Dor do lado esquerdo da barriga: principais causas e o que fazer

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Às vezes, quando algo não anda bem com a saúde, o corpo emite sinais para nos alertar que alguma coisa está errada. Por exemplo, você já sentiu uma dor do lado esquerdo da barriga e ficou se perguntando qual poderia ser a sua causa?

Geralmente, essa é uma dor que  ocorre devido a problemas intestinais, como diverticulite e doenças inflamatórias intestinais. 

Além disso, nas mulheres, o sintoma pode se manifestar por conta de problemas nos ovários ou por uma gravidez ectópica. 

Então, a seguir, saiba mais a respeito das  principais causas de dor do lado esquerdo da barriga e o que fazer nesses casos. 

Diverticulite

Diverticulite
A inflamação dos divertículos pode provocar muitas dores na barriga

A diverticulite é uma doença intestinal que ocorre quando os divertículos ficam inflamados ou infectados, podendo gerar perfurações que formam canais até a cavidade abdominal, onde podem causar outra inflamação, a peritonite. 

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Os divertículos são como pequenas bolsas que se formam no intestino e que podem reter fezes, onde bactérias podem se alojar e proliferar, causando infecção e inflamação

A diverticulite causa dor abaixo do umbigo, que irradia para o lado esquerdo do abdômen. Juntamente com este sintoma, a pessoa com diverticulite pode apresentar sangramentos nas fezes, febre, náusea, vômito e alterações dos hábitos intestinais, como prisão de ventre ou diarreia. 

O que fazer

Assim que o problema é diagnosticado, se não existirem sinais de gravidade, no tratamento inicial, a pessoa é submetida a uma dieta líquida, associada a medicações analgésicas e antibióticas. 

Se a inflamação não se resolver, pode ser necessária uma cirurgia, para retirar a parte do intestino que está afetada pelos divertículos inflamados. Se houver perfurações ou abscessos, eles poderão ser drenados por meio de punção transcutânea.

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Doenças inflamatórias intestinais

As doenças inflamatórias intestinais são caracterizadas por dores abdominais e diarreias decorrentes de um processo inflamatório no intestino. 

A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa são as principais doenças inflamatórias intestinais e apresentam características muito semelhantes, porém a retocolite ulcerativa afeta mais o intestino grosso (cólon e reto), enquanto que a doença de Crohn pode atingir qualquer porção do trato digestivo. 

As duas doenças inflamatórias são, também, crônicas e apresentam uma progressão lenta e de longa duração. Geralmente, os sintomas se manifestam antes dos 30 anos. 

O local da dor depende de qual parte do intestino foi afetada. Se a porção esquerda do trato intestinal estiver inflamada, então, a dor abdominal será concentrada do lado esquerdo.  

Os sintomas da doença de Crohn também podem incluir diarreia, febre, sangramento retal, perda de apetite e perda de peso. Já a lista de sinais da retocolite ulcerativa ainda traz vontade urgente de evacuar, diarreia com sangue e febre. 

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O que fazer 

Como são doenças crônicas, não há tratamentos curativos, apenas paliativos, ou seja, que controlam os sintomas e permitem que a pessoa leve uma vida normal.

O tratamento medicamentoso pode ser aplicado durante os episódios de crises agudas das doenças e consiste na administração de corticosteroides para diminuir a inflamação. 

Em períodos de remissão da doença, ou seja, quando a inflamação não está ativa e produzindo sintomas, é aplicado um tratamento de manutenção. Nesta fase, podem ser usados medicamentos como aminossalicilatos, indicados para reduzir a irritação intestinal, e imunomoduladores, para controlar a atividade do sistema imunológico. 

Síndrome do intestino irritável

Dor na barriga
Outra condição que provoca dor do lado esquerdo da barriga é a síndrome do intestino irritável

Outra possível causa da dor do lado esquerdo da barriga é a síndrome do intestino irritável, um distúrbio em que há inflamação das vilosidades intestinais, que são dobras da camada interna do intestino delgado. 

