O tenesmo retal é um sintoma que pode estar associado a várias doenças inflamatórias do intestino e se caracteriza pela vontade intensa de evacuar, porém a sensação é de esvaziamento incompleto do intestino, ou a pessoa nem mesmo consegue evacuar.
Essa sensação de esvaziamento incompleto, quando a pessoa consegue evacuar, acontece mesmo que não tenha mais fezes no intestino grosso.
O tenesmo geralmente não vem sozinho, outros sintomas comuns em doenças inflamatórias do intestino o acompanham, como dor abdominal e cólica intestinal.
O espectro de doenças que causam inflamação no intestino é bem amplo, por isso o tratamento depende da causa por trás do tenesmo.
Veja mais detalhes sobre o que é tenesmo, quais são as possíveis causas e o que fazer em cada situação.
O que é tenesmo?
O tenesmo é definido pela vontade de evacuar, mesmo quando não há fezes no reto, que é a parte final do tubo digestivo, onde as fezes ficam acumuladas.
Nessa região existe uma ampola retal, que se dilata e inicia o processo de defecação. Quando isso acontece, a pessoa sente vontade de evacuar e libera as fezes. No caso do tenesmo, a vontade é constante, mesmo quando não há fezes na ampola retal.
Provavelmente, você já sentiu isso alguma vez na vida e nem sabia que levava esse nome. O tenesmo não é tão incomum assim, porque além de estar associado a doenças inflamatórias do intestino, também pode acontecer em situações em que a pessoa sente muita ansiedade.
O tenesmo também caracteriza aquela situação em que a pessoa sente vontade de evacuar e faz muito esforço para conseguir eliminar uma pequena quantidade de fezes, deixando a sensação de evacuação incompleta.
Possíveis causas do tenesmo
O tenesmo pode ser um sintoma de diversos problemas envolvendo o trato gastrointestinal, como:
Doença de Crohn
A doença de Crohn é um tipo de doença inflamatória do intestino, sobre a qual se tem pouco conhecimento. Ela pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus, mas é mais comum acometer o intestino delgado e o cólon.
Os sintomas da doença de Crohn aparecem e evoluem gradativamente, é raro surgirem de forma repentina e intensa.
O tenesmo está na lista dos sintomas mais comuns da doença, juntamente com diarreia, cólica, sangramento nas fezes, febre, fadiga, perda de apetite e perda de peso.
O que fazer: os sintomas da doença de Crohn são muito parecidos com outras condições que afetam o intestino, como intoxicação alimentar e alergia. Por isso, se eles persistirem, é muito importante fazer uma consulta médica. O tratamento nos estágios iniciais previne a evolução dos sintomas para complicações mais graves, como fístula anal e úlceras.
Apesar do tratamento não prover a cura da doença, eles ajudam a gerir a doença, para que ela não progrida, sendo feito com anti-inflamatórios, imunossupressores e, em alguns casos, cirurgia. As mudanças dos hábitos alimentares também fazem parte do tratamento, veja algumas dicas.
Retocolite ulcerativa
A retocolite ulcerativa, assim como a Doença de Crohn, faz parte do grupo de doenças inflamatórias do intestino. No caso da retocolite, a inflamação atinge o cólon, que é a maior porção do intestino grosso, e o reto. O resultado dessa inflamação é a formação de úlceras no reto e no cólon.
Quem tem esse problema sofre com diarréias, tenesmo e eliminação de sangue, muco e pus nas fezes. Quando os sintomas estão presentes, a doença está na fase ativa, também chamada de surto. Nos momentos em que não há sintomas, a doença está na fase de remissão.
O que fazer: procure um médico especialista para avaliar o seu caso e identificar se a retocolite ulcerativa é a origem do tenesmo e dos outros sintomas. Quanto mais rápido o tratamento com anti-inflamatórios, corticosteroides e imunomoduladores for iniciado, maiores as chances de manter a doença na fase de remissão.
Constipação (prisão de ventre)
A constipação ou prisão de ventre é definida pela passagem de fezes muito duras e secas ou por uma frequência de evacuação inferior a 3 vezes na semana, além disso, o tenesmo é bastante comum. Nas poucas ocasiões em que a pessoa consegue evacuar, fica com a sensação de evacuação incompleta, de reto ainda cheio de fezes.
