A espironolactona é um medicamento que atua como diurético e anti-hipertensivo, o que significa que ela aumenta a eliminação de água através da urina e diminui a pressão arterial.
Com isso, o remédio pode ser indicado no tratamento da hipertensão essencial (aumento da pressão arterial sem causa determinada) e como auxiliar em casos de hipertensão maligna (tipo grave de pressão arterial elevada).
Veja também: Espironolactona (Aldactone): para que serve e como usar
Ele ainda pode ser prescrito no tratamento de distúrbios relacionados ao inchaço, como:
- Edema e ascite: acúmulo de líquido dentro do abdome, relacionados à insuficiência cardíaca congestiva, que é quando o coração torna-se incapaz de bombear sangue em quantidade suficiente para suprir as necessidades do corpo.
- Cirrose hepática: perda importante de células do fígado e comprometimento de suas funções.
- Síndrome nefrótica: doença renal que leva à perda de proteína na urina.
- Edema idiopático: inchaço sem causa aparente.
Além disso, o médico pode indicar a espironolactona na prevenção da hipopotassemia (diminuição dos níveis sanguíneos de potássio) e hipomagnesemia (diminuição dos níveis sanguíneos de magnésio) em pacientes que tomam diuréticos.
O medicamento pode ser usado ainda no diagnóstico e tratamento do hiperaldosteronismo primário (aumento dos níveis sanguíneos de aldosterona, um hormônio renal, sem causa aparente) e no tratamento pré-operatório de pacientes com a condição.
Mas, além de todos esses usos, é possível encontrar quem recomende ou utilize a espironolactona para pele e cabelo. Vamos conhecer em que casos isso pode ocorrer, quais podem ser os efeitos e os cuidados que devem ser tomados.
Como funciona a espironolactona para pele e cabelo?
Há médicos que indicam a espironolactona em casos de alopecia androgenética ou calvície padrão, que é uma queda de cabelos progressiva e padronizada. A genética e os androgênios (um grupo de hormônios sexuais) fazem parte desse processo de perda de cabelos.
Um desses hormônios é a testosterona, que embora seja um hormônio masculino, também é necessária para regular certas funções do corpo feminino, ainda que em quantidade bem menor que nos homens.
Mas, o que isso tem a ver com a alopecia androgenética? A chave para entender a relação é uma enzima chamada 5-alfa-redutase, que converte a testosterona em outro hormônio: o dihidrotestosterona (DHT), que é quem causa a perda de cabelo.
Aos poucos, o DHT age contra as células que produzem cabelo e com o passar do tempo, os fios ficam cada vez menores e mais finos, até chegar o dia em que caem por completo, caso não se faça nada para impedir que isso ocorra.
Tudo isso para dizer que é justamente em função das suas propriedades antiandrogênicas que a espironolactona é indicada por alguns médicos para tratar a alopecia androgenética e também a acne.
Quando se trata da alopecia androgenética, o medicamento atrapalha a vida dos hormônios que contribuem com a doença. Como a espironolactona possui uma composição muito parecida com a da testosterona em sua estrutura molecular, ela atua como um antagonista do receptor do hormônio, o que bloqueia a sua recepção, controlando a ação do DHT nos fios.
O tratamento com o remédio pode ser indicado em todas as fases da calvície enquanto não ocorreu a perda completa dos fios, porém o ideal é que se inicie o quanto antes para ter resultados melhores.
Acne
Outra das vantagens associadas ao uso da espironolactona é a diminuição da oleosidade da pele, o que ajudaria a melhorar a acne. Tanto que alguns médicos receitam o medicamento para tratar a condição.
No caso da acne, a espironolactona também é escolhida por atuar no bloqueio dos receptores de hormônios andrógenos, suprimindo a produção de sebo e reduzindo assim o aparecimento da acne.
Vale destacar que um dos mecanismos do surgimento da acne é justamente o aumento da produção de sebo, algo que é regulado pelos hormônios sexuais. As glândulas sebáceas têm receptores para esses hormônios, que podem sinalizar a produção de mais sebo.
Por sua vez, a espironolactona atua como uma bloqueadora desses receptores, reduzindo essa sinalização.
A indicação do medicamento para tratar a acne e a alopecia androgenética não constam na bula do remédio e, portanto, configuram o chamado uso off label da espironolactona dentro da dermatologia.
Cuidados com a espironolactona
É importante notar que o uso da espironolactona para pele e cabelo se refere a casos bem específicos que precisam ser avaliados por um dermatologista.
Isso significa que quem se interessa pelo uso dermatológico do medicamento precisa consultar o profissional de saúde, para saber se ele é realmente a melhor escolha para tratar o que está causando a sua alopecia ou acne.
Caso o médico te indique a espironolactona para tratar a sua acne ou alopecia androgenética é fundamental que você siga todas as instruções do profissional quanto à dosagem, tempo de uso e demais aspectos do tratamento, para evitar problemas.
Até porque o medicamento pode provocar efeitos colaterais, como:
- Reação muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam o medicamento): hiperpotassemia (potássio alto no sangue).
- Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam o medicamento): estado de confusão mental, tontura, náusea, prurido (coceira), rash (erupção cutânea), cãibras nas pernas, insuficiência renal aguda, ginecomastia (aumento das mamas), dor nas mamas (em homens), mal-estar.
- Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento): neoplasma (tumor) benigno de mama (em homens), distúrbios eletrolíticos (dos minerais do sangue), função hepática (do fígado) anormal, urticária (alergia de pele), distúrbios menstruais, dor nas mamas (em mulheres).
- Frequência desconhecida (não pode ser estimada a partir dos dados disponíveis): agranulocitose (redução severa do número de glóbulos brancos que aumenta a probabilidade de infecções), leucopenia (diminuição dos glóbulos brancos no sangue), trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue), alteração na libido (desejo sexual), distúrbio gastrointestinal, necrólise epidérmica tóxica (NET), síndrome de Stevens-Johnson (SJS) erupção ao medicamento com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DRESS), alopecia (perda de cabelo), hipertricose (crescimento anormal de pelos).
Contraindicações da espironolactona
O remédio não pode ser usado por pessoas que têm hipersensibilidade à espironolactona ou a qualquer componente da fórmula do remédio, fazem uso concomitante de eplerenona ou sofrem com as seguintes condições:
- Insuficiência renal aguda
- Diminuição significativa da função renal
- Anúria (perda da capacidade de urinar)
- Hiperpotassemia (aumento dos níveis sanguíneos de potássio)
- Doença de Addison, hipercalemia (aumento dos níveis sanguíneos de potássio)
Além disso, as mulheres grávidas ou que amamentam também precisam ter cuidado com a espironolactona e não devem utilizar o medicamento sem orientação médica.
No caso das gestantes, a bula alerta que é necessário que o médico faça uma avaliação quanto aos benefícios e os riscos que o remédio pode trazer para a mãe e seu bebê. Assim, a paciente que engravidar durante ou após o tratamento com espironolactona deve avisar o médico.
Sobre as mulheres que amamentam, a bula do remédio alerta que se o uso de espironolactona for considerado essencial durante o período do aleitamento, será preciso encontrar um método alternativo de alimentação para a criança. Com isso, se o médico prescrever o medicamento, a paciente precisa informar a ele se estiver amamentando.
Para saber mais sobre os cuidados que o medicamento exige, acesse e leia a bula de espironolactona na íntegra.
Fontes e referências adicionais
- Bula da Espironolactona, ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
- Alopecia Androgenética, BMJ Best Practice.
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Fontes e referências adicionais
- Bula da Espironolactona, ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
- Alopecia Androgenética, BMJ Best Practice.