A pálpebra inchada reflete a ocorrência de uma inflamação em um ou ambos os olhos, geralmente como consequência de uma alergia ou infecção.
Normalmente, uma pálpebra inchada não é sinal de um problema grave de saúde, sendo facilmente resolvida em poucos dias, espontaneamente ou com o uso de medicações apropriadas.
Mas, quando os sintomas persistem ou pioram com o tempo, é recomendado visitar um médico ou médica oftalmologista, pois a pálpebra inchada também pode ser um sintoma de problemas mais graves, que podem afetar os olhos.
Veja quais são as principais causas de pálpebra inchada e o que fazer.
Traumas oculares
Os olhos são regiões bastante sensíveis do corpo, logo, qualquer lesão ou trauma pode provocar uma inflamação e deixar a pálpebra inchada.
Os traumas oculares podem ocorrer por queimaduras, perfurações ou pancadas na região dos olhos.
Crianças, idosos, operários de máquinas ou de produtos químicos, que não utilizam óculos de proteção, e atletas são os grupos com maior risco de sofrer esse tipo de trauma.
Alguns traumas oculares podem ser irreversíveis, o que significa que podem levar à perda total da visão, por isso, é preciso ter bastante cuidado.
O que fazer
Casos de lesões por perfuração ou pancadas com hemorragia requerem atendimento médico emergencial.
Se a pálpebra ficar inchada e avermelhada, por causa de respingos de produtos químicos, resíduos de madeira, ou qualquer outro tipo de corpo estranho, deve-se lavar os olhos com água corrente e buscar ajuda médica.
Medidas preventivas são essenciais para evitar traumas oculares, então deve-se dar especial atenção às crianças, para que não machuquem seus olhos com objetos potencialmente perigosos.
Trabalhadores e atletas não devem deixar de utilizar seus equipamentos de proteção pessoal.
Uso incorreto de lentes de contato
O uso incorreto das lentes de contato pode deixar os olhos vulneráveis à inflamação nos tecidos que revestem as pálpebras, e a infecções por microrganismos patogênicos, como bactérias e vírus.
O uso incorreto das lentes de contato inclui desde a falta de higienização adequada até o uso do material vencido ou danificado.
O que fazer
Antes de colocar ou retirar as lentes de contato, lave bem as mãos com água e sabão. Lave as lentes de contato com a solução multiuso para lentes, que as deixam livres de microrganismos patogênicos.
Coloque as lentes nos olhos, antes de passar maquiagem, e não compartilhe itens como rímel e lápis de olho com outras pessoas. Evite dormir com as lentes de contato nos olhos e atente-se ao seu prazo de validade.
Alergias oculares
As alergias oculares são uma causa bem comum de pálpebra inchada. Uma alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância que ele considera invasora ou agressora.
Essa substância pode ser poeira, pólen de alguma planta, uma maquiagem ou um colírio ou solução que se usa nas lentes de contato. Quando a substância contra a qual a pessoa tem alergia entra em contato com seus olhos, o sistema imune prontamente libera mediadores químicos chamados “histaminas”.
A presença da histamina nos olhos aumenta o calibre dos vasos sanguíneos locais, promovendo a chegada de um maior fluxo sanguíneo com as células de defesa até o local de “invasão”. Além de aumentar o fluxo sanguíneo, a histamina também causa coceira e o lacrimejamento dos olhos. Consequentemente, a pálpebra coça, fica inchada e avermelhada.
O que fazer
O primeiro passo é identificar aquilo que te causa alergia e eliminá-lo do ambiente, se possível. Para aliviar a coceira e o inchaço da pálpebra, aplique uma compressa fria nos olhos e procure não esfregá-los.
Em seguida, você pode agendar uma consulta com um médico ou médica oftalmologista que poderá prescrever alguns colírios.
Há vários tipos de colírios, alguns são apenas lubrificantes, outros podem conter anti-histamínicos, que reduzem a liberação de histamina e promovem um alívio dos sintomas, especialmente da coceira. Há também os colírios com corticosteroides, indicados para quadros alérgicos mais graves.
Existe, também, a opção de se fazer uma dessensibilização do organismo à substância causadora da alergia, também conhecida como imunoterapia. Isso é feito com a injeção gradual e crescente do alérgeno (substância que desencadeia a alergia) no organismo, de modo a estimular a imunidade da pessoa.
Conjuntivite
A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, a membrana que recobre a parte interna da pálpebra e a esclera, a parte branca dos olhos. A conjuntiva é transparente, fina e úmida, e serve para proteger o globo ocular contra corpos estranhos.
