Balão gástrico vale a pena mesmo?

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O balão gástrico, ou balão intragástrico, é um procedimento não cirúrgico e temporário, usado para auxiliar na perda de peso. O balão atua estimulando a distensão do estômago, o que leva a uma maior sensação de saciedade, mesmo ingerindo menos alimento que o de costume.

Quem está muito acima do peso para realizar uma cirurgia de redução do estômago (cirurgia bariátrica) pode receber indicação médica para colocação do balão, a fim de proporcionar uma boa perda de peso antes do procedimento cirúrgico, tornando-o mais fácil e seguro.

Para quem está se perguntando se o balão gástrico vale a pena mesmo: 75% das pessoas que se submetem ao procedimento conseguem perder pelo menos 10% de seu peso corporal, que é a meta mínima do procedimento. Mas a média de perda de peso costuma se manter em 20% e até atingir 30%, quando a pessoa em tratamento recebe acompanhamento nutricional e psicológico.

No entanto, após um ano da retirada do balão, 47% dos que conseguiram emagrecer voltam a ganhar até 20% do peso perdido. Ou seja, o balão gástrico ajuda a emagrecer, mas a manutenção de peso depende da mudança de hábitos, ou seja, de uma alimentação equilibrada e da incorporação de atividades físicas regulares.

Indicações para colocação do balão gástrico

Obesidade
Pessoas com IMC alto estão aptas à colocação do balão gástrico

Situações em que o balão gástrico pode ser utilizado:

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Embora estes sejam os principais pré-requisitos, uma avaliação médica individual é necessária para discutir as particularidades de cada caso.

Contraindicações

Pessoas que apresentam uma ou mais das condições abaixo não devem utilizar o balão gástrico:

  • Hérnia de hiato.
  • Estenose ou divertículo de esôfago.
  • Lesão com potencial hemorrágico no trato gastrointestinal superior, ou seja, na boca, faringe, esôfago ou estômago.
  • Histórico de cirurgia no intestino ou no estômago.
  • Doença inflamatória intestinal.
  • Uso regular de anticoagulantes, anti-inflamatórios, drogas ou álcool.
  • Gravidez, amamentação ou desejo de engravidar em breve.
  • Doença hepática.
  • Insuficiência renal crônica.
  • Transtornos psíquicos.

Quanto custa colocar o balão gástrico

O preço do balão intragástrico pode variar de acordo com o tipo de balão a ser colocado, a sua localidade, equipe médica e o hospital escolhido. Por esse motivo, os valores são tão discrepantes, podendo variar de R$ 5.000 a R$ 10.000.

Os balões variam quanto ao volume, de 400 a 900 mL, e o tempo de permanência, que pode ser de 6 ou 12 meses. 

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Normalmente, os planos de saúde não autorizam a colocação do balão gástrico em pacientes com IMC menor que 50.

Como funciona o balão gástrico

Balão gástrico
O balão gástrico provoca a perda de apetite na pessoa

A presença do balão gástrico no estômago reduz seu volume pela metade, causando a perda de apetite e aumento da saciedade. Isso ocorre por dois mecanismos:

  • Mecânico: ao reduzir a capacidade do estômago, o balão gástrico dificulta a passagem do alimento pelo trato digestivo, tornando a digestão mais lenta. Além de “competir” por espaço com o alimento, impossibilitando que a pessoa coma além da capacidade do espaço disponível no estômago.
  • Neurológico: Quando o balão gástrico toca na parede do estômago, os receptores do fundo gástrico são estimulados. Esses receptores são responsáveis por enviar ao cérebro a mensagem de que a pessoa já está saciada e não precisa comer mais.

Colocando o balão gástrico

O balão gástrico é inserido vazio através de endoscopia, sem necessidade de cirurgia: entra pela boca por meio de um microtubo, passa pelo esôfago e chega finalmente ao estômago. O procedimento é feito com o paciente sedado.

