O óleo de canabidiol, ou óleo de CBD, é um dos muitos compostos que podem ser extraídos da planta cânhamo, uma variedade da espécie Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha.
A maconha possui, além do óleo de canabidiol, o composto tetra-hidrocanabinol (THC) em níveis elevados, sendo este o seu principal componente psicoativo, responsável pelos efeitos psicotrópicos, como distorções no tempo e espaço, perda de consciência, irritabilidade e náuseas.
O óleo de canabidiol se destaca entre as medicações que têm como base a Cannabis sativa, pois não contém THC em sua composição e, portanto, não é psicoativa e pode ser usada em tratamentos médicos.
Por enquanto, há aprovação do Food and Drug Administration (FDA) para o uso do óleo de canabidiol no tratamento de alguns tipos de epilepsia.
Mas, já existem muitos estudos científicos em modelos animais com resultados promissores para o uso da substância no tratamento de diversas doenças, e a tendência é que a importação da substância para o Brasil seja cada vez mais facilitada, conforme os resultados de eficácia em humanos são publicados.
Veja quais são os possíveis benefícios do óleo de canabidiol, como ele age no organismo e quais são seus possíveis efeitos colaterais.
Possíveis benefícios do óleo de canabidiol
Os benefícios do óleo de canabidiol à saúde são diversos e, nos Estados Unidos, ele foi aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) para ser usado no tratamento de alguns tipos de epilepsia. No Brasil, a substância pode ser importada mediante aprovação da Anvisa.
Os pesquisadores que investigam os benefícios do uso do óleo de canabidiol têm publicado estudos com resultados promissores para o uso da substância no tratamento das seguintes condições clínicas:
Estresse pós-traumático
O uso do óleo de canabidiol apresentou bons resultados em um estudo realizado com pessoas diagnosticadas com estresse pós-traumático.
Um grupo foi tratado com o óleo de canabidiol e o outro com placebo, que é qualquer substância inerte, que não produz efeitos no organismo, mas é utilizada como se fosse um medicamento ativo.
As pessoas tratadas com o óleo de canabidiol apresentaram melhora dos sintomas de ansiedade e de comprometimento cognitivo, enquanto que o grupo tratado com placebo apresentou piora dos sintomas.
Os dados sugerem que o óleo de canabidiol age de forma similar a antidepressivos e ansiolíticos.
Epilepsia
O óleo de canabidiol também se mostrou eficaz na redução de crises convulsivas e no tratamento de complicações causadas pela epilepsia, como lesões e degeneração dos neurônios.
Nos Estados Unidos, o óleo de canabidiol é usado para tratar duas condições raras que causam epilepsia, a Síndrome de Lennox-Gastaut e a síndrome de Dravet, ambas se manifestam ainda na infância. Essas condições são resistentes a outros medicamentos anticonvulsivos, apresentando bons resultados com o óleo de canabidiol.
Esse efeito provém da interação do óleo de canabidiol com receptores CB1 existentes no cérebro. Eles são responsáveis por controlar algumas funções como coordenação, movimento, emoções e humor.
Além da epilepsia, pesquisadores estão investigando um possível efeito antipsicótico do óleo de canabidiol, para o tratamento da esquizofrenia.
Inflamações
O óleo de canabidiol se mostrou eficaz no alívio de dores inflamatórias, ao ativar receptores endocanabinóides tipo 2 (CB2) em modelos animais, que regulam vários processos fisiológicos relacionados à inflamação e à dor.
Por conta disso, tem-se estudado a aplicação do óleo de canabidiol no tratamento de enxaquecas e de dores e inflamações crônicas. A ação anti-inflamatória e analgésica do óleo podem ser benéficas também no tratamento de alguns cânceres.
Insônia
O óleo de canabidiol promove uma sensação de relaxamento e leve sonolência, pois atua na regulação neuronal e na liberação de neurotransmissores que reduzem os níveis de ansiedade e melhoram a qualidade do sono.
Um estudo de caso com participantes que sofriam de insônia revelou que o uso de 25 mg do óleo de canabidiol pode resultar em uma melhora significativa na qualidade do sono.
Veja também: como um cobertor pesado pode ajudar com em quadros de ansiedade e insônia.
