A menstruação prolongada é aquela que dura mais do que 8 dias. A duração padrão de uma menstruação normal é de 8 dias ou menos. Normalmente, a menstruação dura de 4 a 7 dias, com o fluxo mais intenso no primeiro dia e redução progressiva nos dias posteriores.
Além deste parâmetro, o intervalo esperado para uma menstruação normal fica entre 24 e 38 dias, com variação de até 7 dias entre os ciclos, para mulheres entre 26 e 41 anos de idade. Abaixo e acima desse intervalo, a variação de até 9 dias é considerada normal.
O fluxo de sangue é outro parâmetro que você precisa prestar atenção. Se você tem que trocar de absorvente a cada 2 horas, ou usar dois absorventes e ainda sofre com vazamento, o seu fluxo está mais intenso do que o normal.
O problema da menstruação prolongada é que ela pode levar a mulher a desenvolver anemia ou sintomas típicos da doença, como tontura, fraqueza e pele pálida.
Se você perceber que está tendo que usar mais absorventes do que costuma, pode ser que a sua menstruação esteja se prolongando demais e isso requer uma avaliação médica.
Veja quais são as principais causas de menstruação prolongada e o que fazer.
Mioma uterino
O mioma uterino é um tipo de tumor benigno, que se desenvolve na camada muscular do útero, podendo ser microscópico (visível apenas com microscópio) ou possuir alguns centímetros.
Os miomas uterinos são relativamente comuns e não causam sintomas, na maioria dos casos. Mas, algumas mulheres sentem cólicas mais intensas, dor abdominal, sangramento fora do período menstrual, sangramento menstrual mais prolongado, obstipação (prisão de ventre) e dor durante a relação sexual.
Esses sintomas são comuns quando os miomas são grandes ou numerosos.
O que fazer
Na presença de tais sintomas, é importante consultar um médico ou médica ginecologista, para a realização de exames de imagem que possibilitam a visualização dos miomas uterinos.
Esta consulta é importante, também, caso você esteja se programando para engravidar, pois os miomas uterinos podem dificultar uma gestação e provocar aborto.
O tipo de tratamento do mioma uterino varia de acordo com seu tamanho e tipo, e com os sintomas provocados.
As cólicas menstruais intensas e o sangramento prolongado são reduzidos com o uso de anti-inflamatórios. As medicações hormonais ajudam controlar a intensidade da menstruação e a reduzir o tamanho do mioma. Mulheres que sofrem de anemia, por causa da menstruação prolongada podem ter que fazer reposição de ferro. Veja quais são os sintomas de falta de ferro e como repor através da alimentação.
O tratamento cirúrgico é reservado para casos em que o mioma é tão grande que pressiona outros órgãos, tornando necessária a sua remoção por miectomia.
Pólipo uterino
O pólipo uterino é um crescimento excessivo de células na parede interna do útero, que acaba formando uma “bolinha”, parecida com um cisto.
Normalmente, o pólipo uterino se forma em mulheres na menopausa, mas também pode acometer mulheres mais jovens, que podem sofrer com maior dificuldade para engravidar, dependendo do tamanho e da localização desses pólipos no útero. Confira outras causas de infertilidade feminina.
Na maioria das vezes, os pólipos são descobertos acidentalmente em exames de rotina. Porém, alguns casos são diagnosticados, por causa dos sintomas provocados, como menstruação abundante, prolongada e irregular, acompanhada de cólicas intensas. Também é comum haver sangramento entre as menstruações e durante a relação sexual.
O que fazer
Se você observar que está com o ciclo menstrual irregular e sentindo fortes cólicas menstruais ou, ainda, está enfrentando dificuldade para engravidar, procure seu ginecologista, para fazer exames que analisam o revestimento uterino, como o ultrassom transvaginal.
Quando os pólipos são pequenos e não causam sintomas, a conduta pode ser apenas de observação a cada 6 meses, para avaliar se houve alguma alteração importante nos pólipos, como aumento de tamanho e se surgiram outros.
Caso os pólipos uterinos provoquem sintomas incômodos, o tratamento pode ser feito com anticoncepcionais com progesterona, para tentar reduzir o tamanho dos pólipos e controlar os sintomas.
Quando a fertilidade da mulher é prejudicada ou os pólipos apresentam potencial de malignidade, ou seja, de evoluírem para um câncer, a cirurgia para retirar o pólipo (polipectomia) pode ser recomendada.