No estômago, o balão é insuflado por um conector e preenchido com uma solução salina (soro) que contém azul de metileno, um corante azul que tem a função de sinalizar na urina um possível rompimento do balão. O volume do balão gástrico quando cheio pode variar entre 400 ml e 900 ml.

O procedimento demora de 20 a 30 minutos, e o paciente é geralmente liberado no mesmo dia, após repousar de 2 a 3 horas na sala de recuperação.

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O balão deve permanecer por 6 a 12 meses no estômago, e sua retirada também é feita através da endoscopia.

Primeiros dias com o balão gástrico

É comum que o/a paciente apresente náuseas, dores abdominais e vômito nos primeiros dias após o procedimento. Isso acontece porque o estômago passa a produzir mais suco gástrico na tentativa de expulsar o balão.

Alimentação

Nas primeiras 48 horas após receber o balão, o paciente deverá se alimentar com uma dieta exclusivamente líquida. Nesta etapa, não se deve ingerir um grande volume de líquido de uma vez, mas isso deve ser feito em goles e com frequência.

É permitido tomar água de coco, chá, isotônico, picolé sem açúcar ou um caldo de sopa, só de água, sem elementos sólidos. Não são liberadas bebidas gasosas, alcoólicas e cafeinadas. A quantidade diária de calorias pode variar entre 800 e 1200 calorias, de acordo com a indicação do(a) médico(a).

Após as 48 horas, se a pessoa já estiver mais acostumada ao balão gástrico, ela poderá incluir leite desnatado, shakes de proteína (whey protein) e sucos sem açúcar. É importante continuar tomando os líquidos em pequenos goles e com espaçamento de 1 a 2 minutos entre eles. 

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Na segunda semana, é liberada uma dieta pastosa, porém sem pedaços ou grumos de alimentos. São liberados, então, os purês e o iogurte desnatado, por exemplo. Nesta fase, deve-se processar os alimentos em um liquidificador e coa-los, para não deixar passar nenhum caroço, semente ou pedaço de comida. 

É importante, em todas as fases, parar de se alimentar já no primeiro sinal de saciedade. 

Na terceira semana, não é necessário processar os alimentos no liquidificador, mas são permitidos apenas alimentos macios que podem ser amassados com o garfo. Deve-se evitar os alimentos com sementes e cascas, pois são de difícil digestão.

Na quarta semana, o paciente poderá incluir alimentos sólidos à sua dieta, desde que sejam cozidos. É preciso evitar os alimentos industrializados e, de fato, adotar uma refeição equilibrada, com alimentos saudáveis e nutritivos.

A manutenção de uma dieta equilibrada é o que vai sustentar os resultados de emagrecimento em longo prazo, por isso invista em uma reeducação alimentar neste período. 

Confira um vídeo da nossa nutricionista com algumas dicas que podem te ajudar nesse processo de reeducação alimentar: 

Riscos do balão gástrico

Nas primeiras semanas, o balão gástrico pode provocar enjoo, dor no estômago e vômitos, até o seu organismo se adaptar a ele. 

Mais raramente, o balão pode causar lesões internas, úlceras e infecções.

Outro risco também raro é o de furar, murchar ou ter um rompimento de sua válvula, o que leva à perda do líquido em seu interior. Um dos componentes desse líquido é o azul de metileno, que nessas situações pode ser visualizado na urina. No entanto, algumas pessoas possuem o vaso sanitário escuro, o que pode fazer o vazamento do balão passar despercebido.

Quando isso acontece, o balão segue para o intestino, causando uma obstrução. Caso a situação chegue nesse ponto, somente uma cirurgia poderá solucioná-la, retirando o balão.