Combate ao câncer
Um estudo publicado na revista internacional British Journal of Clinical Pharmacology apontou evidências de que o óleo de canabidiol pode prevenir a metástase de cânceres. Além disso, a substância pode agir sobre células cancerígenas impedindo o seu crescimento e atuando em sua destruição.
Mais estudos são necessários para propor o uso do óleo de canabidiol para o tratamento de câncer, mas até o momento ele já revelou baixos níveis de toxicidade para as células sadias.
Abstinência de cigarro e drogas
Alguns estudos também têm mostrado uma possível aplicação do óleo de canabidiol no tratamento da abstinência de cigarro e drogas.
Uma pesquisa piloto publicada na Addictive Behaviors mostrou que o uso do óleo de canabidiol em inaladores reduzia o desejo de fumar dos participantes e fazia com que fumassem menos cigarro, do que estavam acostumados.
Além do cigarro, o óleo de canabidiol também parece ser eficiente no tratamento de pessoas com dependência de opióides.
Possivelmente, a eficácia do óleo de canabidiol no tratamento desses transtornos de dependência química se deve à sua capacidade de reduzir os níveis de ansiedade, insônia e alterações de humor, comuns em crises de abstinência.
Diabetes tipo 1
O óleo de canabidiol também se mostrou eficiente no tratamento da diabetes tipo 1, que é uma doença autoimune.
A diabetes tipo 1 ocorre por um ataque do sistema imunológico às células do pâncreas produtoras de insulina, por meio de um processo inflamatório. Estudos realizados nos Estados Unidos e em Lisboa revelaram que o óleo de canabidiol pode reduzir essa inflamação no pâncreas e, assim, retardar a progressão da doença.
Alzheimer
Uma pesquisa americana apontou que o óleo de canabidiol tem o potencial de impedir que pessoas com Alzheimer percam a capacidade de reconhecer rostos de pessoas que elas já conhecem.
Este estudo indica que em fases iniciais do Alzheimer é possível impedir o déficit de reconhecimento social com o óleo de canabidiol.
Apesar de serem necessários mais estudos na área, esta é a primeira evidência de que há a possibilidade de retardar a progressão dessa doença com o óleo de canabidiol.
Como o óleo de canabidiol age no organismo
O óleo de canabidiol age sobre dois receptores presentes no organismo, o receptor endocanabinoide tipo 1 (CB1) e o receptor endocanabinoide tipo 2 (CB2).
Muitos receptores CB1 ficam localizados no cérebro onde regulam a liberação de neurotransmissores e atividades neurais relacionadas ao movimento, coordenação, humor, percepção de dor, memória e capacidade cognitiva.
Já os receptores CB2 estão mais associados a estruturas do sistema imunológico, principalmente órgãos linfóides, atuando sobre as respostas inflamatórias e infecciosas que ocorrem no organismo.
Quando o óleo de canabidiol se liga ao receptor CB1, ele pode reduzir a atividade cerebral exagerada ligada à ansiedade e ao estresse, promovendo relaxamento mental e físico. Também pode diminuir a percepção de dor e melhorar a capacidade cognitiva, de memória e de coordenação motora.
Ao se ligar ao receptor CB2, o óleo de canabidiol atua no alívio de inflamações e dores, ao regular a atividade de células do sistema imunológico.
Possíveis efeitos colaterais do óleo de canabidiol
Normalmente, os efeitos colaterais do óleo de canabidiol estão diretamente ligados com o uso inadequado da substância, ou seja, sem prescrição médica ou em doses acima da que foi prescrita pelo médico ou médica responsável.
Mas, no geral, pacientes adultos parecem tolerar bem o óleo de canabidiol em várias concentrações. Mesmo em concentrações altas, os pesquisadores que testaram a substância não observaram efeitos colaterais envolvendo o sistema nervoso central, nem alterações de humor ou de comportamento.
Alguns dos possíveis efeitos colaterais envolvendo o uso do óleo de canabidiol são:
- Cansaço
- Sonolência
- Alterações no apetite
- Alterações no peso
- Diarreia
O tratamento de epilepsia em crianças com o óleo de canabidiol só é liberado após os 2 anos de idade, com dose dependente do peso corporal. Alguns efeitos adversos foram observados com o uso de doses acima de 200 mg em crianças, que apresentaram piora de sintomas de ansiedade, irritação e aumento da frequência cardíaca.
