Pimenta-do-Reino Faz Mal?

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A pimenta-do-reino é um tempero usado no mundo inteiro, principalmente no continente americano. Cultivada principalmente em países como o Brasil, a Índia e o Sri Lanka, é um condimento que fica saboroso em praticamente qualquer tipo de receita.

Além do gosto característico, essa pimenta é conhecida por seus benefícios para a saúde, como promoção de alívio de sintomas de gripe e tosse, tratamento de problemas de pele, melhoria em processos digestivos e auxílio em planos de emagrecimento. No entanto, muito se fala também sobre os efeitos colaterais da pimenta-do-reino.

Aqui, vamos esclarecer se a pimenta-do-reino faz mal através da análise de todos os seus benefícios e efeitos adversos no organismo.

Pimenta-do-reino

A pimenta-do-reino, conhecida também como pimenta preta, é o fruto ou grão proveniente da planta Piper nigrum da família das Piperaceae. Ela é muito conhecida por suas propriedades medicinais e por ser usada como tempero nas mais diversas receitas, principalmente na culinária brasileira.

Trata-se de uma planta que pode ser cultivada o ano inteiro em climas tropicais e, por isso, o tempero extraído dela é usado sem restrições durante todo o ano e é mais comum no continente americano ou em países em que o clima é mais agradável.

Quando o grão da pimenta atinge a maturidade, ele é colhido e colocado em um local adequado para secar sob a luz do sol. Eles ficam expostos ao sol até ficarem totalmente murchos e pretos através da ação das próprias enzimas presentes nos grãos. Depois de secarem totalmente, esses grãos são moídos e é obtida a pimenta-do-reino.

A pimenta-do-reino é repleta de nutrientes que oferecem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antibacterianas benéficas para a saúde. Suas propriedades bacterianas podem ser usadas para conservar alimentos, por exemplo.

O principal componente da pimenta-do-reino é o composto químico piperina, que é o responsável pelo sabor característico do condimento.

Nutrição

A pimenta-do-reino é fonte de minerais e vitaminas essenciais para a boa manutenção do organismo, tais como: manganês, cálcio, fósforo, magnésio, cobre, ferro, potássio, riboflavina ou vitamina B2, piridoxina ou vitamina B6, vitamina C, vitamina A e vitamina K.

Além disso, a pimenta-do-reino apresenta um alto teor de fibras dietéticas e uma boa quantidade de macronutrientes como proteínas e carboidratos e praticamente zero de gordura.

Ela também apresenta um baixo teor calórico. Uma colher de chá de pimenta-do-reino contém apenas 6 calorias. Essa mesma porção fornece até 0,6 gramas de fibras, o que representa 3% da ingestão diária recomendada por órgãos de saúde.

Uma colher de chá de pimenta-do-reino também apresenta cerca de 3,8 microgramas de vitamina K (3% da recomendação diária), que é essencial para a saúde dos músculos e para manter uma boa coagulação sanguínea e quantidades significativas de ferro, potássio e vitamina A.

Pimenta-do-reino faz mal?

Não podemos dizer que a pimenta-do-reino faz mal para a saúde, mas seu uso pode resultar em alguns efeitos colaterais indesejados.

Muitos brasileiros gostam de exagerar na hora de temperar os alimentos e isso pode representar um perigo para a nossa saúde, especialmente no caso da pimenta-do-reino. Isso porque quando usada em grandes quantidades, a pimenta-do-reino pode fazer mal.

Se não for usada com moderação, a pimenta-do-reino pode causar os seguintes efeitos adversos:

  • Problemas respiratórios: A ingestão exagerada de pimenta-do-reino faz mal primeiramente porque pode obstruir as vias aéreas, o que pode causar problemas respiratórios e dificultar a reposição de oxigênio no organismo. A inalação da pimenta-do-reino também pode obstruir as vias respiratórias e causar irritações no revestimento dos pulmões, por exemplo.
  • Ressecamento da pele: Ao consumir grandes quantidades de pimenta preta, pode ocorrer um ressecamento excessivo da pele. Isso não é bom pois uma pele ressecada não é capaz de reter a umidade, o que pode favorecer o envelhecimento precoce e causa outros problemas na pele.
  • Risco de aborto: Ao ser ingerida em excesso por mulheres grávidas, principalmente no início da gestação, o risco de ocorrência de aborto espontâneo pode aumentar.
  • Alergias: O contato da pimenta-do-reino com a pele ou olhos pode causar reações alérgicas em algumas pessoas como erupções cutâneas ou vermelhidão nos olhos.

Outros efeitos colaterais associados com o consumo exagerado de pimenta-do-reino incluem:

  • Sensação de queimação no estômago;
  • Ardência e queimação nos olhos;
  • Desconfortos gastrointestinais como a dispepsia ou a indigestão;
  • Irritação na pele como coceira e vermelhidão;
  • Problemas durante a gravidez e amamentação como risco de aborto e dificuldade para amamentar.