A cirurgia de retirada do útero só é recomendada quando os pólipos uterinos produzem sintomas graves e quando a mulher não deseja ter filhos ou já tenha atingido a menopausa.
Câncer de endométrio (câncer do útero)
O câncer de endométrio, ou câncer do útero, se desenvolve no endométrio, a camada que reveste o interior do órgão. Este tipo de câncer é mais comum após a menopausa, em mulheres na faixa etária de 50 a 60 anos.
O câncer de endométrio é classificado em tipo I e II. O tipo I é menos agressivo e mais comum em mulheres jovens obesas ou que estão na fase da perimenopausa, que é o período antes ou depois da menopausa. Normalmente, o câncer de endométrio tipo I responde bem ao tratamento e tem um bom prognóstico.
Já o câncer de endométrio tipo II é mais agressivo e ocorre em mulheres mais velhas, apresentando um prognóstico negativo.
Os sintomas do câncer de endométrio estão relacionados ao sangramento anormal, que inclui a presença de sangramento após a menopausa, entre as menstruações ou menstruação mais intensa e prolongada.
O que fazer
Diante de uma suspeita de câncer, o médico ou médica ginecologista solicitará um exame de biópsia, capaz de mostrar se há células malignas no tecido do endométrio. Além deste exame altamente específico, outros podem ser solicitados para avaliar diversos parâmetros de saúde e projetar o tratamento mais adequado.
Além disso, o câncer é analisado quanto ao seu estágio, que varia de I (mais inicial) a IV (avançado). Esses estágios se referem ao grau de disseminação do câncer no aparelho reprodutor e nos órgãos próximos.
Quando o câncer está em estágio inicial, restrito ao útero, o tratamento mais indicado é a histerectomia, que é a remoção cirúrgica do útero, das tubas uterinas (trompas de falópio) e dos ovários.
Nesta cirurgia, o médico cirurgião ou cirurgiã retira, também, os linfonodos adjacentes, com os quais dá pra saber se o câncer se disseminou (estágio avançado) e se são necessários tratamentos adicionais após a cirurgia, como quimioterapia, radioterapia ou progestina.
Perimenopausa
A menopausa é quando a mulher já não menstrua mais, o que ocorre por volta dos 50 anos de idade. Já a perimenopausa é o período de transição para a menopausa, que dura, em média, de 4 a 5 anos. Neste período, os níveis hormonais oscilam bastante e causam diversos sintomas, dentre eles a irregularidade menstrual.
No começo desta fase, é comum o ciclo menstrual ser mais curto e a menstruação mais abundante. Mais tarde, os ciclos menstruais podem ficar mais prolongados, com fluxos mais intensos ou leves, e cada vez menos previsíveis.
O que fazer
Você pode consultar seu médico ou médica ginecologista, caso os sintomas comuns do período da perimenopausa estejam causando um grande impacto em sua vida. Os principais sintomas que podem te levar a buscar ajuda são ondas de calor, secura vaginal, dificuldade para dormir e alterações bruscas de humor.
A terapia de reposição hormonal pode ser indicada durante a perimenopausa e após a menopausa, e ela ajuda a controlar os sintomas mencionados. Confira se reposição hormonal engorda.
Durante a perimenopausa, para controlar a menstruação prolongada e os sangramentos imprevisíveis, seu ginecologista pode prescrever pílulas anticoncepcionais.
Adenomiose uterina
A adenomiose é uma doença ginecológica semelhante à endometriose. Nesta patologia, o tecido das glândulas do endométrio se fixam e crescem dentro das fibras musculares da parede do útero, fazendo com ele duplique, até triplique, em tamanho.
A adenomiose pode causar sangramento intenso e menstruação prolongada, acompanhada de coágulos e cólicas menstruais muito fortes. Também pode haver dor durante a relação sexual.
A cólica menstrual na adenomiose uterina tem algumas características: ela é cíclica, doi e alivia, pode irradiar para a coluna lombar e pode ser confundida com cólica intestinal.
O que fazer
Ao relatar esses sintomas, seu médico ou médica ginecologista fará um ultrassom transvaginal ou uma ressonância magnética da pelve, para ver se o útero está aumentado.
O tratamento pode ser feito com um dispositivo intrauterino (DIU) que libera hormônio feminino sintético, o levonorgestrel, para controlar o sangramento e a cólica menstrual. Também pode ser indicado o uso de algum contraceptivo oral.