Um corpo estranho pode ser qualquer substância que inicie uma resposta alérgica no organismo, gerando a conjuntivite alérgica. Ou pode ser um microorganismo, no caso uma bactéria ou um vírus, responsáveis por causar a conjuntivite bacteriana e a viral, respectivamente.
Como se trata de uma inflamação na conjuntiva, os sinais clássicos são a pálpebra inchada, coceira, sensação de areia nos olhos e lacrimejamento ocular.
No caso da conjuntivite bacteriana, também se observa a liberação de uma secreção purulenta, que faz com que as pálpebras fiquem grudadas.
O que fazer
O tratamento da conjuntivite varia de acordo com a causa. Para a conjuntivite viral, não é necessário nenhum tratamento, deve-se esperar o sistema imunológico lidar com o ciclo do vírus invasor.
O tratamento da conjuntivite bacteriana consiste na aplicação de colírios antibióticos que só devem ser usados com orientação médica. Colírios com anti-histamínicos e anti-inflamatórios podem ser prescritos no tratamento de conjuntivite alérgica.
Se você estiver com conjuntivite infecciosa (bacteriana e viral), evite locais com aglomeração, enxugue os olhos com toalhas de papel ou lave as toalhas de pano diariamente, troque as roupas de cama todos os dias, enquanto durar a inflamação. E não compartilhe objetos de uso pessoal.
Veja quanto tempo normalmente dura a conjuntivite.
Terçol
O terçol, também conhecido como “viúva”, é uma infecção bacteriana que afeta as glândulas sebáceas (produtoras de sebo) e sudoríparas (produtoras de suor), que ficam bem na margem das pálpebras.
Elas são responsáveis por produzir uma fina camada de gordura que impede a evaporação de substâncias das lágrimas, importantes para a hidratação dos olhos.
Normalmente, essa infecção é causada pela bactéria Staphylococcus aureus, muito comum na nossa pele, levando à inflamação e consequente inchaço da pálpebra.
O sinal mais comum do terçol é a formação de uma lesão, com formato de uma bolinha avermelhada, localizada bem na borda da pálpebra, próxima aos cílios.
Outros sintomas típicos de inflamação também ocorrem, como dor e sensibilidade ao toque, coceira, lacrimejamento e sensibilidade à luz.
O que fazer
Normalmente, o terçol é drenado e resolvido espontaneamente em 2 ou 3 dias. Para facilitar o processo, você pode aplicar compressas mornas nos olhos, durante 10 a 15 minutos, de 3 a 4 vezes ao dia. Veja outros remédios caseiros para terçol.
Em alguns casos, o médico ou médica pode receitar colírios com antibióticos ou medicações por via oral para tratar o terçol, e com isso evitar o espalhamento da infecção, especialmente em pacientes que têm o sistema imunológico debilitado.
Calázio
O calázio, apesar de parecido com o terçol, é um problema na pálpebra de origem diferente. O terçol tem origem em uma infecção bacteriana, já o calázio é resultado de uma inflamação (sem infecção) das glândulas de Meibômio, que ficam na borda interna da pálpebra, atrás dos cílios.
Ocorre um aumento da concentração de fluidos na pálpebra, que não são drenados por causa da obstrução dos ductos, provocada pela inflamação. A secreção, então, vai se acumulando atrás da pálpebra e forma um granuloma.
No início, os sintomas são parecidos com os de terçol, apenas dor leve e inchaço da pálpebra. Com o crescimento do granuloma, que é o acúmulo de tecido inflamado na pálpebra, ele pode pressionar o globo ocular, fazendo com que a visão fique turva.
O que fazer
O tratamento do calázio normalmente não é feito com antibióticos ou corticoides, apenas compressas de água morna.
Caso o problema seja muito recorrente, deve-se procurar um oftalmologista para uma avaliação refracional dos olhos, um exame oftalmológico que pode identificar a causa do calázio recorrente. Em casos assim, algumas vezes são feitas raspagens da glândula de Meibômio, que costuma inflamar.
Blefarite
A blefarite é uma doença dos olhos, caracterizada por uma inflamação crônica e recorrente nas bordas das pálpebras, cuja origem pode ser infecciosa, alérgica ou tóxica.
Pessoas que apresentam problemas de pele, como excesso de oleosidade e caspa, ou que têm olhos muito secos, são mais suscetíveis à doença.