Essa síndrome está associada à motilidade anormal do intestino delgado, no período de jejum, e a fortes contrações intestinais após a ingestão de alimentos gordurosos ou situações estressantes. 

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A síndrome do intestino irritável apresenta sintomas generalistas, como fortes dores abdominais, que podem ser concentradas do lado esquerdo da barriga, se este for o local com maior inflamação, excesso de gases e períodos de diarreia intercalados com prisão de ventre. 

Para que estes sintomas se classifiquem como uma síndrome do intestino irritável, eles devem estar presentes por, pelo menos, 12 semanas, consecutivas ou não, nos últimos 12 meses.

O que fazer 

O tratamento da dor na síndrome do intestino irritável é feito com medicamentos antiespasmódicos, para reduzir a motilidade intestinal. Em casos de dor mais severa, remédios como antidepressivos tricíclicos, anti-inflamatórios e derivados de morfina podem ser utilizados.

A diarreia e a prisão de ventre são tratadas com medicações específicas, que podem aumentar a consistência do bolo alimentar ou acelerar o trânsito intestinal. 

Mudanças na dieta também podem ajudar no tratamento da síndrome do intestino irritável, como a redução de alimentos gordurosos e daqueles que produzem muitos gases intestinais. Outra estratégia é retirar completamente da dieta os alimentos que pioram ou provocam os sintomas. 

Se existirem fatores de estresse ou ansiedade que funcionam como gatilhos dos sintomas da síndrome do intestino irritável, recomenda-se buscar estratégias para controle do estresse e manejo das emoções com psicoterapia, por exemplo. 

Indigestão

A indigestão ou má digestão se caracteriza por dor ou desconforto na barriga, sensação de estômago cheio, enjoo, gases, arrotos e queimação, principalmente do lado esquerdo, na “boca” (região superior) do estômago.

Alguns fatores podem levar à indigestão, como comer muito rápido e não mastigar adequadamente os alimentos, ingerir muito líquido durante a refeição e exagerar nos alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas.

Além disso, medicamentos irritantes, como eritromicina, ferro e certos  anti-inflamatórios não esteroides também podem provocar sintomas de má digestão. 

O que fazer 

Os antiácidos aliviam os sintomas da indigestão e podem ser usados de vez em quando. Para evitar esses desconfortos e o uso de antiácidos com frequência, é importante cuidar dos hábitos alimentares, preferindo alimentos leves e saudáveis e evitando gorduras e álcool em excesso. 

Se mesmo adotando essas medidas, os sintomas persistirem por mais de uma semana, é recomendado procurar ajuda médica. 

Hérnia abdominal

A hérnia abdominal é uma protuberância na barriga, causada pela projeção (saída) de parte de algum órgão da cavidade abdominal, geralmente uma alça do intestino. A projeção para fora do corpo ocorre através de um ponto mais fraco do músculo abdominal. 

Geralmente, a hérnia não produz nenhum sintoma, pois o conteúdo intestinal continua a fluir normalmente. Porém, quando a abertura da hérnia fica mais estreita, pode ocorrer o estrangulamento do intestino, causando forte dor local, inchaço, náuseas e vômitos.

Certos fatores podem contribuir para o surgimento da hérnia abdominal, como histórico de hérnia, obesidade ou sobrepeso, tosse crônica, fazer muito força ao defecar, gravidez múltipla ou várias gestações em pouco tempo, lesões ou traumas na área abdominal, ascite (acúmulo de líquido na cavidade abdominal) e cirurgia prévia na região abdominal.

A hérnia ainda pode ser resultado de um excesso de esforço físico, que aumenta a pressão na região abdominal. Por isso, a dor piora quando a pessoa carrega peso, se curva ou tosse com muita força. 

A dor que, na maioria das vezes, é concentrada no umbigo, pode ser irradiada para a lateral esquerda do abdômen, pois a hérnia afeta toda a musculatura abdominal. 

O que fazer 

A hérnia abdominal precisa ser retirada cirurgicamente e a parte do órgão projetada para fora deve ser reintroduzida na cavidade abdominal. 

