Com a expansão do novo coronavírus ao Brasil, a população vem sendo forçada a uma reclusão domiciliar progressiva, e as previsões não são nada animadoras. O sedentarismo é uma das principais consequências decorrentes de não poder sair de casa. A perda de massa muscular pode chegar a 30% em um mês, e isso pode levar a uma piora nos sintomas de diversas doenças musculoesqueléticas, como dores nas costas, tendinites ou artrose.
Idosos e pessoas de hábitos mais sedentários, justamente os grupos populacionais mais vulneráveis aos efeitos do novo coronavírus, tendem a tolerar ainda menos esta perda, já que não apresentam uma “reserva” muscular significativa.
Algumas das doenças mais prevalentes entre os idosos, como a pressão alta, a diabetes ou as doenças cardiovasculares, tendem a piorar frente ao sedentarismo e à perda de massa muscular. Isso em um momento no qual os sistemas de saúde estão sobrecarregados pelo surto de coronavírus, e no qual as pessoas tendem a ficar mais desassistidas do ponto de vista médico.
Buscar meios de manter um mínimo de atividade física, ainda que dentro de casa, é fundamental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um mínimo de 150 minutos de atividades de intensidade moderada ao longo da semana, chegando idealmente a 300 minutos por semana.
Esta seria uma boa meta e que deve ser seguida por todos, inclusive os idosos.
Qual a melhor atividade para ser feita neste momento?
Idealmente, a atividade física deve envolver tanto exercícios aeróbicos (aqueles que fazem com que a frequência cardíaca aumente) como exercícios de resistência (que exigem força). Muitas pessoas já possuem uma rotina regular de exercícios ou possuem um personal trainer, e estes profissionais serão os mais capacitados para ajudar na prescrição de exercícios que possam ser feitos em domicílio.
Cada pessoa tem uma necessidade específica de exercícios, de forma que a prescrição deve idealmente ser personalizada de acordo com as necessidades individuais. Mais do que uma prescrição correta de exercícios, certificar-se de que eles estejam sendo feitos de uma forma tecnicamente correta é fundamental. Muitos personal trainers estão oferecendo treinos online via teleconferência, e pode ser uma alternativa principalmente para aqueles que não têm muita ideia de por onde começar.
Treinos “prontos” muitas vezes encontrados na internet podem ser perigosos neste sentido, mas infelizmente a situação do momento pode impedir algo mais efetivo.
Dentro destes programas “pré-fabricados”, uma das melhores opções foi desenvolvida pela FIFA: o programa FIFA 11+ é destinado à prevenção de lesões em jogadores de futebol em todos os níveis de competição, tendo sido desenvolvido para ser aplicado antes dos treinamentos, substituindo o aquecimento normalmente realizado pelos atletas. Ele não exige equipamentos específicos ou o suporte de profissionais especializados.
Recomenda-se um espaço de 20×20 metros, mas a maior parte dos exercícios pode ser facilmente adaptada para uma área menor, até mesmo para dentro de casa. Mais do que isso, as crianças não ficam de fora, tendo sido desenvolvido um programa específico para elas, denominados de FIFA 11+ kids.
O FIFA 11+ tem uma série de vantagens em relação a outros programas encontrados online:
- Foi amplamente testado e adaptado pela mais influente associação esportiva no mundo;
- Existem catálogos e vídeos oficiais desenvolvidos com o objetivo de que se possa fazer os exercícios sem a necessidade de um profissional especializado;
- O programa foi desenvolvido em diferentes níveis, a serem feitos de acordo com as habilidades e condicionamento físico de cada atleta.
Longe de ser um programa ideal para o dia a dia, esta parece uma boa opção na atual situação de restrição domiciliar completa. Seja por meio do FIFA 11+ ou de outras formas de atividade física, o mais importante é não deixar de se manter ativo neste difícil momento em que estamos vivendo.
Por Dr. João Hollanda, ortopedista especialista em lesões no joelho e lesões no esporte e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino.