Fraqueza nas pernas pode ter causas simples e não preocupantes, como cansaço físico e fadiga muscular, ou pode ser causada por algum problema de saúde relacionado à má circulação sanguínea nas pernas.
A fraqueza nas pernas começa a se tornar preocupante, quando ela é persistente, piora com o passar do tempo e atrapalha no desenvolvimento de atividades que antes eram fáceis e simples de se fazer.
Em casos assim, é preciso buscar ajuda médica para investigar a causa dessa fraqueza nas pernas e tratar a origem do problema, e não ignorá-lo ou tratar o sintoma isoladamente.
Veja quais são as principais causas de fraqueza nas pernas e o que pode ser feito em cada caso.
1. Prática de atividade física
É comum haver a sensação de fraqueza nas pernas após uma sessão de treinamento físico. Este problema pode ocorrer com iniciantes, que não estão acostumados ao esforço físico e começam a fazer, por exemplo, uma caminhada mais acelerada, um pedal ou treinamento funcional.
Pessoas mais avançadas no treinamento também podem ficar com fraqueza nas pernas após um treino pesado de membros inferiores. As microlesões nas fibras musculares podem causar fraqueza logo após o treino, seguido, muitas vezes, de dor muscular tardia.
O que fazer
A fraqueza nas pernas causada pela prática de atividade física não é um motivo de preocupação e, normalmente, passa em 2 ou 3 dias.
É importante que você dê um dia de descanso para os grupamentos musculares trabalhados, para que eles possam se recuperar. Alimente-se bem e beba bastante água, para acelerar a recuperação.
Quem está iniciando na prática de atividade física deve ter paciência e progredir lentamente nos exercícios. Por exemplo, ao invés de correr na rua ou na esteira, faça uma caminhada ou então intercale uma caminhada com uma corrida leve, até que você se acostume.
- Aprenda mais em: Como começar a malhar – 7 dicas importantes para iniciantes.
Lembre-se que é fundamental contar com a orientação de um profissional da educação física e não esquecer de se alimentar adequadamente.
2. Má circulação nas pernas
A fraqueza nas pernas também pode ser causada por problemas de má circulação sanguínea, que consiste na dificuldade de passagem do sangue por veias e artérias das pernas.
Este problema pode ocorrer em mulheres que utilizam anticoncepcionais, pessoas que estão acima do peso, pessoas mais velhas, ou que passam muito tempo em pé ou com as pernas cruzadas.
Juntamente com a fraqueza nas pernas, a má circulação sanguínea faz com que os pés fiquem gelados e inchados, haja a sensação de formigamento nas pernas e nos pés e a pele fica ressecada.
Também é muito comum pessoas com má circulação sanguínea nas pernas apresentarem varizes, que são veias dilatadas e tortuosas, que ficam visíveis sob a pele. Veja quais são os sintomas e como tratar as varizes.
O que fazer
Caso você trabalhe em pé, pode ser útil usar meias de compressão, para facilitar o retorno do sangue das pernas para os pulmões e coração (retorno venoso).
Ao final do dia ou, se possível, durante o dia, eleve as pernas numa altura acima do seu tronco, para facilitar o retorno venoso e diminuir o inchaço, a dor e a fraqueza nas pernas.
Além de tratar o sintoma, é importante investigar a causa da má circulação e tratar da forma mais apropriada, que pode ser indicada por um clínico geral ou um cardiologista.
3. Polineuropatia periférica
A polineuropatia periférica se refere a lesões que afetam os nervos periféricos, que são responsáveis por transmitir as mensagens do cérebro e da medula espinhal para todo o corpo.
Quando a polineuropatia periférica atinge nervos que inervam os membros inferiores, se manifestam sintomas como fraqueza nas pernas, formigamento e dor.
