Auriculoterapia: o que é, para que serve e como é feita

A auriculoterapia é uma técnica terapêutica alternativa, que faz parte da medicina tradicional chinesa e francesa e, atualmente, é praticada por médicos acupunturistas que podem ser encontrados, inclusive, por meio do SUS, fazendo parte do Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).

Como o próprio nome do programa sugere, a técnica é complementar, ou seja, não deve substituir um tratamento convencional prescrito pelo médico ou médica que acompanha o caso clínico.

Veja, com detalhes, o que é a auriculoterapia, para que serve e como é feita.

Auriculoterapia: o que é?

A auriculoterapia é um tipo de terapia alternativa feita no pavilhão auricular, ou parte externa das orelhas, onde são aplicadas agulhas finas, semelhantes às usadas na acupuntura, sementes de mostarda ou pequenas esferas magnéticas que ficam presas à pele, exercendo uma pressão pontual.

Veja o que são pontos de acupressão, quais são e para que servem.

Existem outros meios de se fazer essa estimulação mecânica pontual no pavilhão auricular, que variam conforme os fundamentos teóricos e práticos que o médico ou médica acupunturista segue, podendo fazer parte da tradição chinesa ou francesa. A terapia pode, assim, ser feita com cristais, massagem, bastões de moxa, laser, entre outros.

O objetivo desta terapia é restabelecer o equilíbrio energético do corpo, para tratar problemas físicos de saúde, como a enxaqueca, ou desequilíbrios mentais/emocionais, por exemplo, a ansiedade e insônia.

O fundamento da técnica consiste na compreensão de que cada parte da orelha, ou ponto auricular, representa um órgão ou sistema do corpo humano e, ao estimulá-las, é possível tratar problemas que estejam acometendo partes específicas do corpo. Estima-se que existam em torno de 200 pontos auriculares dispostos em cada face do pavilhão auricular.

O pavilhão auricular contém vários nervos que se comunicam com o sistema nervoso central (cérebro e medula espinal), podendo modular suas respostas, diminuindo sintomas relacionados ao estresse físico e mental e aumentando a sensação de relaxamento e analgesia (alívio da dor).

Os órgãos e sistemas do corpo estão representados na orelha na forma de um feto de cabeça para baixo, que contempla todos os órgãos, membros, ossos, tecidos e vísceras do corpo.

Um determinado ponto da orelha ligado a um órgão interno do corpo pode estar relacionado com sintomas manifestos em outros órgãos ou sistemas. Por exemplo, fundamentos teóricos da medicina chinesa ensinam que pode-se estimular o ponto na orelha ligado ao fígado, se o objetivo do médico acupunturista é tratar sintomas relacionados à visão da pessoa em tratamento.

O pavilhão auricular, assim como as mãos e os pés, possuem pontos que se conectam com alguns órgãos internos do corpo humano. Confira este artigo que fala sobre a técnica de reflexologia das mãos.

A auriculoterapia também pode ser utilizada como ferramenta diagnóstica, para se identificar locais do corpo que estejam sendo acometidos por algum desequilíbrio ou doença. Caso haja algum problema, ocorre algum tipo de alteração, seja no ponto, ou no órgão atingido. Essa alteração pode ser a mudança de cor da pele, aparecimento de nodulações, edemas e dor à palpação.

Para que serve a auriculoterapia

A auriculoterapia é indicada para o tratamento de diversas doenças, dores, sintomas e desequilíbrios físicos e mentais, como:

Dores no corpo, em geral
Dores musculares causadas por torção, distensão ou contratura
Dor no nervo ciático
Dores de cabeça e enxaquecas
Cólicas menstruais e outros sintomas da TPM
Distúrbios emocionais: ansiedade, depressão, síndrome de burnout, insônia e compulsão alimentar
Distúrbios sistêmicos: problemas cardíacos, respiratórios e hormonais
Distúrbios funcionais digestivos: náuseas, vômitos e constipação crônica
Vícios, como tabagismo e alcoolismo
Alergias, como rinite
Emagrecimento e retenção de líquidos
Infecção urinária
Hipertensão (pressão alta)
Vertigem
Gripe ou tosse
Problemas motores
Desordem temporomandibular

A auriculoterapia é indicada para qualquer pessoa que queira fazer um tratamento complementar alternativo, sendo indicada, inclusive, para crianças e gestantes.

De acordo com o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, a técnica deve ser aplicada com cautela em pessoas que possuem o sistema imunológico debilitado, devido à infecção pelo vírus HIV/AIDS, pessoas com infecção microbiana ativa (aguda), portadores de diabetes ou que fazem tratamento com anticoagulantes.

Como é feita a auriculoterapia?

Auriculoterapia: pontos — Imagem: via *Postal Saúde*

Na primeira consulta, o profissional solicitará que você relate todos os sintomas que apresenta e, com isso, buscará compreender quais órgãos ou sistemas do corpo estão afetados por algum desequilíbrio físico ou doença.

Após essa etapa diagnóstica, o profissional define os pontos que deverão ser estimulados, ou seja, mecanicamente pressionados, com a abordagem mais apropriada, que pode incluir:

Agulhas finas: aplicadas e mantidas no ponto auricular durante 10 a 30 minutos.
Agulhas intradérmicas: inseridas abaixo da pele e mantidas por cerca de 7 dias.
Pequenas esferas magnéticas: colocadas sobre a pele e mantidas com esparadrapo por cerca de 5 dias.
Sementes de mostarda: podem ser aquecidas ou não, e são deixadas na pele por cerca de 5 dias, presas com esparadrapo.

Para que a terapia seja eficiente, é importante que as esferas ou sementes deixadas na pele sejam pressionadas várias vezes ao dia, com o cuidado de não molhar ou deslocá-las. Normalmente, são estimulados de 3 a 5 pontos de uma vez, dependendo do local anatômico a ser tratado.

A duração máxima do tratamento é de 7 dias, devendo haver um intervalo de 24 horas para observação, antes de se iniciar uma outra aplicação.

O número de sessões necessárias varia de caso para caso mas, no geral, podem ser recomendadas até 10 sessões. Algumas pessoas precisam fazer o tratamento de forma periódica, a cada 6 meses ou 1 ano.

O pavilhão auricular é um local rico em cartilagens, por isso, a técnica deve ser executada por profissionais qualificados, a fim de se evitar infecções graves envolvendo as estruturas da orelha, como é o caso da condrite auricular.