Interações medicamentosas

O consumo de pimenta-do-reino deve ser feito com cautela se você estiver fazendo uso de algum dos medicamentos ou suplementos mencionados abaixo devido ao risco de potencializar ou cortar o efeito de seus princípios ativos.

  • Ciclosporina, remédio usado após transplante de órgãos ou no tratamento de doenças autoimunes;
  • Lítio;
  • Medicamentos metabolizados pelo fígado como a lovastatina, cetoconazol, itraconazol, fexofenadina e triazolam;
  • Medicamentos como o etoposídeo, paclitaxel, vimblastina, quinidina, loperamina, saquinavir, indinavir, amprenavir, cimetidina, verapamil e corticosteroides;
  • Fenitoína;
  • Propanolol;
  • Rifampicina;
  • Teofilina;
  • Carbamazepina.

Mito sobre o risco de câncer de fígado

De acordo com a Food and Drug Administration (FDA), na década de 1960 um estudo em ratos mostrou que o safrol presente na pimenta-do-reino e também em outros alimentos poderia causar câncer de fígado se injetado em grandes quantidades nos animais. Após a divulgação desse estudo, as pessoas passaram a se preocupar com o consumo de pimenta-do-reino e começou a se espalhar a ideia de que a pimenta-do-reino causa câncer no fígado.

Porém, esse medo é infundado, já que o estudo foi realizado apenas com animais e o câncer só foi observado em animais que foram submetidos a injeções muito concentradas de safrol puro. É importante lembrar que a pimenta-do-reino contém vários outros componentes em sua composição além do safrol e que é preciso consumir o condimento em quantidades exorbitantes para gerar qualquer efeito colateral.

Dessa forma, o indicado é continuar usando a pimenta-do-reino como tempero com moderação e desfrutar de todos os seus benefícios para a saúde e, claro, de seu sabor delicioso.

Benefícios

Ressaltando novamente que a pimenta-do-reino faz mal através dos efeitos adversos mencionados acima somente quando for usada de forma exagerada, vale lembrar que existem muitos benefícios associados ao consumo dessa espécie de pimenta. Alguns deles incluem:

1. Melhoria de funções cognitivas

O consumo de pimenta-do-reino pode melhorar a saúde do cérebro através do estímulo de funções cognitivas como a memória, o foco, a concentração e o aprendizado.

Em estudos científicos, foi constatado que a piperina presente na pimenta-do-reino é capaz de reduzir problemas de memória e de outras funções cognitivas. Isso porque tais vias químicas parecem ser estimuladas pela piperina, o que pode ajudar também na diminuição de sintomas relacionados ao mal de Alzheimer e demência.

2. Aumento da imunidade

O efeito antimicrobiano da pimenta-do-reino ajuda a combater diversos micro-organismos presentes no corpo, o que também fortalece o sistema imunológico.

3. Redução do risco de câncer

A pimenta-do-reino contém um alto teor de compostos antioxidantes que ajudam a combater os radicais livres, evitando danos celulares e o desenvolvimento de doenças como o câncer. Além disso, os antioxidantes podem evitar o envelhecimento precoce, a degeneração macular e até prevenir a perda de memória relacionada ao estresse oxidativo.

4. Combate a inflamações

O efeito anti-inflamatório da especiaria pode ser eficaz no tratamento de inflamações causadas por feridas ou lesões e também por condições de saúde como artrite reumatoide e refluxo ácido, por exemplo.

Estudos também indicam que, graças ao seu efeito antioxidante e anti-inflamatório, o uso de pimenta-do-reino pode trazer benefícios para pessoas com lesões na mucosa gástrica ou com úlceras.

5. Efeito antidepressivo

A pimenta-do-reino pode ajudar o organismo a liberar serotonina, que é um hormônio importante na regulação do humor e do apetite, promovendo a sensação de bem-estar e aliviando sintomas relacionados à depressão e aos transtornos de ansiedade.

6. Saúde da pele

Além dos benefícios causados pelos antioxidantes que previnem o aparecimento de rugas e outras marcas indesejadas na pele, a pimenta-do-reino também parece ser eficaz no tratamento de vitiligo.

O vitiligo é uma doença de pele que faz com que certas regiões da pele percam a pigmentação natural e fiquem brancas. Segundo pesquisadores de Londres, a quantidade de piperina presente na pimenta ajuda a estimular a produção do pigmento melanócito. Os resultados são ainda melhores quando o uso tópico da pimenta-do-reino é combinado com uma terapia com luz ultravioleta.

7. Melhor digestão

A ingestão de pimenta-do-reino aumenta a secreção de ácido estomacal, o que torna todo o processo digestivo mais eficiente. Além disso, a pimenta ajuda a prevenir a formação de gases e aumenta a sudorese e a micção. Tudo isso ajuda na remoção de toxinas presentes no organismo e limpa os poros.

