Capsulite adesiva: o que é, sintomas, causas e tratamentos

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A capsulite adesiva é uma síndrome dolorosa no ombro que, com o tempo, leva à diminuição da amplitude de seu movimento sendo, por isso, conhecida popularmente como “ombro congelado”.

Esta condição pode durar vários meses e até anos, sendo que a maioria dos pacientes se recupera completamente em até 2 anos. 

A articulação do ombro é composta por uma estrutura chamada de cápsula articular, que é elástica e flexível, por apresentar colágeno em sua composição. 

A capsulite adesiva é um processo inflamatório que afeta a cápsula articular do ombro, causando dor, contratura muscular e rigidez articular, dificultando a execução de movimentos que dependem do ombro. 

A causa da capsulite adesiva nem sempre é identificada, mas sabe-se que o problema tende a ocorrer com mais frequência em mulheres entre 40 e 60 anos, pessoas portadoras de diabetes, de distúrbios da glândula tireoide ou que já tiverem o mesmo problema no outro ombro. 

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Veja o que é capsulite adesiva, as possíveis causas, as fases da síndrome, os principais sintomas e como são feitos o diagnóstico e o tratamento dessa condição.

Capsulite adesiva: o que é?

Capsulite adesiva
Reprodução: via Orthopaedic Associates of Wisconsin

O ombro é formado por cinco articulações que formam o complexo articular do ombro. Associadas às articulações, estão os ligamentos e os músculos, que possibilitam a sua movimentação. 

Dentre essas estruturas, está a cápsula articular que, como o nome sugere, envolve toda a articulação, conferindo proteção e estabilidade. Como esta estrutura é flexível, ela permite a movimentação da articulação em grande amplitude e em várias direções. 

A cápsula articular pode sofrer um processo inflamatório decorrente de problemas que podem afetar os membros superiores ou o próprio ombro, como uma infecção ou uma luxação.

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Assim, a capsulite adesiva é a inflamação da cápsula articular, que resulta em seu inchaço, vermelhidão, espessamento e perda da elasticidade.

Possíveis causas da capsulite adesiva

A capsulite adesiva pode ser causada por inflamações que afetam os tendões ao redor dos ombros (tendinite) ou por rupturas parciais ou totais dos mesmos.

Assim, as causas mais comuns de capsulite adesiva são: 

  • Tendinite no ombro: os tendões ao redor dos ombros podem sofrer processos inflamatórios por causa da execução de movimentos repetitivos ou por lesões geradas na execução de exercícios físicos com as técnicas incorretas. 
  • Bursite: é uma inflamação que afeta as bursas, que são como “sacos” entre os músculos e tendões, que promovem o deslizamento entre eles, permitindo um movimento suave e sem atrito. 
  • Problemas que afetam as articulações do ombro: luxação, artrose e síndrome do impacto do ombro.  

Os fatores de risco observados na capsulite adesiva são: 

  • Ser uma mulher na faixa etária de 40 a 60 anos. 
  • Ser portador(a) de diabetes mellitus. Estima-se que pessoas com diabetes têm até 4 vezes mais chances de desenvolver capsulite adesiva do que a população geral, por causa do estado inflamatório já instalado no organismo. 
  • Ter algum distúrbio tireoidiano. Veja o que é a glândula tireoide e quais problemas ela pode ter.
  • Ter sofrido traumas nos ombros.
  • Já ter tido capsulite adesiva em um dos ombros. 

Fases da capsulite adesiva

O mecanismo patológico da capsulite adesiva ocorre em 4 fases:

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  • Fase inflamatória ou aguda: dura, em média, 3 meses e é marcada por dores agudas ao movimentar o ombro. A dor tende a piorar à noite, prejudicando a qualidade do sono da pessoa com capsulite adesiva. Além da dor, há limitação dos movimentos de flexão, rotação e abdução do ombro. 
  • Fase de congelamento: começa a partir do 3º mês do processo inflamatório e se estende até o 9º mês. A pessoa sofre com dores crônicas e com uma importante limitação dos movimentos. 
  • Ombro congelado: fase que dura do 9º ao 15º mês do processo inflamatório. Nesta fase, a dor não é tão incômoda ou intensa, mas a limitação dos movimentos, principalmente de rotação dos ombros, é bem evidente. 
  • Fase de descongelamento: é a fase em que o processo inflamatório melhora e os sintomas começam a desaparecer. A pessoa não sente dor e a amplitude dos movimentos aumenta gradativamente. 

