Posso fazer jejum intermitente todos os dias?

O jejum intermitente é um tipo de dieta muito utilizada em programas de perda de peso, embora a sua aplicação esteja associada a algumas polêmicas, com pessoas que afirmam que ele pode ser feito todos os dias, enquanto outras dizem que isso não é aconselhável. 

Mas, como veremos mais adiante, o jejum intermitente pode não ser adequado para todas as pessoas, e seu uso exige alguns cuidados, principalmente na escolha dos alimentos que serão consumidos na janela alimentar.

Assim, vamos agora descobrir se é possível fazer jejum intermitente todos os dias, e se a prática é segura e recomendável para todas as pessoas, além de entender algumas especificidades deste método.

Veja também: O que comer no jejum intermitente?

Sobre o jejum intermitente

O jejum intermitente é um programa alimentar em que a pessoa intercala períodos em que o consumo de alimentos é liberado, com período, que podem variar na quantidade de horas, de jejum.

Entretanto, apesar de parecer algo simples, existem algumas características específicas de cada tipo de jejum, como afirma o pesquisador da área de nutrição Kris Gunnars:

“Nenhum alimento é permitido durante a janela de jejum, mas você pode tomar água, café, chá e outras bebidas não alcoólicas. Além disso, algumas formas de jejum intermitente permitem pequenas quantidades de alimentos de baixas calorias durante o período de jejum”.

Assim, é importante que se realize uma consulta com um nutricionista antes de iniciar o jejum intermitente, para que o profissional possa avaliar qual a melhor forma de iniciar esse programa alimentar, ou mesmo entender se ele é o mais recomendável para o seu caso.

Contraindicações do jejum intermitente

Antes de tudo, é importante ressaltar que o jejum intermitente não é um tipo de dieta segura ou adequada para todas as pessoas.

De acordo com John Berardi, PhD especializado em bioquímica de nutrientes, o jejum intermitente é contraindicado para alguns grupos de pessoas. São eles:

• Mulheres grávidas ou que estejam amamentando.
• Pessoas com histórico de distúrbio alimentar.
• Pessoas com problemas de sono ou com estresse crônico.
• Iniciantes no mundo da dieta e exercícios.

No mesmo sentido, o pesquisador da área de nutrição Kris Gunnars alertou, em seu artigo, que o programa alimentar não deve ser seguido por quem está abaixo do peso e pelas mulheres que sofrem com problemas de fertilidade e/ou estejam tentando engravidar.

Por fim, pessoas com diagnóstico de diabetes, seja do tipo 1 ou 2, devem consultar um profissional especializado antes de iniciar o jejum intermitente.

Isso é importante porque esse programa alimentar mexe bastante com o metabolismo, o que pode afetar o efeito dos medicamentos utilizados para o controle da glicemia.

Jejum intermitente todos os dias: motivos contra

Com os alertas feitos, podemos então focar na frequência do jejum intermitente.

A metodologia mais usada do jejum é o 16/8 ou Protocolo Leangains, que consiste em jejuar ao longo de 14 a 16 horas todos os dias e restringir todas as refeições diárias a uma janela de 8 a 10 horas.

O problema de seguir um método como esse e ficar a maior parte do dia sem comer nada todos os dias é a dificuldade para sustentar essa rotina por muito tempo.

Além disso, pode ser desafiador conseguir consumir todas as calorias e nutrientes que o organismo necessita para funcionar bem durante as 24 horas do dia, em um intervalo de somente 8 a 10 horas. 

Por isso, a maioria dos especialistas não recomendam o jejum diário, pois isso pode trazer dificuldades desnecessárias para a pessoa, além de aumentar o risco de deficiências nutricionais.

Jejum intermitente diário: pontos a favor

O fato de existir um método ou protocolo de jejum intermitente que envolve passar horas sem comer diariamente pode indicar que, pelo menos para algumas pessoas, pode ser possível fazer jejum intermitente todos os dias.

Nesses casos, é possível reservar a maior parte das horas em jejum no dia para o período da noite e, desta maneira, passar todo o tempo em que não pode comer com maior facilidade.

