de tireoidectomia parcial ou total 
  • Hipotireoidismo congênito

Como é feito o exame de tireoglobulina

É feita a coleta de uma amostra de sangue da veia do braço. 

Alguns laboratórios pedem que a pessoa interrompa o uso de suplementos alimentares que contenham vitamina B7, 12 horas antes do exame. 

Fontes e referências adicionais

Você já fez uma tireoidectomia? De quanto em quanto tempo precisa repetir o exame de tireoglobulina? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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