Benefícios do balão gástrico

Quando comparada à cirurgia de redução do estômago, o balão gástrico apresenta as seguintes vantagens:

  • Não é invasivo e não requer internação hospitalar.
  • Para quem apresenta obesidade mórbida, o balão pode ajudar a perder peso antes da cirurgia bariátrica, reduzindo seus riscos.
  • Menor risco de desnutrição.
  • O balão pode ser retirado a qualquer momento através de procedimento endoscópico.
  • Pode servir como um “degrau” para o paciente que está em dúvida, quanto à cirurgia bariátrica.
  • Não há restrição para a prática de atividades físicas.
  • O preço costuma ser menor.

Emagrecer com o balão gástrico

A alta taxa de ganho de peso após a retirada do balão gástrico indica que é fundamental mudar o estilo de vida para conseguir manter os resultados do emagrecimento. 

Muitos que passam pelo procedimento acreditam que o balão por si só os fará perder peso e que eles poderão continuar se alimentando como antes. A verdade é que o balão funciona somente como um “empurrão”, um auxílio à perda de peso, e não emagrece em longo prazo, se não for combinado com uma dieta balanceada.

Para que ocorra a perda de peso esperada, é necessário que a pessoa modifique seus hábitos alimentares, sob o risco de não conseguir emagrecer. Por exemplo, existem casos onde o paciente toma sorvete de canudinho, o que além de perigoso (o açúcar deve ser evitado nas primeiras semanas) anula todo e qualquer benefício do balão gástrico.

Por esse motivo, além de colocar o balão gástrico, quem quer emagrecer precisa ser acompanhado por um nutricionista e um psicólogo, a fim de identificar as falhas e fazer as modificações necessárias na dieta e no comportamento. A atividade física também deve fazer parte do plano de emagrecimento.

Consulte antes o seu médico para avaliar sua saúde física e encontrar a atividade mais adequada ao seu perfil.

Outras considerações

Quem coloca o balão gástrico muito provavelmente já tentou emagrecer de diversas outras formas, mas não obteve sucesso. Por trás disso podem estar, além de problemas orgânicos, questões psicológicas. É a chamada “fome emocional”. Veja como parar de comer por impulso.

Antes de decidir se o balão gástrico vale a pena, seja honesto consigo mesmo e pergunte se esse pode ser o seu caso. Se a resposta for afirmativa, é importante que você busque acompanhamento profissional adequado, pois o balão gástrico ajuda a tirar a fome física, mas não a psicológica.

Fontes e referências adicionais

Você conhece alguém que tenha utilizado o balão gástrico e conseguiu emagrecer em boa quantidade? Você acha que precisa disso? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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13 comentários em “Balão gástrico vale a pena mesmo?”

  1. Estou com o balão neste exato momento. É um sofrimento que tem um objetivo. Emagrecimento através de reeducação alimentar. Paguei 15.000, no procedimento de um ano. Já consigo notar diferença no peso. Tudo é uma questão de objetivo e força de vontade. Quando tentamos várias passos sem sucesso, este se torna um ponto mais crível. É como eu disse, acabei de colocar, estou nos primeiros dias e sofre-se muito. Mas, acredito que vai dar certo!

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  2. Coloquei em 2014 e foi a pior coisa que fiz, passei muito mal por dois meses e então decidi retirar. Não é um procedimento reconhecido e a associação médica brasileira não indica. Charlatanismo e comércio definem.

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    • Concordo, acompanhei um parente nesse procedimento. Isso deveria ser proibido ou no máximo autorizado em casos extremos e em curto período. Essas clínicas visam somente o lucro, costumam fazer propaganda travestida de reportagem e estão se lixando para a saúde ou qualidade de vida do paciente. Como pode ser saudável você colocar uma bola de 500 ml em seu estômago e sentir desconforto em dormir, náuseas, vômitos e espasmos de seu estômago tentando expulsar o balão ? Loucura que o CRM apenas finge que não vê, pois um procedimento deste custa mais de 10.000 reais e demora no máximo uns 40 minutos.

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  3. Bom dia, qual o valor desse balao intragástrico, qual forma de pagamento eu me interessei agora vamos ver se cabe em meu orçamento.

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