Coca-Cola com limão faz mal? Produz benzeno? Causa câncer?

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Você já se deparou com a informação, especialmente nas redes sociais, de que Coca-Cola com limão faz mal? Os possíveis efeitos da dupla, que costuma ser consumida com pedrinhas de gelo para refrescar os dias mais quentes, deixaram algumas pessoas assustadas.

Isso porque postagens em plataformas como Instagram, Facebook e TikTok alegaram que a combinação provoca uma reação que produz uma substância chamada benzeno, composto cancerígeno quando consumido em altas quantidades.

Não é novidade que, por si só, o refrigerante passa bem longe de ser a bebida mais saudável, porém antes de culpar a combinação da bebida com o limão por graves problemas de saúde é preciso investigar.

O que alegam as postagens?

Coca com limão
Instituições e especialistas desmentiram a afirmação de que Coca-Cola com limão faz mal

Em uma gravação, uma mulher diz que a Coca-Cola possui um ingrediente chamado benzoato de cálcio, mas na verdade, o conservante utilizado na bebida é o benzoato de sódio.

Então, ela declara que a substância jamais deveria entrar em contato com a vitamina C, nutriente presente na composição do limão, pois juntos os compostos reagiriam e se transformariam no benzeno.

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Entretanto, antes de se assustar caso você já tenha consumido Coca-Cola com limão alguma vez na sua vida, é importante saber que instituições e especialistas desmentiram a afirmação e que há uma série de fatores contestados na postagem.

Por exemplo, a postagem cita um texto acadêmico, o “Estudo da formação de benzeno em bebidas contendo o conservante benzoato de sódio”, publicado pela revista Oswaldo Cruz. Mas, a pesquisa não menciona o acréscimo de frutas cítricas aos refrigerantes no momento da ingestão.

Na verdade, o estudo aborda a formação de benzeno na formulação, no processo de produção e nas condições de armazenamento das bebidas, assim como os níveis de benzeno classificados como aceitáveis pelas agências sanitárias.

Além disso, o post também cita a Resolução Anvisa nº 65, de 29 de novembro de 2011, porém o texto aborda a utilização de aditivos para fabricação de cervejas e não cita o benzoato de cálcio ou o ácido ascórbico.

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Conselho Federal de Química classificou afirmação como fake news

O Conselho Federal de Química (CFQ) emitiu uma nota oficial, afirmando que os vídeos que associam a mistura de refrigerante com limão à substância cancerígena são fake news.

“O Sistema CFQ/CRQs, que compreende o Conselho Federal de Química e os 21 Conselhos Regionais de Química, vem a público afirmar que o conteúdo que circula em redes sociais associando o hábito de adicionar limões e laranjas em refrigerantes gera reação química produzindo benzeno (ou benzol) não corresponde à verdade”, dizia a nota.

A instituição explicou que para ocorrer a reação de formação de benzeno a partir de benzoatos presentes no refrigerante e do ácido ascórbico, ou seja, a vitamina C do limão, seriam necessárias condições muito específicas: a presença de metais, temperatura elevada, incidência de luz (raios ultravioleta A) e tempo de contato prolongado.

O CFQ esclareceu ainda que como o refrigerante costuma ser tomado gelado e ao longo de um curto intervalo de tempo, essa é uma reação química que se torna inviável.

Além disso, a instituição afirmou que a reação natural gerada, que é promovida em meio ácido, é a formação de ácido benzoico, substância que é absorvida pelo organismo e facilmente eliminada, uma vez que é solúvel em água.

De acordo com o CFQ, o ácido benzoico não se reduziria diretamente a benzeno, mas sim ao álcool benzílico. Mas, a instituição apontou que as condições para essa redução não estão disponíveis no corpo humano.

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A Anvisa também se posicionou e disse que é uma especulação sem sustentação científica necessária afirmar que adicionar, no momento do consumo, frutas cítricas aos produtos com benzoato possa formar o benzeno.

Especialistas também foram ouvidos

A professora de toxicologia de alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Adriana Arisseto Bragotto, explicou à Reuters que embora teoricamente, a reação pudesse acontecer, na prática ela depende de fatores como alta temperatura, maior tempo de contato e incidência de luz.

Segundo ela, para quem consome uma lata de refrigerante, os riscos relacionados à presença do benzeno são extremamente baixos. Adriana apontou que a contaminação ambiental, vinda da água e do ar poluído com benzeno, representa uma preocupação muito maior nesse sentido.

Além disso, a doutora em Ciência de Alimentos e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Cristiane Vieira Helm, disse ao Estadão que a literatura científica sustenta que a reação necessita de uma grande quantidade de ácido ascórbico.

Ela explicou que a maior quantidade do que há no limão, e também na laranja é ácido cítrico. Embora haja ácido ascórbico, não é em uma quantidade suficiente para desenvolver a reação química e formar uma alta concentração de benzeno, completou Cristiane.

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Coca com limão
Os maiores riscos para quem consome refrigerante estão relacionados a outros nutrientes, como o açúcar adicionado

Empresa se defendeu

A própria Coca-Cola Brasil também se pronunciou, dizendo que “o simples fato de adicionar vitamina C não resulta na formação de benzeno na bebida” e que este tipo de reação não ocorre de modo instantâneo, mas depende de condições muito específicas e de um longo período.

A empresa também se defendeu ao explicar que os ingredientes usados nos seus produtos, como o benzoato de sódio, são considerados seguros pelas principais agências de saúde e reguladoras do mundo.

A companhia ainda declarou que as bebidas são produzidas levando todos os fatores em consideração para minimizar a formação de benzeno e garantir que o seu teor esteja abaixo dos 5 mcg/l, que segundo a Coca-Cola Brasil, é o limite máximo permitido pela Anvisa e por outras agências de saúde.

Fontes e referências adicionais

Você costuma tomar Coca-Cola com limão? Pretende evitar esse hábito agora? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Esther Costa

Esther Costa é nutricionista - CRN-8 13209/P. Graduada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), atua na nutrição clínica com ênfase na nutrição funcional, buscando avaliar o indivíduo em sua totalidade. Está sempre em busca do aperfeiçoamento por meio de cursos e congressos na área. É curiosa, criativa e proativa, e faz parte da equipe de especialistas do MundoBoaForma.

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