Dor no estômago: 7 possíveis causas e o que fazer

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A dor no estômago é tratada na medicina como dispepsia, um quadro clínico que engloba outros sintomas que costumam ocorrer juntamente com a dor, como indigestão, queimação, refluxo, azia e sensação de estufamento. 

Esses sintomas são típicos de doenças que afetam o estômago, mas também podem ser decorrentes do uso indiscriminado de medicamentos, especialmente de anti-inflamatórios, bebidas alcoólicas e tabagismo, que são substâncias potencialmente agressivas à mucosa do estômago, podendo causar os sintomas de dispepsia. 

Veja quais são as possíveis causas de dor no estômago e o que fazer. 

Gastrite

O termo gastrite significa inflamação do estômago, que pode ter evolução aguda ou crônica. 

A gastrite aguda se desenvolve rapidamente, como consequência da ingestão de álcool, do uso de anti-inflamatórios em excesso ou de intoxicação alimentar. 

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A gastrite crônica apresenta uma história longa de desenvolvimento, como consequência, na maioria das vezes, de uma infecção pela bactéria Helicobacter pylori

A queixa mais comum de quem convive com a gastrite é a queimação na boca do estômago, que pode vir acompanhada de dor, arrotos, flatulência e desconforto abdominal. Esses sintomas podem melhorar ou piorar após as refeições, depende do que a pessoa comer e beber, e de sua reação aos alimentos. Veja alguns alimentos, ideias de cardápio e dicas para quem tem gastrite.   

O que fazer

Na presença de desconforto abdominal, dor no estômago e queimação, é aconselhado marcar uma consulta com um médico ou médica clínico geral ou especialista (gastroenterologista), para fazer exames e obter o diagnóstico e o plano de tratamento, que é feito com remédios que reduzem a produção de ácido estomacal e aliviam os sintomas de dispepsia. Caso haja infecção pela bactéria H. pylori, o tratamento pode incluir antibióticos. Veja quais são os remédios mais usados no tratamento da gastrite.

O tratamento da gastrite é muito importante não só para o alívio dos sintomas, mas também para evitar a evolução dessa inflamação para um quadro clínico de úlceras, que são lesões em forma de erosões na mucosa do estômago. 

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Gastrite
A gastrite é uma das causas mais comuns da dor no estômago, principalmente a crônica

Úlceras pépticas

As úlceras pépticas são lesões na mucosa do estômago provocadas pela ação do ácido clorídrico, que é o nome do ácido presente no estômago e que atua na digestão dos alimentos. 

As principais causas de formação das úlceras são o abuso de anti-inflamatórios, alimentação muito rica em gorduras e a infecção pela bactéria H. pylori

Os sintomas da úlceras, que incluem a dor no estômago e a sensação de queimação, se manifestam quando o órgão se encontra vazio. Nas três horas que sucedem a refeição, o alimento fica no estômago sendo digerido pelo ácido estomacal. Porém, após a passagem do alimento digerido do estômago para o intestino, ainda há ação do ácido clorídrico no estômago vazio, que é quando os sintomas se desenvolvem. Normalmente, a dor no estômago melhora assim que a pessoa ingere algum alimento. 

Os sintomas também tendem a se manifestar durante a noite e a madrugada, quando ocorre uma liberação natural de ácido clorídrico no estômago. 

É comum ocorrerem períodos sintomáticos de dor, náuseas, vômitos e desconforto abdominal intercalados por semanas ou meses sem dor no estômago ou outro sintoma. 

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O que fazer

Confirmado o diagnóstico de úlcera feito por um médico ou médica clínico geral ou gastroenterologista, é iniciado o tratamento com remédios antiácidos e inibidores da bomba de prótons (inibidores da acidez estomacal), para diminuir a agressão do ácido à parede do estômago que já se encontra machucada, a fim de fornecer a condição para que as lesões cicatrizem. 