Os efeitos colaterais do óleo de canabidiol também podem ser produzidos a partir da interação com outros medicamentos, por isso é fundamental comunicar ao médico ou médica todos os medicamentos que estiver usando.
Foi visto que o óleo de canabidiol também pode prejudicar o fígado, ao bloquear o complexo enzimático do citocromo P450, que confere ao fígado a capacidade de neutralizar toxinas. Por causa disso, há um aumento do risco de toxicidade do fígado, em caso de uso inadequado da substância.
O óleo de canabidiol é contraindicado para gestantes, lactantes e para mulheres que estão planejando uma gestação, pois a substância pode ser passada para o bebê em desenvolvimento no útero e através do leite materno.
Até o momento, as pesquisas realizadas sugerem que não há riscos de dependência com o uso dessa substância.
Fontes e referências adicionais
- O uso do canabidiol em pacientes com epilepsia, Revista Ibero-americana de Humanidades, Ciências e Educação, 2021; 7(9): 424-433
- Potencial analgésico do canabidiol no tratamento da dor crônica: uma revisão integrativa, Revista Artigos.Com, 2022; 34: 1-10.
- Effectiveness of Cannabidiol oil for pediatric anxiety and insomnia as part of posttraumatic stress disorder: A case report, The Permanent Journal, 2016;20(4): 108-111.
- A critical review of the antipsychotic effects of cannabidiol: 30 years of a translational investigation, Current Pharmaceutical Design, 2012;18(32): 5131-5140.
- Cannabinoids suppress inflammatory and neuropathic pain by targeting α3 glycine receptors, Journal of Experimental Medicine, 2012; 209(6):1121-1134.
- Cannabidiol as potential anticancer drug, British Journal of Clinical Pharmacology, 2013;75(2): 303-312.
- Cannabidiol reduces cigarette consumption in tobacco smokers: preliminary findings, Addictive Behavior, 2013; 38(9): 2433-2436.
- Early phase in the development of Cannabidiol as a treatment for addiction: Opioid relapse takes initial center stage, Neurotherapeutics, 2015;12(4): 807-815.
- Experimental cannabidiol treatment reduces early pancreatic inflammation in type 1 diabetes, Clinical Hemorheology Microcirculation, 2016; 64(4):655-662.
- Long-term cannabidiol treatment prevents the development of social recognition memory deficits in Alzheimer’s Disease transgenic mice, Journal of Alzheimer’s disease, 2014; 42(4): 1383-1396.
Fontes e referências adicionais
- O uso do canabidiol em pacientes com epilepsia, Revista Ibero-americana de Humanidades, Ciências e Educação, 2021; 7(9): 424-433
- Potencial analgésico do canabidiol no tratamento da dor crônica: uma revisão integrativa, Revista Artigos.Com, 2022; 34: 1-10.
- Effectiveness of Cannabidiol oil for pediatric anxiety and insomnia as part of posttraumatic stress disorder: A case report, The Permanent Journal, 2016;20(4): 108-111.
- A critical review of the antipsychotic effects of cannabidiol: 30 years of a translational investigation, Current Pharmaceutical Design, 2012;18(32): 5131-5140.
- Cannabinoids suppress inflammatory and neuropathic pain by targeting α3 glycine receptors, Journal of Experimental Medicine, 2012; 209(6):1121-1134.
- Cannabidiol as potential anticancer drug, British Journal of Clinical Pharmacology, 2013;75(2): 303-312.
- Cannabidiol reduces cigarette consumption in tobacco smokers: preliminary findings, Addictive Behavior, 2013; 38(9): 2433-2436.
- Early phase in the development of Cannabidiol as a treatment for addiction: Opioid relapse takes initial center stage, Neurotherapeutics, 2015;12(4): 807-815.
- Experimental cannabidiol treatment reduces early pancreatic inflammation in type 1 diabetes, Clinical Hemorheology Microcirculation, 2016; 64(4):655-662.
- Long-term cannabidiol treatment prevents the development of social recognition memory deficits in Alzheimer’s Disease transgenic mice, Journal of Alzheimer’s disease, 2014; 42(4): 1383-1396.
Co.o compar. Sofro com depressão ansiedade e pânico já não aguento maismwu contato
Minha mãe está com 92 anos e estava em fase terminal da doença de Parkison hoje nao tem tremores mais. Fica o testemunho.