Pesquisadores da Unicamp criam dispositivo que pode estimular saciedade e virar alternativa à bariátrica

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Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estão na vanguarda do combate à obesidade com o desenvolvimento de um dispositivo gástrico inovador. 

Este dispositivo tem o potencial de estimular hormônios que promovem a sensação de saciedade, oferecendo uma nova esperança para pessoas que sofrem de obesidade severa.

Como funciona o dispositivo?

O dispositivo, concebido pela equipe liderada pela professora e pesquisadora Raquel Leal do departamento de Cirurgia e Coloproctologia da Unicamp, foi desenvolvido a partir da proposta de uma empresa de Florianópolis (SC).

Ele consiste em eletrodos e um gerador com bateria. Os eletrodos são cuidadosamente implantados na parede gástrica anterior. Ainda em fase experimental, os pesquisadores estão investigando como o sinal elétrico emitido pelo dispositivo leva à perda de peso.

Pernas de uma mulher com excesso de peso em cima de uma balança
Dispositivo criado na Unicamp pode ajudar a controlar obesidade grave

Na prática, o dispositivo estabelece uma conexão entre a atividade elétrica do estômago e as respostas hormonais do sistema nervoso central, permitindo que ele controle, gere e conduza os sinais necessários para estimular a parede gástrica do paciente.

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Resultados iniciais promissores

Na primeira fase dos experimentos, os pesquisadores observaram três grupos de porcos durante um período de 30 dias, divididos da seguinte maneira:

  1. O primeiro grupo permaneceu com o dispositivo ligado.
  2. O segundo grupo teve o dispositivo implantado, mas desligado.
  3. O terceiro grupo não sofreu intervenção, mas permaneceu no mesmo local dos demais.

Os dois primeiros grupos passaram por cirurgias de laparotomia, nas quais os dispositivos foram implantados por meio de um corte no abdômen. 

O eletrodo responsável pelos estímulos foi colocado na parede do estômago, e um cabo conectou a tecnologia a um gerador de energia sob a musculatura.

Durante os testes, os porcos do primeiro grupo deixaram de ganhar peso dentro da curva de crescimento, mesmo recebendo a mesma alimentação que os outros grupos.

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Para quem é destinado o dispositivo?

A pesquisadora Raquel Leal enfatiza que o dispositivo foi concebido em resposta ao aumento alarmante da obesidade em todo o mundo, inclusive em pessoas jovens, o que impacta significativamente os serviços de saúde.

Homem com excesso de peso
O dispositivo foi feito por causa do aumento da obesidade em todo o mundo, até entre os jovens

Além das comorbidades associadas à obesidade, como hipertensão arterial, diabetes e problemas osteoarticulares, indivíduos com alto índice de massa corporal enfrentam um risco maior de desenvolver câncer, principalmente do trato gastrointestinal.

O dispositivo representa uma alternativa promissora para casos de obesidade grave que não respondem aos tratamentos convencionais, como reeducação alimentar, atividade física e acompanhamento nutricional para perda de peso.

Pode substituir a cirurgia bariátrica?

De acordo com a pesquisadora, para alguns pacientes, o dispositivo pode ser uma opção viável. Ela observa que a ideia é torná-lo menos invasivo do que a cirurgia bariátrica e mais eficaz do que o balão gástrico.

No futuro, a expectativa é que o eletroestimulador possa ser implantado em pacientes por meio de videolaparoscopia, um procedimento menos invasivo que utiliza uma pequena câmera no abdômen.

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Próximos passos e perspectivas futuras

A equipe está atualmente conduzindo uma segunda rodada de experimentos para entender melhor como a eletroestimulação gástrica afeta os hormônios relacionados à fome e à saciedade, bem como outros possíveis mecanismos envolvidos no processo. 

É importante destacar que o estudo ainda está na fase de testes experimentais em animais e que a aplicação em seres humanos é um processo que requer tempo. No entanto, a patente do dispositivo já foi obtida e registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

A próxima fase de estudos está programada para durar pelo menos dois anos, com testes realizados em porcos adultos com cerca de 50 kg. Na primeira etapa, os animais estudados ainda estavam em fase de crescimento e pesavam cerca de 15 kg.

O que você achou deste novo dispositivo criado pela Unicamp? Você acha que poderá ajudar a diminuir os índices de obesidade no país em um futuro próximo? Você já conhecia as comorbidades associadas à obesidade? Comente abaixo!

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Sobre Valdir Campos

Valdir de Campos Júnior é estudante de jornalismo, e combina sua paixão pela escrita com um forte interesse pelo universo da saúde e boa forma. Valdir é motivado pela curiosidade e pelo desejo de adquirir conhecimento, visando inspirar e informar as pessoas sobre um estilo de vida saudável.

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