Enquanto isso, a pessoa com dor no estômago pode tomar analgésicos receitados pelo(a) profissional, para controlar o sintoma. 

Assim como na gastrite, caso seja constatada a presença da bactéria H. pylori, o tratamento deverá incluir algum antibiótico. 

O sucesso do tratamento depende de mudanças comportamentais, especificamente da alimentação. Deve-se reduzir ao máximo o consumo de frituras, carnes gordas, alimentos açucarados e bebidas gaseificadas e cafeinadas. Veja algumas orientações sobre a dieta para quem tem úlcera, com algumas dicas que podem auxiliar na reeducação alimentar

Refluxo gastroesofágico 

Refluxo
Pessoas com refluxo sofrem bastante com azia e regurgitação

O refluxo gastroesofágico é o retorno do ácido estomacal para o esôfago, que ocorre por um mau funcionamento do esfíncter (válvula), que separa as duas estruturas. 

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Uma pessoa com refluxo pode sentir dor no estômago, porém os sintomas típicos, que levantam a suspeita de se tratar desse problema são azia e regurgitação. A regurgitação é a volta do alimento no esôfago sem haver, previamente, náuseas ou contrações muito fortes no estômago, como ocorrem quando a pessoa está vomitando. 

Também pode haver queimação no esôfago e sabor amargo na boca por causa do retorno do ácido estomacal, acompanhada de sensação de peso no estômago, arroto e tosse seca. 

O que fazer

Na presença desses sintomas, é preciso buscar auxílio de um médico ou médica gastroenterologista, que pode prescrever alguns medicamentos que reduzem ou bloqueiam a produção de ácido estomacal.

Além disso, nesta consulta, você recebe orientações sobre como deve ser a sua alimentação, em relação aos alimentos que devem ser priorizados e aos alimentos que devem ser evitados, bem como a frequência alimentar.

Aconselha-se que você faça refeições menores do que o de costume, ou seja, coma menos quantidade de comida em cada refeição, porém aumente a frequência alimentar. Na prática, o que você comeria em três grandes refeições, deverá fracionar e comer em seis, por exemplo. Fazendo isso, você facilita o processo digestivo, libera menos ácido estomacal e não deixa o seu estômago vazio. Também é importante não se deitar logo após comer, mas esperar 3 horas. Confira algumas orientações sobre dieta para quem tem refluxo.

Câncer de estômago 

O câncer de estômago não é uma causa comum de dor no estômago, porém alguns sintomas associados e fatores de risco podem levar o médico ou médica a suspeitar desta condição clínica. 

Pessoas com mais de 45 anos de idade, fumantes, com histórico familiar de câncer de estômago e portadoras da bactéria H. pylori são consideradas como casos de risco, quando apresentam os seguintes sintomas: 

O que fazer

Em caso de dor no estômago persistente, acompanhada dos outros sintomas mencionados, é importante procurar um gastroenterologista, para uma avaliação. Nem sempre esses sintomas vão indicar um câncer, mas é importante investigá-los assim que aparecem, pois quanto antes o problema é diagnosticado e tratado, maiores são as chances de cura. 

Caso o câncer de estômago seja confirmado, o tratamento pode envolver uma cirurgia para retirada de uma parte do estômago e sessões de quimioterapia ou radioterapia. 

Uso de alguns medicamentos 

Alguns medicamentos anti-inflamatórios podem iniciar os sintomas de dispepsia, incluindo a dor no estômago, ou mesmo piorar sintomas já existentes. 

Medicamentos facilmente adquiridos em farmácias e normalmente usados sem prescrição médica, como a aspirina e ibuprofeno, podem provocar lesões na mucosa estomacal, levando à um quadro de gastrite aguda. 

Esses fármacos comprometem a integridade da mucosa estomacal, que protege a parede do estômago, deixando-a vulnerável à ação das substâncias ativas, que irritam e causam dor no estômago. 

