Muito do que cerca a pandemia do novo coronavírus envolve polêmicas: a necessidade de isolamento e os problemas econômicos que ele traz, a flexibilização da quarentena e o aumento de contaminados, mortos e de sobrecarga aos serviços de saúde que isso envolve, o uso de luvas e máscaras para ajudar a evitar o contágio pelo vírus, entre tantos outras questões.
Outro assunto que levanta discussões é se a hidroxicloroquina, um medicamento originalmente indicado para a malária, poderia ser utilizada no tratamento da COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
Inicialmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não indicou o uso de hidroxicloroquina para COVID-19 e estudos iniciais a respeito do uso do medicamento para a doença apresentaram resultados mistos. Na terça-feira (12/05), o G1 noticiou que uma pesquisa da Universidade de Albany, nos Estados Unidos, não encontrou relação entre o uso do remédio e a diminuição da mortalidade pela doença.
O estudo em questão foi publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (Jornal da Associação Médica Americana, tradução livre, JAMA, sigla em inglês) e analisou 1.438 pacientes infectados pelo novo coronavírus, distribuídos entre 25 hospitais de Nova Iorque.
A pesquisa também apontou que os pacientes que foram tratados com uma combinação entre a hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca durante o período analisado. Sabe-se que problemas cardíacos são um dos possíveis efeitos colaterais da hidroxicloroquina.
Entretanto, o estudo não é definitivo a respeito do uso da hidroxicloroquina para a COVID-19 porque não envolveu experimento com placebo (substância neutra), o que costuma ser observado nos experimentos científicos.
Além disso, outra pesquisa americana, conduzida pela Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova Iorque apontou que a combinação entre a hidroxicloroquina, o antibiótico e o suplemento de sulfato de zinco pode trazer resultados positivos no tratamento contra o novo coronavírus.
O estudo foi divulgado na terça-feira (12/05) e envolveu a análise dos registros de aproximadamente 900 pacientes com COVID-19: em torno da metade deles foi tratada com hidroxicloroquina, sulfato de zinco e azitromicina, enquanto o restante foi medicado com hidroxicloroquina e azitromicina.
Foi observado que aqueles que receberam a combinação com os três medicamentos tiveram 1,5 vezes mais chances de atingir uma recuperação suficiente para receber alta do hospital e registraram 44% menos risco de morrer, em comparação com os pacientes que foram tratados apenas com a hidroxicloroquina e a azitromicina.
Entretanto, o tempo médio gasto pelos pacientes no hospital – que foi de 6 dias –, o período em que precisaram ficar no ventilador – 5 dias – e a quantidade total de oxigênio que eles necessitaram receber não foram alteradas.
Porém, a pesquisa da Universidade de Nova Iorque também não pode ser considerada definitiva porque foi publicada em um site médico apenas como preprint, o que significa que não passou por uma revisão por pares (ainda não foi revisada por outros especialistas), além de se tratar do primeiro estudo a fazer uma comparação entre as combinações de hidroxicloroquina, sulfato de zinco e azitromicina e hidroxicloroquina e azitromicina para tratar a COVID-19.
Ou seja, são necessárias mais pesquisas antes de confirmar que a combinação tripla de medicamentos realmente pode ser uma boa saída contra o novo coronavírus. Isso significa que uma pessoa jamais pode fazer o uso de hidroxicloroquina, sulfato de zinco e azitromicina por conta própria em uma tentativa de prevenir-se ou tratar a COVID-19, algo do tipo representaria graves riscos para a saúde.
Enquanto ainda não temos a comprovação de um medicamento realmente eficaz para o tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus, a melhor alternativa que possuímos é obedecer rigorosamente a todas as recomendações de prevenção contra o vírus.
Isso inclui evitar aglomerações, ficar em casa sempre que puder, sair apenas em caso de urgência e quando for às ruas tomar os cuidados necessários para evitar o contágio pelo novo coronavírus, além de lavar muito bem as mãos e sempre manter a casa limpa e desinfetada, entre outras medidas de prevenção.