Na blefarite, as glândulas produtoras de sebo no interior das pálpebras são afetadas pela inflamação, dificultando a drenagem da gordura que compõem o filme lacrimal.
Os sintomas são coceira e irritação nos olhos, ardência, lacrimejamento constante e dor. As pálpebras inchadas ficam com um aspecto oleoso e pode haver a perda de alguns cílios.
Um sinal típico de blefarite é a descamação na pálpebra, que se parece com caspa na base dos cílios, e a secreção de remela, onde pode haver o desenvolvimento de bactérias.
O que fazer
O tratamento da blefarite é feito com a limpeza dos olhos com o colírio indicado pelo oftalmologista, que também pode prescrever antibióticos de uso oral ou tópico, na forma de pomadas que devem ser usadas antes de dormir, pois podem deixar a visão embaçada.
Herpes ocular
O herpes ocular é uma infecção causada pelo vírus do herpes simples (HSV), tipo 1, o mesmo que causa o herpes labial.
Uma pessoa pode desenvolver o herpes ocular ao ter contato direto com gotículas de saliva, secreção nasal ou com o conteúdo líquido das feridas que se formam na boca da pessoa infectada.
Geralmente, o herpes ocular afeta apenas um dos olhos. A manifestação da infecção ocorre nas pálpebras, com a formação de pequenas lesões que secam e formam crostas ao final de duas semanas, normalmente.
O vírus também pode afetar a conjuntiva, produzindo sintomas semelhantes aos da conjuntivite. Se o vírus afetar a córnea e não for tratado, o problema pode se agravar, levando à perda progressiva da visão.
O que fazer
O tratamento do herpes ocular é feito com medicações antivirais, de uso oral ou tópico (colírios e pomadas).
Celulite ocular
A celulite ocular, ou celulite orbitária, é um problema infeccioso e inflamatório que afeta as cavidades onde os olhos estão inseridos, podendo ser derivada de uma infecção na região circunvizinha, causada por pancadas/ferimentos, sinusite, conjuntivite ou abscesso dentário.
É mais comum em bebês e crianças, pois suas cavidades ósseas ainda estão em formação sendo, por isso, mais frágeis e vulneráveis a infecções.
A inflamação faz com que as pálpebras fiquem inchadas, avermelhadas e doloridas, limitando o movimento dos olhos.
O que fazer
O tratamento da celulite ocular deve ser imediato, com administração de antibióticos na veia, a fim de controlar a infecção, impedindo que ela se espalhe para regiões mais profundas e delicadas, como o cérebro. Em casa, a pessoa deve continuar o tratamento com antibióticos, antitérmicos e anti-inflamatórios, por até 20 dias.
A cirurgia para drenagem do pus está indicada para os casos mais graves, em que há formação de abscessos, compressão do nervo óptico ou quando não há resposta ao tratamento convencional.
Oftalmopatia de Graves
É um alteração na órbita ocular, que inclui inchaço das pálpebras, deslocamento do globo ocular para fora (olhos saltados), coceira nos olhos, lacrimejamento constante e visão dupla, causada por uma doença na glândula tireoide, o hipertireoidismo.
A oftalmopatia de Graves é uma doença autoimune, na qual os próprios anticorpos da pessoa promovem uma inflamação na glândula tireoide, levando-a a produzir hormônios em excesso.
O que fazer
O caso deve ser tratado por profissionais da oftalmologia e endocrinologia, visando o controle da função hormonal da tireoide. Isso pode ser feito com medicamentos que controlam o sistema imune, com iodo reativo ou com a remoção da glândula.
Para o alívio dos sintomas oculares, são prescritos colírios em solução ou gel, para reduzir a sensação de olhos secos, muito comum no hipertireoidismo.
Fontes e referências adicionais
- Trauma ocular ocupacional por corpo estranho superficial, Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2003; 66(1): 57-60.
- Perspectivas no tratamento da alergia ocular: revisão das principais estratégias terapêuticas, Revista Brasileira de Oftalmologia, 2015; 74(5): 319-324.
- Celulite da região orbitária, Saúde Infantil, 1998; 20(3): 33-41.
Fontes e referências adicionais
- Trauma ocular ocupacional por corpo estranho superficial, Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2003; 66(1): 57-60.
- Perspectivas no tratamento da alergia ocular: revisão das principais estratégias terapêuticas, Revista Brasileira de Oftalmologia, 2015; 74(5): 319-324.
- Celulite da região orbitária, Saúde Infantil, 1998; 20(3): 33-41.