Glicina como adoçante: o que é, benefícios e como usar

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Tomou uma bebida de baixa caloria e sentiu um sabor adocicado? É a glicina, usada pela indústria para disfarçar o amargor do adoçante aspartame. Com propriedades antioxidantes e bactericidas, a glicina vem ganhando força como opção para quem quer ficar longe do açúcar.

Seja por desejar perder peso ou por infelizmente ter a diabetes como companheira no dia-a-dia, muitos de nós decidem abrir mão do açúcar. É muito provável que a maioria dessas pessoas não queira tomar café, suco, chá ou caipirinha sem aquele gosto suave e prazeroso que o açúcar traz. A combinação entre a base da bebida e o açúcar é tão harmoniosa, que faz pensar que ele sempre esteve ali.

Quem quer ou precisa substituir o açúcar, seja na mesa ou na preparação de receitas, esbarra em desafios. Alguns optam por mel, já que esse é encontrado em versões diferentes a depender da espécie vegetal que as abelhas usam para produzi-lo. Porém, com sabor marcante, o mel pode alterar o gosto do alimento, além de apresentar um alto índice glicêmico, que pode contribuir para o ganho de peso.

Outras pessoas procuram a frutose, um carboidrato extraído de frutas. Ele apresenta um poder duplicado de adoçar se comparado com o açúcar tradicional. Por outro lado, não deve ser usado por diabéticos.

Adoçantes de mesa: práticos, mas nada saudáveis

Adoçante
Existem tipos de adoçantes diferentes, e é importante focar nas opções naturais

Quando descartamos as opções acima, o que nos resta são os adoçantes de mesa. É nesse ponto que surge a pergunta: dentre as muitas opções de adoçantes disponíveis nas prateleiras e lojas virtuais, qual escolher? Não se trata apenas de excluir um ou outro porque ele dá um sabor amargo no final.  Outros fatores, como a saúde e o envelhecimento saudável, estão envolvidos aqui.

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Adoçantes convencionais são produzidos quimicamente em indústrias. Porém, há estudos indicando que o consumo frequente de adoçantes artificiais traz malefícios. Por exemplo, de acordo com a Associação Brasileira de Nutrição, se usado a longo prazo, um adoçante à base de sacarina pode provocar mudanças na flora intestinal. Se o produto contém aspartame, o risco é de que a pessoa apresente diabetes tipo 2 em um futuro próximo.

Adoçantes naturais: alternativas disponíveis

Reconhecendo desvantagens nos adoçantes artificiais, muitas pessoas já se empenharam em buscar alternativas para eles. E de fato, já faz um tempo que o mercado disponibiliza possibilidades como essas:

  • Stevia – originária do extrato das folhas de uma planta nativa do Paraguai, a stevia é facilmente encontrada e bem conhecida.
  • Eritritol – composto orgânico encontrado naturalmente em frutas e cereais, mas produzido em grande escala através de processos biotecnológicos, durante os quais a sacarose é extraída, sofre fermentação e é processada até atingir um alto grau de pureza.
  • Xilitol – outro composto orgânico presente em frutas como ameixa e framboesa, o xilitol recebe esse nome porque, ao invés da sacarose, o alvo do processamento industrial é a xilose, um carboidrato simples.

E a glicina, serve como adoçante? Embora os fabricantes de queijos frescos já conheçam a glicina há tempos, a possibilidade de usar glicina como adoçante de mesa surgiu mais recentemente. Nas queijarias, quando combinada com glicinato de sódio, a glicina é capaz de reter o soro do leite coalhado. Além disso, ela evita o crescimento de bactérias na superfície dos queijos.

Mas afinal, o que é glicina?

Em termos técnicos, a glicina é um aminoácido. Os aminoácidos são a unidade básica na composição das proteínas. Ou seja, as proteínas se formam a partir da união de aminoácidos, no mínimo 50 deles.

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O bom funcionamento do corpo humano depende da presença de 20 tipos de aminoácidos. Desses 20, conseguimos produzir 11 e por isso eles receberam o título de não essenciais. Dentre esses não essenciais, está o aminoácido glicina.

Os outros 9 tipos de aminoácidos são chamados de essenciais justamente porque nosso organismo, incapaz de produzi-los, espera que a gente os obtenha através de uma alimentação diversificada. Essa precisa conter legumes, cereais, grãos (feijão, soja, quinoa), carnes, ovos e leite.

