Dor no pâncreas: possíveis causas e o que fazer

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A dor no pâncreas é sentida na parte superior do abdômen, concentrada atrás do estômago, podendo irradiar para as costas. Algumas vezes, é acompanhada de diarreia, náuseas e perda do apetite.

O pâncreas é uma pequena glândula, de 15 a 25 cm, localizada na região abdominal, atrás do estômago, entre o duodeno e o baço. Ali, ele integra dois sistemas importantes no nosso corpo, o endócrino e o digestivo, desempenhando o controle da glicemia e auxiliando na digestão dos alimentos e absorção de seus nutrientes. 

A dor no pâncreas é um sintoma de algumas doenças, que podem ser causadas pelo consumo excessivo de álcool e tabagismo. Por isso, a melhor forma de se prevenir da dor no pâncreas e das doenças associadas é cultivando um estilo de vida saudável, com bons hábitos alimentares e evitando excessos. 

Veja como identificar a dor no pâncreas, quais são as possíveis causas e o que fazer.  

Como identificar a dor no pâncreas

Examinando dor no pâncreas
Um médico gastroenterologista é o indicado para identificar e diagnosticar o motivo da dor

A dor no pâncreas é sentida no lado esquerdo do abdômen, na altura do estômago, porém um pouco atrás desse órgão. 

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A sensação da dor no pâncreas pode ser parecida com pontadas ou ardência, como uma queimação. Sua intensidade pode aumentar após a ingestão de alimentos muito gordurosos, ou ao se deitar com a barriga para cima pois, nesta posição, o pâncreas acaba sendo comprimido. 

Como os nossos órgãos ficam muito próximos uns dos outros em nossa cavidade abdominal, nem sempre é fácil identificar de onde vem a dor. Apesar dessas características e da localização descrita, a dor pode não ser no pâncreas, então é importante se atentar aos sintomas que ocorrem juntamente com ela:

  • Irradiação da dor para outras partes do corpo, especialmente as costas. 
  • Fezes amareladas, gordurosas e com odor fétido.
  • Inchaço abdominal
  • Perda do apetite
  • Urina escura
  • Vômito

Na presença desses sintomas, procure um médico ou médica gastroenterologista, para verificar a saúde do seu pâncreas, pois são fortes indicativos de que há alguma anormalidade no funcionamento ou estrutura dessa glândula. 

Exames físicos, laboratoriais e de imagem podem auxiliar na descoberta do que pode ser a causa da sua dor no pâncreas

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Possíveis causas da dor no pâncreas

Dor no pâncreas
Existem diversas possíveis causas para a dor no pâncreas; confira todas

A dor no pâncreas pode ser sintoma de algumas doenças, como:

Insuficiência pancreática

A insuficiência pancreática é uma consequência de uma lesão no pâncreas, geralmente causada por pancreatite crônica

Essa complicação de saúde tem como uma de suas principais características a diminuição da produção de enzimas digestivas pelo pâncreas, o que causa alguns sintomas como dor no pâncreas, má digestão e fezes gordurosas. 

O que fazer

Deve-se marcar uma consulta com um médico ou médica gastroenterologista, pois se a insuficiência pancreática não for devidamente tratada, seus sintomas podem trazer sérias complicações, como desnutrição e anemia.

Se você tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas, fumar ou ingerir alimentos pouco nutritivos e muito gordurosos, o ideal é que você os substitua por hábitos saudáveis, com boa alimentação e prática de atividade física.   

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O tratamento é desenvolvido para combater a causa, controlar os sintomas e evitar o progresso da lesão. Para isso, se faz a ingestão de preparados que contêm as enzimas digestivas produzidas pelo pâncreas, e que estão em falta no seu organismo, para auxiliar na digestão e absorção dos nutrientes. 

A dor no pâncreas é tratada com analgésicos e, a carência nutricional, com reposição de vitaminas lipossolúveis perdidas nas fezes, como as vitaminas A, D, E e K. 

Pancreatite crônica

O consumo excessivo de álcool, ao longo dos anos, promove uma inflamação persistente, que causa danos irreversíveis à parede do pâncreas. 

Essa inflamação crônica faz com que a parede da glândula sofra algumas alterações, que as deixam mais fibrosas, ou seja, duras. Isso impacta diretamente no seu funcionamento, que fica cada vez mais deficiente, até atrofiar.  

