Quando alguém fala em músculos, é bem provável que o músculo sóleo ou solear, presente na panturrilha, não seja o primeiro a surgir na sua mente.
No entanto, embora represente apenas 1% do peso corporal, esse músculo posterior da perna, que vai desde logo abaixo do joelho até o calcanhar, pode atuar na melhoria da saúde metabólica do resto do corpo, se for ativado corretamente.
Então, como fazer isso? O professor de saúde e performance humana da Universidade de Houston, Marc Hamilton, parece ter encontrado uma maneira de conseguir essa ativação ideal.
Trata-se do chamado “soleus pushup” (SPU), que em português seria algo como flexão do sóleo, que eleva o metabolismo muscular por horas, mesmo na posição sentada, e ativa o músculo sóleo de uma maneira diferente da que ocorre na posição em pé ou andando.
O movimento foi desenvolvido por Hamilton e seus colegas ao longo de anos de pesquisa. O SPU atinge o sóleo para aumentar o consumo de oxigênio, mais do que acontece com outros tipos de exercícios de sóleo, ao mesmo tempo em que é resistente à fadiga.
Como a flexão de sóleo é feita?
Ficou com vontade de saber como o exercício é feito? Resumidamente, enquanto a pessoa está na posição sentada com os pés apoiados retos no chão e os músculos relaxados, o calcanhar é elevado, enquanto a frente do pé permanece imóvel, colada no chão.
A elevação é até onde chegue o músculo, nem mais e nem menos. Quando o calcanhar atinge o topo da sua amplitude de movimento, o pé é passivamente solto de volta para baixo. O objetivo é encurtar o músculo da panturrilha ao mesmo tempo em que o sóleo é ativado naturalmente pelos seus neurônios motores.
O truque da eficácia do exercício é deixar o pé cair, sem controlar o movimento, na hora em de soltá-lo em direção ao chão. É aí que o sóleo entra naturalmente em ação.
O movimento do SPU pode parecer com o ato de andar, ainda que o exercício seja feito sentado, mas segundo os pesquisadores, o que ocorre é exatamente o oposto.
Enquanto o corpo é projetado para minimizar a quantidade de energia usada ao andar, devido ao modo como o sóleo se movimenta, o método de Hamilton vira isso de cabeça para baixo e faz o sóleo usar o máximo de energia possível por um longo período de duração.
Segundo Hamilton, embora o SPU pareça simples ao olhar de fora, ele é um movimento muito específico que atualmente exige o uso de tecnologia e experiência para otimizar os seus benefícios.
Mais estudos estão sendo feitos com foco em como instruir as pessoas a aprender a fazer adequadamente o SPU, mas sem os sofisticados equipamentos de laboratório que foram usados na pesquisa.
Além disso, os pesquisadores alertam que o SPU não é como uma dica nova do mundo fitness ou a dieta do mês, mas sim um movimento fisiológico potente que rentabiliza funcionalidades únicas do músculo sóleo.
O estudo
O estudo contou com a participação de 25 pessoas, entre homens e mulheres, que tinham diferentes idades e condições físicas. O objetivo era identificar se fazer o SPU durante quatro horas e meia teria impacto na função metabólica ou nos níveis de glicose no sangue.
Para avaliar isso, os participantes do estudo foram monitorados durante toda a execução do exercício e ao longo de várias horas após a sua realização.
A pesquisa de Hamilton foi publicada no periódico iScience e sugeriu que a habilidade do SPU para sustentar um metabolismo oxidativo elevado e, consequentemente, melhorar a regulação da glicose sanguínea é mais efetiva que outros métodos populares promovidos como solução.
Aqui é importante esclarecer que o metabolismo oxidativo é o processo pelo qual o oxigênio é usado para queimar metabólitos como glicose sanguínea ou gorduras. No entanto, esse processo depende, em parte, das necessidades imediatas de energia do músculo quando ele está trabalhando.
Segundo Hamilton, quando ativado corretamente, o músculo sóleo pode aumentar o metabolismo oxidativo local a níveis altos por horas, não apenas minutos, e faz isso usando uma diferente mistura de combustíveis.
Normalmente, o glicogênio é o principal tipo de carboidrato que fornece combustível para o exercício muscular. Mas, biópsias musculares indicaram que houve uma contribuição mínima do glicogênio para fornecer combustível ao músculo sóleo.
No lugar de quebrar glicogênio, o músculo sóleo pode usar outros tipos de combustíveis como a glicose sanguínea e as gorduras.
A dependência abaixo do normal do sóleo no glicogênio o ajuda a trabalhar facilmente sem fadigar durante esse tipo de atividade muscular, pois a depleção de glicogênio faz com que haja um limite definido de resistência muscular, apontou Hamilton. As informações são da Universidade de Houston e do Alimente+.