A dificuldade em movimentar o ombro costuma ser percebida pelas mulheres no momento em que vão fechar o sutiã nas costas. Os homens costumam perceber a dificuldade de movimentação do ombro ao tentar guardar a carteira no bolso de trás da calça. Esses movimentos comuns no dia a dia necessitam da rotação interna do ombro.

Sintomas da capsulite adesiva

No início do processo inflamatório, a pessoa pode não apresentar nenhum sintoma. Com o tempo, surgem as dores nos ombros, que pioram com o movimento. Com a progressão da inflamação, ocorre a dificuldade em realizar o movimento, até que o ombro fica completamente “congelado”. 

Em alguns casos, pode haver sudorese axilar e palmar, que é o aumento da transpiração pelas axilas e palmas das mãos. 

Com o tempo, a dor vai diminuindo, mas os movimentos vão ficando cada vez mais limitados. 

A flexibilidade e a amplitude dos movimentos retornam em algum momento, porém em um processo demorado de recuperação (de 12 a 42 meses), descrito como a fase de descongelamento. 

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Diagnóstico da capsulite adesiva

Ultrassom no ombro
Um exame de imagem como a ultrassonografia pode ajudar no diagnóstico

O diagnóstico de capsulite adesiva é iniciado com uma avaliação física, por meio da qual o médico ou médica verifica qual movimento está limitado e o nível de dor. Em grande parte dos casos, o movimento de rotação externa é o mais prejudicado. 

Em alguns casos, são solicitados exames de imagem para ajudar na visualização das estruturas do ombro. A ultrassonografia é o exame que permite a identificação de anormalidades nas articulações, ligamentos e lesões. 

A ressonância magnética e a artrorressonância são outros exames de imagem que permitem a identificação de anormalidades, como o espessamento da cápsula articular e a redução do volume articular. 

O diagnóstico de capsulite adesiva nem sempre é rápido e fácil, pois os sintomas iniciais são muito semelhantes a outras condições que afetam os ombros, como a síndrome do manguito rotador, artrite ou artrose do ombro e a tendinite calcárea.

Tratamentos da capsulite adesiva

A capsulite adesiva é um tipo de inflamação que cessa espontaneamente com o tempo. O problema é que os sintomas podem permanecer por vários anos e limitar significativamente a mobilidade do ombro. 

O tratamento da capsulite adesiva é, na maioria dos casos, conservador (não-cirúrgico), e depende dos sintomas apresentados pela pessoa. 

Na fase inicial, que é a mais dolorosa, o tratamento costuma envolver bloqueios anestésicos seriados do nervo subescapular ou infiltrações de corticoides diretamente no local. 

Em casos mais leves, a dor pode ser tratada com analgésicos simples, anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) ou corticosteroides sistêmicos. 

Nas sessões de fisioterapia, o/a fisioterapeuta pode usar alguns recursos, antes de trabalhar a amplitude dos movimentos, se a pessoa estiver sentindo muita dor e apresentar outros sinais de inflamação ativa. Esses recursos podem ser o laser, o ultrassom ou aplicação de correntes elétricas para analgesia. 

Depois do bloqueio do nervo subescapular, o/a fisioterapeuta trabalha a mobilidade do ombro, o alongamento e o ganho de força muscular. 

Na fase de congelamento, o médico ou médica pode fazer uma manipulação articular logo após fazer a infiltração de corticoide. Essa manobra é feita com o paciente sob sedação, para que não sinta dor. Essa técnica é feita para tentar romper a cápsula articular e os tecidos cicatriciais (fibrose) que limitam a movimentação do ombro. 

As estratégias conservadoras de tratamento são mantidas por, no mínimo, 6 meses. Se não houver melhora dos sintomas e da mobilidade, o tratamento cirúrgico pode ser indicado. A cirurgia pode ser realizada por via aberta ou por artroscopia, que é menos invasiva. O objetivo da cirurgia é a liberação da cápsula articular, para a restauração dos movimentos.  

Fontes e referências adicionais

Você acha que a sua dor e rigidez no ombro podem ser resultado de uma capsulite adesiva? Qual movimento você tem mais dificuldade em executar? Pretende procurar um médico ou médica ortopedista para uma avaliação? Comente abaixo!

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Sobre Dr. João Hollanda

Dr. João Hollanda é Médico Ortopedista - CRM-SP 113136. Formou-se pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho. É também médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino desde 2016 e médico voluntário do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa de São Paulo desde 2010. Você pode entrar em contato com o Dr. João através de seu site.

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