Pessoas com a diabetes descompensada estão mais sujeitas a desenvolver a polineuropatia periférica, embora as mãos e os pés sejam mais comumente afetados. Doenças autoimunes, exposição a substâncias tóxicas, pancadas fortes e infecções microbianas também podem causar danos aos nervos.
O que fazer
Quando a polineuropatia periférica se desenvolve como consequência da diabetes descontrolada, o tratamento começa com o controle da diabetes.
Da mesma forma, se a polineuropatia se desenvolve como efeito secundário uma doença autoimune, por exemplo, ela também deve ser tratada, para que o problema de fraqueza nas pernas seja eliminado como consequência do tratamento da doença de base.
Quando nenhuma causa da polineuropatia periférica é identificada, os sintomas, incluindo de fraqueza nas pernas, podem ser tratados com anti-inflamatórios, antidepressivos tricíclicos e anticonvulsivantes.
Casos de dor incontrolável podem requerer o uso de tramadol ou morfina, que são medicamentos utilizados em último caso, por serem muito fortes.
Tratamentos alternativos, como acupuntura, e a fisioterapia podem contribuir para o controle dos sintomas.
4. Inflamação no nervo ciático
Uma inflamação, compressão ou lesão no nervo ciático pode causar fraqueza na perna, dor, formigamento e dormência, desde a lombar até o pé. Esses sintomas tendem a piorar quando se passa muito tempo sentado ou em pé.
O nervo ciático pode ser comprimido por uma hérnia de disco, por um esporão ósseo (bico de papagaio) ou até pelo músculo piriforme inflamado na região dos glúteos. O nervo ciático pode ficar inflamado por lesões por esforço repetitivo, sobrepeso, má postura, envelhecimento natural do organismo e sedentarismo.
São várias as possíveis causas da ciatalgia, que é o termo técnico para a dor no ciático e os sintomas associados.
O que fazer
A ciatalgia requer ajuda especializada de fisioterapeutas, então procure ajuda médica o quanto antes, para iniciar o plano de tratamento, que é individualizado.
Mas algumas medidas podem ajudar a controlar os sintomas num período de crise aguda, até que você consiga iniciar as sessões de fisioterapia:
- Diminua as atividades que envolvam cargas e movimentos repetitivos com as pernas.
- Faça compressas mornas por 20 minutos no local da dor, de 3 a 4 vezes ao dia.
- Se possível, e caso a dor esteja relacionada à sua ocupação, se afaste do ofício por alguns dias.
- Aprenda a fazer alguns exercícios para nervo ciático inflamado.
5. Hérnia de disco
A ocorrência de hérnia de disco na coluna lombar pode provocar dores nas costas e a sensação de fraqueza nas pernas e nos pés.
A hérnia de disco ocorre quando uma fissura ou lesão por desgaste localizada no disco intervertebral permite que o líquido que fica contido no seu interior extravase, causando um achatamento desse disco.
Dependendo de onde esse líquido extravasa, ele pode comprimir uma raiz nervosa, causando sintomas como dor nas costas, que piora ao ficar em pé, fraqueza nas pernas, formigamento, dormência, dificuldade para segurar a urina e dificuldade de locomoção.
O que fazer
O tratamento da hérnia de disco depende do seu grau de evolução. Em fases iniciais, tratamentos conservadores como administração de anti-inflamatórios, relaxantes musculares, fisioterapia, acupuntura e reeducação postural global (RPG) melhoram bastante a qualidade de vida do paciente.
- Veja quais são os remédios mais usados no tratamento de hérnia de disco e alguns exercícios que podem ser feitos em casa.
Diante da falha dos tratamentos conservadores, há a opção cirúrgica para correção da hérnia de disco.
6. Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O derrame cerebral, ou AVC, ocorre quando uma região do cérebro fica sem irrigação sanguínea por causa de um bloqueio num vaso sanguíneo em decorrência de um coágulo.
Um sinal típico do derrame cerebral é a fraqueza em um dos membros, que pode ser em um dos braços ou em uma das pernas.