Se a musculatura abdominal estiver muito fraca, o médico ou médica cirurgiã pode introduzir uma tela de reforço, para evitar a formação de novas hérnias. 

Pedras nos rins

Pedra nos rins
Quando uma pedra está alocada no rim do lado esquerdo, pode provocar a dor deste lado da barriga

As pedras nos rins, ou cálculos renais, são substâncias sólidas, semelhantes a pedras, formadas por cristais presentes na urina. 

A presença e a movimentação dessas pedras no trato urinário pode causar dor intensa na região lombar, que irradia para a barriga e atinge até a virilha. Se a pedra estiver alojada no rim ou no ureter esquerdo, a dor é concentrada desse lado do corpo. 

O sintoma é semelhante a uma cólica, caracterizada por períodos de dor muito intensa, seguidos de momentos de alívio. Juntamente com a dor, uma pessoa com pedra nos rins pode ter náuseas e vomitar. Veja outros sintomas de pedras nos rins

O que fazer

Durante uma crise aguda de cólica renal, não se deve beber água exageradamente, com o intuito de expulsar a pedra, pois isso aumenta a pressão nos rins e, consequentemente, piora a dor. Para aliviar a dor, são prescritos analgésicos e anti-inflamatórios. 

As pedras podem ser retiradas cirurgicamente ou podem ser quebradas, para facilitar a sua eliminação através da urina. Para isso, as pedras são bombardeadas com ondas de choque, em um procedimento chamado litotripsia. 

Cisto no ovário

Os cistos no ovário são pequenas bolsas cheias de líquidos, que se formam dentro ou ao redor de um ou dos dois ovários. O seu aparecimento é comum, especialmente na idade reprodutiva, entre os 15 e 35 anos. Eles também podem ter relação com a dor do lado esquerdo da barriga.

Muitos desses cistos fazem parte do ciclo menstrual normal da mulher e são chamados de cistos foliculares ou cistos de corpo lúteo. Porém, também existem os cistos patológicos que, na maior parte dos casos, são benignos.

Os cistos no ovário causam dores na região pélvica, ou “pé da barriga”, do lado esquerdo ou direito. Normalmente, essa dor é mais intensa nos três primeiros dias da menstruação. 

O que fazer

Normalmente, os cistos no ovário desaparecem espontaneamente, sem a necessidade de tratamento. 

Em alguns casos, o médico ou médica ginecologista acompanha o cisto com exames de imagens regulares, para verificar se ele está crescendo ou não. 

Se houver  aumento de tamanho, pode ser necessário um tratamento com anticoncepcional oral, para regulação hormonal, com o objetivo de fazer o cisto regredir. 

Outro meio de tratamento é a remoção cirúrgica, indicado para cistos muito grandes e com potencial de evoluir para um câncer. 

Gravidez ectópica

A gravidez ectópica ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta fora do útero, geralmente em uma das trompas de falópio. 

Esse tipo de gravidez é marcada por fortes dores abdominais, que podem se concentrar do lado esquerdo, quando a implantação se dá desse lado, além de sangramento vaginal.

A manifestação desses sintomas no primeiro trimestre da gestação pode ser indicativo de que o embrião está se desenvolvendo fora do útero. 

Aborto prévio ou gestação ectópica anterior, doença inflamatória pélvica (DIP), principalmente pela bactéria Chlamydia trachomatis, e suas sequelas, endometriose, falhas da laqueadura ou da pílula do dia seguinte, tabagismo e uso de drogas ilícitas durante a gestação são alguns dos fatores de risco associados à gravidez ectópica.

O que fazer

Na maior parte dos casos, uma gravidez ectópica não é viável, sendo necessária uma intervenção médica imediata para evitar a ruptura de tecidos da mulher e hemorragias. 

O tipo de intervenção depende do estágio em que está a gravidez e da condição de saúde da mulher, podendo ocorrer com o uso de medicamentos para indução do aborto ou com cirurgia para interrupção da gestação.

Fontes e referências adicionais

Você já sentiu dor do lado esquerdo da barriga? Qual foi a causa da sua dor? O que você fez para tratá-la? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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