O que fazer: aumente a quantidade de fibras na sua dieta, associado, é claro, à ingestão de água ao longo do dia. Pratique exercícios físicos regularmente, para ajudar nos movimentos intestinais. Adicione probióticos, como iogurtes e kefir aos seus lanches.
Síndrome do intestino irritável
A síndrome do intestino irritável é um distúrbio gastrointestinal que altera os movimentos intestinais. Os sintomas variam em intensidade e duração, podendo ser leves ou intensos o bastante para afetar as atividades do dia.
Os sintomas mais comuns são dor abdominal, cólica intestinal, excesso de gases, constipação ou diarreia, podendo ser acompanhada de tenesmo. É comum as mulheres apresentarem os sintomas do intestino irritável antes ou durante o período menstrual.
O que oferece pistas para o diagnóstico da síndrome do intestino irritável é a duração e a frequência, que é de, pelo menos, 3 dias por mês, durante 3 meses.
O que fazer: como os sintomas costumam aparecer logo após uma refeição, você precisa prestar atenção se algum alimento, em especial, provoca os sintomas e retirá-lo da sua dieta. As mudanças nos hábitos alimentares são importantes e variam de caso para caso.
O tratamento costuma envolver uma reeducação alimentar, com porções menores de comida e redução da ingestão de cafeína, pois ela estimula os movimentos intestinais. Os probióticos podem ajudar na eliminação do excesso de gases intestinais. O manejo do estresse e ansiedade com atividades físicas e terapia também contribuem para a redução dos sintomas.
Veja algumas dicas do que comer, quando estiver com os sintomas da síndrome do intestino irritável.
Doenças sexualmente transmissíveis
A proctite ou inflamação do reto e do ânus pode ocorrer devido a uma infecção causada por doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia, sífilis, herpes e clamídia.
Essa inflamação causa dor e desconforto ao defecar, sensação de esvaziamento incompleto do intestino, e pode provocar a eliminação de sangue, muco e pus nas fezes.
O que fazer: deve-se procurar um atendimento médico para saber qual microrganismo foi responsável pela inflamação no reto e no ânus para, assim, tratar com medicamentos que visam combater o agente patogênico e reduzir a inflamação. Tratada a causa, os sintomas são resolvidos.
Diverticulite
A diverticulose é uma doença que afeta o intestino grosso e acomete, principalmente, pessoas acima de 40 anos, por um processo associado ao envelhecimento, no qual a parede do intestino perde um pouco da sua força e elasticidade.
Na diverticulose, alguns pontos enfraquecidos na parede intestinal formam bolsas chamadas de divertículos. Quando essas bolsas inflamam, a condição é nomeada de diverticulite, pois o “ite” remete à inflamação.
Uma dieta pobre em fibras e um estilo de vida sedentário são fatores de risco para o desenvolvimento da doença. A constipação, que faz com que a pessoa faça muita força para evacuar, também pode promover a diverticulose pois, com o esforço, algumas regiões da parede intestinal podem “saltar” e formar os divertículos.
O esforço para evacuar não tem relação apenas com a prisão de ventre, mas, também, com a sensação de esvaziamento incompleto do intestino.
O que fazer: alguns casos podem necessitar de cirurgia, dado que só é possível obter com uma consulta médica. O especialista deve analisar o caso e propor mudanças nos hábitos alimentares, que inclui aumento na ingestão de fibras pela alimentação ou com o uso de suplementos. Veja algumas dicas de dieta para diverticulite.
Abscesso retal
O abscesso retal ou anal é quando se forma uma cavidade preenchida de pus em torno do ânus. Esse problema provoca muita dor na região, febre e fadiga. Esse problema provoca febre, fadiga e dor retal em tenesmo, que consiste na dor local provocada pelo esforço contínuo na tentativa de esvaziar o intestino, somada à dor causada pelo próprio abscesso anal.
O que fazer: raramente um abscesso retal se resolve espontaneamente, sendo necessário buscar ajuda médica para fazer a drenagem do pus e, em alguns casos, cirurgia.
Fontes e referências adicionais
- What to know about tenesmus, WebMD
Fontes e referências adicionais
- What to know about tenesmus, WebMD