Além dessa alteração na parede da glândula, o pâncreas fica inflamado por causa da deposição de cálculos biliares compostos, principalmente, de cálcio, que interrompem o fluxo natural do suco pancreático até o intestino, fazendo com que o líquido fique parado na glândula e inflame o local.

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A pancreatite crônica pode desencadear a diabetes, porque conforme as células do pâncreas são destruídas no processo de atrofia, há menor produção de insulina.

A dor no pâncreas é um sintoma bem marcante da pancreatite crônica, podendo durar muitas horas até muitos dias. 

O que fazer

O tratamento é similar ao aplicado à insuficiência pancreática e tem como foco o controle da dor com analgésicos e anti-inflamatórios, a suplementação com as enzimas pancreáticas e, caso se desenvolva, o controle da diabetes. 

Também é necessário abandonar o hábito de fumar e de consumir bebidas alcoólicas, além do ajuste na dieta, que pode ser guiado por um especialista da área de nutrição. 

Os alimentos da nova dieta devem ser pobres em gordura e serem de fácil digestão. Além disso, as refeições devem ser fracionadas em porções pequenas ao longo do dia, para não sobrecarregar o seu sistema digestivo. 

Se houver algum ducto biliar obstruído, o médico ou médica pode desobstruí-lo com um tratamento endoscópico, o que pode contribuir para o alívio da dor no pâncreas causada pela inflamação. 

Em alguns casos, pode ser necessária a retirada de parte do pâncreas com cirurgia. Essa cirurgia pode acarretar em diabetes, por causa da consequente retirada das células produtoras de insulina. Por isso, ela é indicada para aquelas pessoas que conseguem abandonar o álcool e fazer o controle da diabetes, após a operação. 

Pancreatite aguda

A pancreatite aguda é uma inflamação súbita, que pode ser causada por cálculos biliares ou pelo abuso do álcool. O principal sintoma da pancreatite é a dor abdominal intensa, a dor no pâncreas. 

A pancreatite aguda se diferencia da crônica por se desenvolver rapidamente e se resolver em alguns dias. A pancreatite aguda pode ser leve, moderada ou grave. 

O que fazer

Independentemente do grau, a pancreatite aguda requer internação, para que a pessoa fique em jejum e receba hidratação pela veia, juntamente com analgésicos para alívio da dor no pâncreas. 

Após certo tempo, se a pessoa conseguir se alimentar sem vomitar, ela recebe uma refeição pastosa, pobre em gorduras. Se não, a alimentação é feita por sonda.  

Caso a pancreatite aguda tenha sido causada por cálculos biliares, o médico ou médica pode fazer desobstrução neste período de internação, por meio da endoscopia. 

Câncer de pâncreas

O diagnóstico do câncer de pâncreas costuma ser tardio e, por conta disso, está associado a uma alta taxa de mortalidade. Raramente atinge jovens abaixo dos 30 anos, sendo mais prevalente entre homens acima de 60. 

Os casos de câncer de pâncreas ocorrem por fatores hereditários e não hereditários. A maioria ocorre por causas não hereditárias, ligadas ao estilo de vida, como tabagismo, obesidade e consumo de álcool, além de doenças, como diabetes do tipo 2 e pancreatite crônica.

O sintoma de dor no pâncreas no caso do câncer é bem característico, é uma dor aguda que irradia para as costas. Além disso, a dor no pâncreas vem acompanhada de icterícia, que é a coloração amarelada da pele, dos olhos e mucosa, urina escura e perda de peso.

O que fazer 

É necessário procurar um médico ou médica oncologista, para análise das condições de saúde e estágio do câncer, com exames laboratoriais e de imagem.  

Geralmente, o único tratamento que oferece chances de cura é a cirurgia de retirada parcial ou total do pâncreas. Quando o profissional chega à conclusão de que não é viável fazer a cirurgia, o tratamento é feito com quimioterapia e radioterapia. 

Uma abordagem terapêutica multidisciplinar, com psicólogos e equipe de apoio, pode ajudar no tratamento do câncer de pâncreas, a fim de minimizar os efeitos da doença e promover uma melhor qualidade de vida à pessoa. 

Fontes e referências adicionais

Você sabia como identificar uma dor no pâncreas? Quais das possíveis causas mais te surpreendeu? Quais mudanças de hábitos você considera válidas para prevenir a dor no pâncreas?

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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