É claro que com esse aumento na micção e no suor, é sempre importante manter-se bem hidratado.

8. Perda de peso

Os componentes presentes na pimenta ajudam a quebrar mais células de gordura devido às suas propriedades termogênicas.

Além disso, devido à melhoria do sistema digestivo, essa gordura é mais facilmente eliminada pela urina, o que ajuda em qualquer processo de emagrecimento.

A ingestão de pimenta-do-reino também parece acelerar o metabolismo. Isso melhora como um todo o processo digestivo de quebra e absorção de nutrientes, o que pode ser interessante na perda de peso.

9. Alívio da tosse e gripe

Apesar de poder ser a causa de problemas respiratórios quando usada em grandes quantidades, a pimenta-do-reino pode ajudar a aliviar problemas como tosse, gripe, sinusite e congestão nasal se usada de forma moderada.

A pimenta-do-reino apresenta propriedades expectorantes que ajudam a remover o muco e o catarro presentes no trato respiratório. Além disso, ela também pode ajudar na prevenção e tratamento de condições de saúde como a asma devido ao seu efeito anti-inflamatório.

10. Combate ao uso de cigarro

Um estudo publicado em 2013 analisou a intensidade do desejo de fumar de pessoas fumantes antes e após inalar o aroma do óleo de pimenta-do-reino por 2 minutos. Os resultados indicam que a pimenta pode reduzir os desejos relacionados ao vício à nicotina e pode ajudar os fumantes a pararem de fumar.

11. Prevenção e tratamento de diabetes e pressão arterial elevada

Segundo um estudo de 2013, o óleo de pimenta-do-reino pode ajudar no controle e prevenção de doenças como a diabetes do tipo 2 e a hipertensão. Isso porque a pimenta-do-reino é capaz de inibir naturalmente 2 enzimas responsáveis por decompor o amido em glicose. Isso ajuda a regular os níveis de glicose no sangue, ajudando os diabéticos. Quanto à pressão arterial sanguínea, a presença de capsaicina ajuda na vasodilatação das artérias, o que reduz a pressão elevada.

12. Combate a micro-organismos

As propriedades da pimenta-do-reino auxiliam no combate a micro-organismos causadores de doenças como a Escherichia coli e os estafilococos. Por causa desse efeito, a pimenta preta também pode ajudar no controle da caspa e outras infestações no organismo.

Um artigo publicado em 2010 na revista Nutrition Today mostra que a pimenta-do-reino apresenta propriedades antimicrobianas, antioxidantes e anti-inflamatórias que, quando combinadas, podem lutar contra vários tipos de infecções.

13. Absorção de nutrientes

O consumo de pimenta-do-reino também ajuda a melhorar a biodisponibilidade de nutrientes e ajudar o corpo a absorver de forma mais efetiva as vitaminas e minerais obtidos através da alimentação.

De acordo com estudos, a piperina encontrada na pimenta-do-reino ajuda a melhorar a absorção de nutrientes como as vitaminas do complexo B, o betacaroteno e o selênio.

Considerações finais

A pimenta-do-reino, quando usada moderadamente, não apresenta nenhum risco à saúde. Pelo contrário, seu uso pode trazer inúmeros benefícios para a saúde, além de temperar suas refeições como nenhum outro condimento popular no Brasil. Só podemos afirmar que a pimenta-do-reino faz mal se ela for consumida em quantidade exagerada.

Ao adquirir a pimenta, prefira as sementes inteiras para moer na hora. Além de preservar suas propriedades por mais tempo, a semente inteira evita problemas como inalação involuntária do pó que podem causar espirros e irritações na garganta.

A pimenta em pó também pode ser adquirida, mas suas propriedades só são totalmente preservadas durante 3 meses de armazenamento. Depois desse tempo, ela vai perdendo seu frescor e alguns efeitos benéficos.

Armazene a pimenta-do-reino em um recipiente fechado em temperatura ambiente em um local seco e protegido da luz. Também é possível armazenar na geladeira se quiser aumentar o tempo de uso.

A pimenta-do-reino pode ser usada em uma grande variedade de receitas. É possível usar o condimento para polvilhar nos pratos antes das refeições, para temperar sopas, feijões e caldos. Basta usar sua imaginação, já que a pimenta-do-reino combina com praticamente todos os tipos de alimentos, e mantenha a moderação aliada a uma dieta balanceada e saudável.

Vídeo: Pimenta-do-reino faz mal?

Gosta de usar pimenta-do-reino? Então, assista aos vídeos abaixo para aprender mais sobre a especiaria!

Vídeo: Benefícios da pimenta-do-reino

Gostou das dicas?

Fontes e Referências Adicionais:

Você já tinha ouvido falar que, se consumida em excesso, a pimenta-do-reino faz mal em determinadas ocasiões? Com que frequência e quantidades consome a pimenta-do-reino? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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