Mas é importante ter em mente que enquanto algumas pessoas podem ficar bem ao seguir o jejum intermitente diariamente, outras podem ter prejuízos ao fazer isso. Isso ocorre porque cada indivíduo tem um organismo e hábitos diferentes.

Além disso, é difícil saber quem irá se adaptar ao jejum intermitente diário. Assim, o ideal é realizar este programa alimentar poucas vezes por semana, juntamente com algumas mudanças de estilo de vida, como a realização de exercícios.

Desta forma, você poderá ir modificando o tempo e a frequência do jejum de acordo com a tolerância e com os resultados alcançados.

A importância de escolher bem os alimentos

Outro ponto a se ressaltar é que o jejum intermitente não é uma técnica que pode ser usada de qualquer jeito.

Por isso, é importante selecionar bem os alimentos que serão consumidos na janela de alimentação.

Em geral esses alimentos possuem algumas características em comum, como:

• Baixo índice glicêmico.
• Boa quantidade de fibras alimentares.
• Ricos em proteínas.
• Baixo teor de gorduras saturadas e colesterol.
• Alimentos naturais (in natura), como frutas, legumes e verduras.

Entretanto, essa seleção de alimentos deve, sempre que possível, ser feita em conjunto com uma nutricionista, que irá avaliar as suas necessidades diárias de cada nutriente.

Assim, será mais fácil perder peso, além de melhorar a saúde como um todo.

Possíveis efeitos colaterais do jejum intermitente

Existem 10 efeitos colaterais do jejum intermitente que podem significar que talvez o regime deva ser interrompido e que o médico e/ou o nutricionista deve ser consultado. São eles:

• Mal humor ou irritação, devido ao fato de você não poder comer quando o seu corpo sinaliza a fome.
• Grandes mudanças de humor, que afetem o dia a dia.
• Fadiga ou névoa cerebral (falta de clareza mental).
• Obsessão em relação aos alimentos, que pode se manifestar, por exemplo, ao passar tempo em excesso pensando na quantidade ou qualidade dos alimentos que vai consumir, o que pode resultar no desenvolvimento de um distúrbio chamado de ortorexia.
• Hipoglicemia, que é a redução drástica dos níveis de açúcar no sangue, com sintomas como tontura, dores de cabeça e náusea persistente. 
• Queda de cabelo, já que uma perda de peso repentina ou a deficiência de nutrientes, como proteínas e vitaminas do complexo B, podem provocar o problema.
• Alterações no ciclo menstrual, que podem ocorrer devido à perda exagerada de peso ou mesmo à falta de nutrientes e calorias.
• Prisão de ventre, que pode ser desenvolvida pelo consumo insuficiente de líquidos ou fibras alimentares.
• Não comer de maneira saudável na janela de alimentação do jejum intermitente, consumindo muitas calorias para compensar as horas a fio sem comer nada, como por exemplo guloseimas, frituras e fast-foods. 
• Perturbações do sono.

Vídeos relacionados:

Os vídeos abaixo também vão te ajudar a esclarecer dúvidas sobre o jejum intermitente. Aproveite para clicar no botão a seguir e se inscrever no nosso canal!

Vídeo: Jejum intermitente faz mal?

Fontes e referências adicionais

• Intermittent fasting promises better health and longer life, but does it work?, Harvard Health Publishing
• Fasting: Molecular Mechanisms and Clinical Applications, Cell Metab. 2014 Feb 4; 19(2): 181–192.
• Intermittent fasting vs daily calorie restriction for type 2 diabetes prevention: a review of human findings, Adrienne R.BarnoskyaKristin K.HoddybTerry G.UntermanaKrista A.Varady
• Augmented growth hormone (GH) secretory burst frequency and amplitude mediate enhanced GH secretion during a two-day fast in normal men, J Clin Endocrinol Metab . 1992 Apr;74(4):757-65. doi: 10.1210/jcem.74.4.1548337.
• Alternate-day fasting in nonobese subjects: effects on body weight, body composition, and energy metabolism, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 81, Issue 1, January 2005, Pages 69–73, https://doi.org/10.1093/ajcn/81.1.69
• Caloric restriction and intermittent fasting: Two potential diets for successful brain aging, Ageing Res Rev. 2006 Aug; 5(3): 332–353.

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