Lipomatose: o que é, causas, tipos, sintomas e tratamento

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O consumo excessivo e prolongado de álcool é um importante fator de risco para a formação de tumores benignos compostos de gordura, os lipomas. Eles se concentram nas costas, abdômen, pescoço, ombros ou podem ficar espalhados pelo corpo. Essa doença rara é chamada de lipomatose e, dificilmente, evolui para um câncer. 

Uma pessoa com lipomatose pode ficar desconfortável com a sua aparência, pois os lipomas, popularmente conhecidos como “bolinhas de gordura”, podem deformar o corpo, devido à formação de grandes massas de gordura, ou aparentar obesidade. 

Além das questões estéticas, os lipomas podem gerar sérios problemas de saúde, se afetarem os órgãos e nervos em regiões mais profundas.  

O principal tratamento da lipomatose é a remoção cirúrgica do tumor, que deve ser complementada com mudanças no estilo de vida. 

Entenda, com mais detalhes, o que é lipomatose, as possíveis causas, os tipos, os principais sintomas e quais tratamentos estão disponíveis. 

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O que é lipomatose?

lipomatose
A lipomatose pode causar uma falsa aparência atlética / Imagem: SciELO

A lipomatose é uma doença rara e de causa desconhecida. Na literatura médica, a lipomatose recebe outros nomes, como lipomatose simétrica múltipla ou síndrome de Madelung

Ela é responsável pela formação de múltiplos lipomas, que são pequenos tumores benignos, compostos de tecido adiposo (gordura) que, dificilmente, se transformam em nódulos malignos de câncer. 

O lipoma se forma e cresce embaixo da pele e se movimenta ao ser pressionado. Veja a explicação sobre o que é lipoma, com as características completas para você saber identificá-lo

Na lipomatose são formados muitos lipomas de rápido crescimento, que costumam aparecer na região do pescoço e das costas e, com menos frequência, no rosto e nos membros. Com a progressão da doença, os lipomas evoluem mais lentamente e, em alguns casos, podem afetar estruturas mais profundas, acometendo os órgãos, nervos e vasos. 

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Essa doença pode se desenvolver em qualquer idade, mas é mais comum em adultos entre 30 e 60 anos. A proporção entre homens e mulheres é de 15:1 a 30:1, ou seja, para cada 1 mulher com lipomatose, existem de 15 a 30 homens com a doença. Também há indícios de lipomatose relacionado à herança genética, afetando várias pessoas na mesma família. 

Causas da lipomatose

Alcoolismo
O consumo excessivo e prolongado de álcool é um dos principais motivos da lipomatose

A causa dessa doença ainda é desconhecida, mas estudos de casos indicam a associação com uma desordem no sistema hormonal induzida pelo álcool

Existem algumas comorbidades associadas que podem contribuir para o desenvolvimento da lipomatose, como:

O alcoolismo crônico está associado à maioria dos casos. Quando a lipomatose é desencadeada por fatores genéticos, recebe o nome de lipomatose familiar múltipla.

Por ter influência genética, pessoas que possuem familiares de primeiro ou segundo grau, que apresentam algum tipo de tumor, precisam ficar atentas a qualquer formação incomum na pele e procurar um especialista. 

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Tipos de lipomatose

A lipomatose é classificada em dois tipos, o tipo 1 e o tipo 2. 

O tipo 1 é caracterizado pela deposição simétrica de grandes e múltiplos lipomas ao longo do pescoço, sendo conhecida como horsecollar (colar de cavalo) ou colar de Madelung.

Esse tipo de lipomatose também pode acometer as parótidas (região próxima às orelhas), região submentoniana, que é a região da “papada” abaixo do queixo, tronco, deltoides, região proximal dos membros superiores (região escapular e ombros) e região cervical posterior. 

Quando a lipomatose afeta a região dos deltóides e cervical posterior pode conferir uma falsa aparência atlética, semelhante aos praticantes de fisiculturismo, que apresentam essa região bem definida e musculosa. 

No tipo 2, os lipomas são mais distribuídos, podendo atingir, além da porção superior do corpo, a região inguinal (porção inferior do abdômen) e abdominal, conferindo um aspecto de obesidade

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Sintomas da lipomatose 

O que leva uma pessoa ao consultório médico é a deformidade física expressiva que a lipomatose provoca no corpo.

Os lipomas acabam se misturando com os músculos, nervos e vasos embaixo da pele sem provocar dores ou outros sintomas. 

A lipomatose do tipo 1 pode causar a compressão de estruturas da região do mediastino, onde estão o coração, o esôfago, a traqueia, os nervos torácicos e os vasos sanguíneos sistêmicos, como a veia cava superior. Quando isso acontece, pode provocar sintomas, como: 

  • Dispneia: falta de ar ou dificuldade de respirar.
  • Apneia do sono: respiração do sono muito superficial ou parada completa da respiração por alguns segundos ou minutos. 
  • Disfagia: dificuldade de engolir alimentos e líquidos, sensação de comida ou bebida presa na garganta. 

A lipomatose do tipo 2 geralmente só causa o aspecto de obesidade simples, sem o envolvimento de órgãos profundos. 

Diagnóstico da lipomatose 

O diagnóstico da lipomatose é clínico, o médico observa a formação e a distribuição dos nódulos de gordura pelo corpo. Podem ser feitos exames de imagem, como radiografias torácicas, tomografia computadorizada e ultrassom para avaliar a extensão dos lipomas. 

O exame de ressonância magnética pode ajudar o médico a observar se os lipomas estão comprimindo nervos, vasos e órgãos em regiões mais profundas do mediastino.

Como a lipomatose se parece com algumas outras doenças, o médico também precisa realizar um diagnóstico diferencial, que é excluir as outras possibilidades, inclusive câncer: 

  • Doença de cushing
  • Cistos no pescoço
  • Doenças da tireóide e glândulas salivares
  • Leucemia
  • Sarcoma de tecidos moles
  • Síndrome de Dercum
  • Síndrome de Hanhart
  • Síndrome da Polidisplasia
  • Angiolipomas
  • Lipoblastomas
  • Neurofibromatose

Tratamentos da lipomatose

Cirurgia
Geralmente, remove-se o lipoma por meio de cirurgia

Não há muitas alternativas terapêuticas para a lipomatose, o procedimento padrão é a cirurgia, com remoção cirúrgica do tumor (lipectomia) ou com liposucção (lipoaspiração). É comum os lipomas retornarem, configurando as recidivas.

Como medidas complementares ao tratamento cirúrgico, os pacientes são aconselhados a fazer uma reeducação alimentar, com uma dieta com baixo teor de gordura, associada à prática de exercícios físicos regulares. Além disso, deve-se eliminar o consumo de bebidas alcoólicas. 

Em alguns casos, os médicos podem tentar tratar a lipomatose com medicamentos que aumentam a lipólise, ou seja, a queima de gordura.

Apesar dos riscos da lipomatose evoluir para tumores malignos serem baixos, ela pode provocar complicações classificadas como síndromes mediastinais, como dispneia, disfagia e disfonia (alteração da voz), além de neuropatias, que são doenças que afetam os nervos periféricos, causando fraqueza, dormência e dor. 

Fontes e referências adicionais

Você já tinha ouvido falar sobre essa doença rara chamada lipomatose? Qual tipo de lipomatose você achou mais preocupante? Quais doenças do diagnóstico diferencial da lipomatose você já conhecia? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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