A glicina é o aminoácido mais comum nas proteínas. Em alta frequência, ela aparece no colágeno, a proteína fibrosa que confere elasticidade à pele e força aos tendões. A glicina chega até nós através da ingestão de itens com alto teor de proteína animal: carne, ovos, peixe, leite e seus derivados. Vale lembrar que existem ótimas fontes vegetais de glicina: soja, feijão, castanha do Pará e castanha de caju.

Além de conseguirmos glicina através dos alimentos, também produzimos esse aminoácido no fígado. No entanto, um aporte extra de glicina por vezes é indicado por médicos. 

Uma das formas mais comuns de glicina encontrada em farmácias é em frascos contendo cápsulas. Elas são recomendadas como suplemento nutricional para praticantes de atividades físicas intensas e mulheres grávidas. O motivo é seu efeito potencializador sobre a musculatura, ajudando a aumentar a eficiência do trabalho de contração e relaxamento.

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A configuração da glicina que mais nos interessa não é em cápsulas, mas em pó, que também está disponível em farmácias e lojas virtuais. Nesse formato, a glicina está pronta para atuar como adoçante. De um jeito prático, o frasco com glicina é levado na bolsa ou na mochila, permitindo a quem quiser dispensar o açúcar ou os adoçantes artificiais quando estiver longe de casa.

Vantagens do uso da glicina como adoçante

1. A glicina tem sabor adocicado

Os adoçantes artificiais, além de trazerem efeitos colaterais, muitas vezes emprestam um gosto amargo, ácido ou metálico à bebida. A glicina, por outro lado, traz um sabor adocicado.

2. Apresenta propriedades antioxidantes

Simplesmente por funcionar, nosso organismo libera, como subproduto, moléculas de radicais livres. A diabetes é uma fonte a mais de produção de radicais livres.

Acontece que, se os radicais livres permanecem em excesso dentro de nós ou na superfície da nossa pele, problemas mais sérios podem surgir. Por exemplo, doenças degenerativas, como câncer, Alzheimer, envelhecimento precoce. A glicina tem a capacidade de combater os radicais livres.

3. Potencializa a ação da creatina

A creatina é um composto de aminoácidos que, ao ser armazenado no músculo esquelético, fornece energia durante a prática de exercícios vigorosos. Tanto o fígado, quanto os rins e o pâncreas sintetizam creatina, um processo em que a glicina e mais dois aminoácidos (arginina e metionina) participam. Portanto, a glicina é essencial para a boa performance muscular.

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4. A glicina pode ser ótima para o sono

Estudos mostram evidências de que a glicina, atuando sobre neurotransmissores do cérebro, facilita o início do sono em ratos. Em humanos, a administração de algumas gramas de glicina à noite promoveu um sono de mais qualidade e reduziu a sonolência diurna.

5. Portadores de diabetes tipo 2 podem se beneficiar com uso da glicina

Uma condição imposta pela diabetes tipo 2 é ter uma quantidade menor de glicina fora das células, fazendo a sua disponibilidade ficar diminuída. Isso acontece por causa da resposta inadequada do corpo dos diabéticos à insulina: não há produção suficiente desse hormônio ou há produção suficiente, mas a insulina age de forma inapropriada.

Os pesquisadores já sabem que quantidades mais altas de glicina no sangue estão associadas a um risco menor de desenvolver diabetes tipo 2. Assim, apesar dos experimentos ainda serem bem preliminares, a esperança é de que no futuro, suplementar com glicina a dieta dos portadores deste distúrbio seja uma forma de ajudá-los a ter uma vida mais saudável.

Cuidados no uso da glicina

Adoçando café
Mesmo sendo uma substância natural e benéfica, é preciso tomar cuidado com excessos

Prudência com adoçante natural na bebida! Use a glicina para adoçar de maneira consciente. É sempre bom lembrar que para recomendá-la como suplemento alimentar, os médicos levam em conta os objetivos e a fase da vida em que a pessoa se encontra. Converse com seu médico ou seu nutricionista antes de fazer uma compra apressada de glicina.

Embora esse aminoácido mostre muitos benefícios, estudos focando os efeitos de quantidades excessivas dele no organismo humano ainda são raros.

Fontes e referências adicionais

Você já experimentou o uso da glicina como adoçante? Qual tipo de adoçante você mais usa na sua dieta? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Esther Costa

Esther Costa é nutricionista - CRN-8 13209/P. Graduada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), atua na nutrição clínica com ênfase na nutrição funcional, buscando avaliar o indivíduo em sua totalidade. Está sempre em busca do aperfeiçoamento por meio de cursos e congressos na área. É curiosa, criativa e proativa, e faz parte da equipe de especialistas do MundoBoaForma.

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