Em casos graves, o tratamento pode ser cirúrgico, com a remoção do útero.
Endometriose
A endometriose é caracterizada pela presença de células do endométrio em outros órgãos da cavidade pélvica e abdominal, como as tubas uterinas (trompas de falópio), ovários, intestino e bexiga. As células endometriais, em condições normais, ficam restritas à camada interna do útero.
Os sintomas da endometriose podem surgir já na primeira menstruação (menarca) e perdurar até a menopausa e incluem: dor pélvica, cólicas menstruais muito intensas e dor durante a relação sexual.
O fluxo menstrual costuma ser mais intenso e durar mais do que 8 dias, caracterizando uma menstruação prolongada. O sangue eliminado pode ser mais escuro e em pedaços, semelhantes à borra de café. Veja o que pode ser a menstruação escura.
O que fazer
O tratamento da endometriose consiste na interrupção do ciclo menstrual com pílulas anticoncepcionais de uso contínuo. Outros métodos contraceptivos, como DIU, hormônios injetáveis, implantes e progestagênios isolados também podem ser sugeridos pelo médico ou médica ginecologista, de acordo com o seu caso. Veja quais são os remédios para endometriose mais usados.
Esses tratamentos não resolvem o problema, que são os focos de endometriose em outros órgãos e a formação de aderências (bridas), mas tratam os sintomas. Os focos de endometriose e as aderências são removidos apenas com cirurgia.
Hemofilia
A hemofilia é um distúrbio de origem genética causado pela ausência de um ou mais fatores de coagulação do sangue, que faz com que as pessoas tenham sangramentos prolongados após cortes, cirurgias ou até espontâneos.
Mulheres com hemofilia podem ter sangramentos mais intensos e duradouros, caracterizando uma menstruação prolongada. Por causa disso, apresentam um risco aumentado de desenvolverem anemia, em relação às outras mulheres.
O que fazer
É preciso consultar um médico ou médica hematologista para fazer alguns exames, como o coagulograma, tempo de coagulação e a dosagem dos fatores de coagulação no sangue, para confirmar o diagnóstico de hemofilia.
O tratamento não cura a doença, mas consegue controlá-la. O tratamento preventivo é feito com a reposição dos fatores de coagulação do sangue, para impedir um sangramento descontrolado. Quando já existe um sangramento, o tratamento é feito com aplicação do concentrado de fator de coagulação.
Uso de DIU de cobre
O DIU de cobre é um dispositivo intrauterino e contraceptivo, que não contém hormônios e, por isso, não altera o perfil hormonal, ou seja, a mulher continua ovulando e menstruando normalmente.
É comum, nos primeiros meses de uso, a mulher ter sangramentos mais intensos e menstruação prolongada. Possivelmente, o DIU de cobre provoca mudanças nos vasos sanguíneos, que regulam o fluxo de sangue para o útero.
Normalmente, esses sintomas aparecem nos três primeiros meses de uso e amenizam com o tempo.
O que fazer
Caso o fluxo menstrual tenha ficado muito intenso ou prolongado após a colocação do DIU de cobre, converse com seu médico ou médica, para saber o quanto este sintoma é considerado normal para o seu caso e se é necessário pensar em uma troca do método contraceptivo.
Fontes e referências adicionais
- Ablação histeroscópica do endométrio no tratamento da menorragia: seguimento de 200 casos, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2001; 23(3): 169-173.
- Uso de recursos e custos associados ao tratamento da menorragia idiopática com o sistema intra-uterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) versus histerectomia: perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, 2012; 4(2): 373-381.
- Prevalência de distúrbios hematológicos em adolescentes com menorragia, Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 2016; 15(1): 13-19.
- Câncer do endométrio – o que considerar?, Revista da Associação Médica Brasileira, 2004; 50(1): 8-9.
Fontes e referências adicionais
- Ablação histeroscópica do endométrio no tratamento da menorragia: seguimento de 200 casos, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2001; 23(3): 169-173.
- Uso de recursos e custos associados ao tratamento da menorragia idiopática com o sistema intra-uterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) versus histerectomia: perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, 2012; 4(2): 373-381.
- Prevalência de distúrbios hematológicos em adolescentes com menorragia, Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 2016; 15(1): 13-19.
- Câncer do endométrio – o que considerar?, Revista da Associação Médica Brasileira, 2004; 50(1): 8-9.