No universo da saúde e bem-estar, sempre surgem tópicos que capturam nossa atenção e aguçam nossa curiosidade. Um deles, que vem perdurando desde os anos 60, é a fama do Engov como um alívio para os sintomas desagradáveis da ressaca. Entretanto, é essencial analisar as indicações oficiais do medicamento e entender realmente como ele atua no nosso corpo.
O Engov, popularmente conhecido como “cura para ressaca”, teve seu auge na década de 60, muito impulsionado por sua presença constante em novelas da época. Mesmo hoje, muitos o consideram um aliado após uma noite de excessos. Todavia, é fundamental destacar que sua indicação em bula é direcionada ao tratamento de dores de cabeça e alergias, e não como um remédio para ressaca.
Entendendo a ressaca a fundo
Antes de nos aprofundarmos sobre o Engov, vamos entender o que acontece em nosso corpo durante uma ressaca. De acordo com o hepatologista Raymundo Paraná, o álcool é inicialmente processado no estômago e intestino delgado, para depois passar por uma segunda fase no fígado, onde é formado o acetaldeído, uma substância tóxica associada aos sintomas da ressaca.
Essa substância provoca a dilatação dos vasos sanguíneos, gerando sintomas como vermelhidão na pele e dor de cabeça. Outras consequências comuns da ressaca incluem náuseas, vômitos e sensibilidade à luz. A ingestão de álcool também aumenta a diurese (às idas ao banheiro para urinar), levando à desidratação, e promove uma redução nas reservas de açúcar no fígado, causando uma intensa vontade de consumir doces.
A história do Engov ganha contornos curiosos na narrativa de Ricardo Amaral, que relata que a criação do medicamento foi atribuída ao cientista Albert Sabin durante um passeio em Angra dos Reis na década de 60. A divulgação amplificada do Engov, entretanto, é creditada ao ator Luiz Gustavo, que o mencionava frequentemente na novela “Beto Rockfeller”, como uma forma pioneira de merchandising.
Composição e indicações do Engov
O Engov é composto por quatro substâncias ativas, cada uma com uma função específica: maleato de mepiramina, que age contra alergias; hidróxido de alumínio, para diminuir a acidez estomacal; ácido acetilsalicílico, conhecido por aliviar dores de cabeça; e cafeína, um estimulante que pode auxiliar na redução de enxaquecas. Importante ressaltar que não há indicações na bula sobre sua eficácia no tratamento de ressacas.
André Bacchi, professor e farmacêutico, alerta para o risco de uma percepção errada sobre o Engov, que pode encorajar o consumo excessivo de álcool. É de extrema importância destacar que a associação de Engov e álcool pode ser prejudicial, aumentando os efeitos sedativos do álcool e podendo levar a quadros de gastrite.
A melhor estratégia para evitar uma ressaca é moderar no consumo de álcool ou abster-se completamente.
Em caso de desconfortos típicos de uma ressaca, é aconselhável buscar medicações específicas para cada sintoma, por exemplo, tomar um analgésico para dor de cabeça ou um anti-emético para náuseas. Assim, o tratamento dos sintomas fica mais individualizado e seguro.