Alguém já te sugeriu que usasse soro fisiológico nos olhos depois depois que você teve um probleminha ocular? O soro fisiológico é um produto que tem uma série de utilidades tanto em hospitais quanto nas casas das pessoas.
Ele é uma solução salina, que contém 0,9% de cloreto de sódio, que é um tipo de sal, dissolvido em água estéril. Isso significa que em 100 ml de líquido do produto está presente 0,9 g de sal.
Entre os diversos casos em que o soro fisiológico pode ser utilizado está a desidratação. O produto pode ser usado para tratar a falta de líquidos ou sal no organismo devido a diarreia, vômitos, aspiração gástrica, suor excessivo, queimaduras extensas ou hemorragias.
O produto ajuda a repor os eletrólitos e a água que foram perdidos nesses episódios e a manter um volume hídrico apropriado para o corpo funcionar. Mas, nesses casos de desidratação, o soro deve ser administrado somente no hospital por um profissional de saúde, diretamente na veia do paciente.
Além disso, o soro fisiológico pode ser utilizado na lavagem de queimaduras ou feridas, em inalações por nebulização em casos de sinusite, gripes e resfriados, para fazer lavagem nasal e como veículo de medicamentos a serem administrados na veia, ou seja, para diluir remédios em pó antes da sua aplicação direta no músculo.
O soro fisiológico é vendido em farmácias, drogarias e supermercados, podendo ser comprado sem a necessidade de apresentar receita médica.
Mas e quanto à saúde ocular? Será que podemos aplicar soro fisiológico nos olhos ou essa prática faz mal e pode causar algum tipo de problema? Confira a seguir!
Soro fisiológico nos olhos
O soro fisiológico 0,9% é usado por algumas pessoas para a limpeza dos olhos. O produto tem uma composição parecida com a da lágrima e as suas gotas são aplicadas diretamente nos olhos em casos de ciscos ou quando há contato com substâncias irritantes.
Já para problemas mais rotineiros e comuns, como ardência ou vermelhidão, a solução não funciona.
Mas, atenção: não é indicada a aplicação dessas gotas de soro fisiológico com frequência no dia a dia, uma vez que o excesso de sal pode provocar ou piorar a irritação nos olhos.
Alguns especialistas indicam usar uma solução de soro fisiológico estéril, aplicá-la suavemente nos olhos, inclinando a cabeça para trás e deixando a solução fluir levemente sobre a região.
Já outros defendem que o soro fisiológico não deve ser aplicado diretamente nos olhos. O motivo é justamente a sua composição com uma alta concentração de sódio, que pode irritar ainda mais os olhos e provocar desconforto.
Outra preocupação é que como o soro fisiológico não tem conservantes, isso aumenta o risco de contaminação da embalagem por microrganismos como bactérias e fungos, por exemplo, e, consequentemente, do desenvolvimento de infecções oculares.
Um desses microrganismos que pode ter a sua multiplicação facilitada por um frasco de soro fisiológico aberto é a Acanthamoeba, presente também na água da torneira. Ela é um protozoário que pode causar inflamações como a ceratite, uma doença que atinge a córnea e pode causar problemas de visão.
Adicionalmente, é importante destacar que o soro fisiológico é contraindicado para pessoas com hipersensibilidade ao cloreto de sódio ou a qualquer outro componente do produto.
Apenas do lado de fora
Assim, uma instrução dos especialistas é usar o soro fisiológico para lavar o olho apenas por fora, para retirar secreção, limpar a remela ou remover sujeiras encontradas ao redor dos olhos.
Isso deve ser feito sempre com os olhos fechados, ou seja, você fecha os olhos e lava somente a parte externa com o auxílio do soro fisiológico.
Outros cuidados
Aqui vale registrar que a água boricada também não deve ser usada nos olhos, pois ela não é estéril o suficiente para o uso oftalmológico e contém o ácido bórico na sua composição, uma substância que também pode provocar irritações nos olhos, como inflamações, além de alergias e até mesmo queimaduras.
Outra recomendação é que não se pode fazer a higienização das lentes de contato com o soro fisiológico. A orientação é utilizar as soluções formuladas especificamente para essa finalidade.
O que fazer?
Assim, o ideal é procurar o auxílio do oftalmologista para receber o tratamento apropriado, especialmente em casos de desconforto ocular persistente, vermelhidão ou algum problema mais sério.
Esse tratamento poderá envolver o uso de um produto específico para tratar os olhos, como algum tipo de colírio lubrificante, por exemplo.
Os colírios são desenvolvidos com o objetivo de fornecer uma lubrificação adequada e trazer um maior conforto aos olhos. Mas, existem diferentes tipos de colírios, voltados para diferentes problemas oculares, como olhos secos, alergias, conjuntivites, entre outros.
Por essa razão é que é tão importante procurar o auxílio de um oftalmologista: para saber qual tipo de colírio é o mais apropriado e seguro para o seu caso em particular.
Quem, ainda assim, optar por usar o soro fisiológico nos olhos deve tomar o cuidado de utilizar uma embalagem fechada e esterilizada. Portanto, o ideal é comprar uma embalagem individual de uso único.
Fontes e referências adicionais
- The Impact of Normal Saline on the Incidence of Exposure Keratopathy in Patients Hospitalized in Intensive Care Units, Iran J Nurs Midwifery Res. 2018 Jan-Feb; 23(1): 57–60.
- Physiological Saline Solution, Cellulose and Cellulose Derivatives, 2005
- Rinsing with isotonic saline solution for eye burns should be avoided, Burns Volume 34, Issue 7, November 2008, Pages 1027-1032
- Self-medication: initial treatments used by patients seen in an ophthalmologic emergency room, Clinics (Sao Paulo) . 2009;64(8):735-41.
Fontes e referências adicionais
- The Impact of Normal Saline on the Incidence of Exposure Keratopathy in Patients Hospitalized in Intensive Care Units, Iran J Nurs Midwifery Res. 2018 Jan-Feb; 23(1): 57–60.
- Physiological Saline Solution, Cellulose and Cellulose Derivatives, 2005
- Rinsing with isotonic saline solution for eye burns should be avoided, Burns Volume 34, Issue 7, November 2008, Pages 1027-1032
- Self-medication: initial treatments used by patients seen in an ophthalmologic emergency room, Clinics (Sao Paulo) . 2009;64(8):735-41.