Outros fármacos têm sido associados aos sintomas de dispepsia:

  • Digoxina, usada no tratamento de problemas cardíacos.
  • Suplemento de ferro
  • Bloqueadores dos canais de cálcio, usados no tratamento da hipertensão arterial (pressão alta).
  • Teofilina, utilizada no tratamento de pessoas com asma e doença obstrutiva crônica, para prevenir o fechamento dos brônquios e a consequente falta de ar.
  • Corticoides
  • Metformina, um antidiabético.
  • Alendronato, usado no tratamento da osteoporose.
  • Orlistate, aplicado ao tratamento da obesidade.
  • Suplementos de potássio
  • Acarbose, um hipoglicemiante que torna a digestão dos carboidratos mais lenta. 
  • Alguns antibióticos, como eritromicina e metronidazol.
  • Ginkgo biloba, planta medicinal usada no tratamento de vertigens e zumbidos no ouvido. 

O que fazer

Caso você esteja fazendo uso do anti-inflamatório ou outro medicamento com prescrição médica, tome o medicamento após uma refeição ou acompanhado de uma fruta ou outro lanche leve, o importante é não tomá-lo de estômago vazio. 

Se estiver usando algum anti-inflamatório há mais de 14 dias, para aliviar a dor em alguma parte do corpo, sem prescrição médica, é recomendado que você suspenda o uso do medicamento e procure ajuda médica para saber a causa da sua dor e tratá-la devidamente. 

A automedicação pode mascarar sintomas importantes, que podem estar sinalizando algum problema de saúde mais grave, além de prejudicar a mucosa do estômago e causar dor. 

Parasitoses e outras infecções

Uma parasitose pode causar dor no estômago, enjoo e mal estar generalizado. É o caso da estrongiloidíase, causada pelo helminto Strongyloides stercoralis.

Gastroenterites causadas por bactérias e vírus também podem causar dor no estômago, diarreia, náuseas e mal-estar generalizado, por conta da infecção microbiana e inflamação estomacal e intestinal. 

O que fazer

Como a desidratação é uma complicação comum das parasitoses e infecções microbianas no estômago e intestino, é recomendado redobrar os cuidados com a hidratação aumentando a ingestão de água, sucos, sopas e soro caseiro. Veja como fazer soro caseiro e quando tomar

Caso você tenha febre e esteja vomitando muito, sem conseguir beber água e se alimentar devidamente, procure ajuda em uma unidade de pronto atendimento, para receber medicação e hidratação na veia. 

Dispepsia funcional

Dispepsia
Mais uma condição que provoca dores no estômago e outros sintomas é a dispepsia

Dispepsia funcional é o nome dado à condição de uma pessoa que apresenta dores no estômago e sintomas associados, sem que se consiga identificar a causa, mesmo após vários exames investigativos.

Normalmente, surgem outros sintomas associados à dispepsia funcional:

  • Trânsito estomacal lento, por problemas no músculo gástrico. 
  • Transtornos psicológicos, principalmente ansiedade e depressão. Neste contexto, a dispepsia funcional é comumente referida como gastrite nervosa, veja quais são os sintomas.  
  • Sensibilidade aumentada no estômago, associada ao estiramento causado pela ingestão de alimentos. 
  • Infecção pela bactéria H. pylori, porém sem desenvolvimento de gastrite ou úlcera no estômago.   

O que fazer

Mesmo que a pessoa não tenha gastrite ou úlceras, o tratamento voltado para o combate da bactéria H. pylori, quando ela está presente, parece resultar no alívio dos sintomas de dispepsia. Os medicamentos comumente usados no tratamento da gastrite, da úlcera e do refluxo, que atuam na redução do ácido estomacal, também são úteis para aliviar os sintomas de dor no estômago e outros.

Fontes e referências adicionais

Você sente dor no estômago com frequência? Já passou por uma consulta com clínico geral ou gastroenterologista, para avaliar essa dor? Toma algum medicamento para tratá-la? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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