Normalmente, a fraqueza acomete apenas um lado do corpo e isso pode ser verificado ao pedir que a pessoa se sente e levante as duas pernas, deixando os joelhos esticados. Se uma das pernas começar a cair involuntariamente, é sinal de que está fraca.
A fraqueza na perna pode se manifestar de forma severa, sendo marcada por uma paralisia total da perna afetada. A pessoa também pode sentir que a perna está dormente, formigando ou recebendo como se fossem leves picadas de agulhas. Veja quais são os outros sintomas de AVC e o que fazer.
O que fazer
O AVC é um caso de emergência médica, que deve ser tratado o mais rápido possível, para evitar sequelas. O tratamento é feito com um trombolítico na veia, que serve para dissolver o trombo que está obstruindo o vaso que irriga o cérebro. O ideal é que esse tratamento seja feito em até 4 horas e meia a partir do início dos sintomas.
Tratada a crise, é fundamental que você previna a ocorrência de outro AVC, controlando os fatores de risco, com o ajuste do estilo de vida. Assim, busque tratamento para controlar:
- Hipertensão arterial (pressão alta)
- Diabetes
- Colesterol alto
- Sobrepeso
- Síndrome da apneia do sono
Também é importante incorporar a prática regular de atividade física e parar com os vícios (tabagismo e alcoolismo).
7. Doenças neurológicas autoimunes
Duas doenças de origem autoimune, a síndrome de Guillain-Barré e a esclerose múltipla, têm como mecanismo o ataque do sistema imune à bainha de mielina, uma estrutura que recobre os neurônios.
Essa estrutura é muito importante para a condução dos impulsos nervosos do cérebro e da medula espinhal para todo o corpo e, também, o caminho inverso.
A bainha de mielina garante que essas mensagens percorram os nervos de forma rápida, permitindo a execução de todas as funções do nosso corpo, como andar, pensar, comer, falar, enxergar, ouvir, memorizar, enfim, todas as funções.
A destruição dessa estrutura pela ação do sistema imune faz com que a condução dessas mensagens se tornem lentas. Quando as lesões ocorrem nos nervos da medula espinhal e nos nervos periféricos pode haver tremores, dificuldade para andar, fraqueza nas pernas e até paralisia.
O que fazer
As doenças autoimunes que afetam o sistema nervoso central e periférico apresentam sinais e sintomas bastante semelhantes, por isso o diagnóstico não é feito com base apenas em um conjunto de sintomas e um exame. É preciso fazer vários exames e descartar diversas doenças parecidas, para se chegar ao diagnóstico correto.
Por isso, ao sentir fraqueza nas pernas não hesite em procurar ajuda médica. Após descartar as possibilidades mais simples e comuns, como hérnia de disco e polineuropatia periférica, você provavelmente receberá o encaminhamento para um/uma neurologista.
Após a conclusão do diagnóstico, você iniciará os tratamentos que poderão envolver imunossupressores, imunomoduladores, plasmaférese, corticoides, entre outros. Além disso, poderá fazer fisioterapia, para ajudar com a mobilidade e a força muscular.
Fontes e referências adicionais
- Polineuropatia periférica em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil, Revista Brasileira de Reumatologia, 2009; 49(4): 362-374.
- Efeitos da fisioterapia motora em pacientes críticos: revisão de literatura, Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2010; 22(1): 85-91.
- Prevalência de dor lombar e os desequilíbrios musculares em manicures, Arquivos em Movimento, 2010; 6(1):125-140.
Fontes e referências adicionais
- Polineuropatia periférica em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil, Revista Brasileira de Reumatologia, 2009; 49(4): 362-374.
- Efeitos da fisioterapia motora em pacientes críticos: revisão de literatura, Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2010; 22(1): 85-91.
- Prevalência de dor lombar e os desequilíbrios musculares em manicures, Arquivos em Movimento, 2010; 6(1):125-140.