Boca e língua dormentes: 10 principais causas e o que fazer

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Boca e língua dormentes podem ser sinais de estresse, ansiedade ou enxaqueca, constituindo as causas consideradas não graves e de resolução mais fácil. Mas, a boca e a língua dormentes também podem ser sinais de problemas de saúde mais graves, como deficiências nutricionais e distúrbios neurológicos, como o acidente vascular cerebral, ou AVC. 

A dormência ou formigamento da língua pode levar à perda do paladar, deixar a fala arrastada e lenta, e até um gosto amargo na boca. 

Quando os sintomas de boca e língua dormentes acontecem de vez em quando, geralmente não são motivos de preocupação. Mas, caso sejam frequentes ou ocorram de modo repentino, juntamente com outros sintomas, é recomendado procurar por ajuda médica, para avaliação do caso e uma intervenção terapêutica, caso seja necessário. 

Veja quais são as principais causas de boca e língua dormentes e o que fazer em cada caso.

Alergia alimentar

Se uma pessoa tiver alergia a um determinado alimento ou ingrediente e ingeri-lo, poderá sofrer uma reação alérgica, que pode ser leve, moderada ou grave, constituindo, neste último caso, um choque anafilático

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A reação alérgica ocorre porque o organismo, ao entrar em contato com a substância que provoca alergia, interpreta-a como nociva ou como um veneno. Desse modo, o sistema imunológico inicia uma resposta inflamatória exagerada, que promove a dilatação dos vasos, para que muitas células de defesa e anticorpos consigam chegar até o local de agressão e combater a substância nociva. 

Por isso, uma pessoa que está sofrendo uma reação alérgica alimentar fica com os lábios, a garganta, o nariz e os olhos inchados, devido ao maior fluxo sanguíneo. Ao mesmo tempo, também são liberadas substâncias químicas mediadoras da inflamação, as histaminas, que promovem a sensação de coceira, dormência e formigamento nesses mesmos locais do rosto. 

Os sintomas da reação alérgica podem se estender para outros sistemas do corpo, provocando, por exemplo, dores abdominais, vômitos, diarreia e, em casos mais graves, dificuldade para respirar. 

O que fazer

O tratamento da alergia alimentar deve ocorrer da forma mais rápida possível, para parar a reação exagerada do sistema imune. Geralmente, três classes de medicamentos são usados no tratamento: anti-histamínicos, corticoides e broncodilatadores. 

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Os anti-histamínicos atuam no bloqueio da histamina, responsável por causar inchaço e os sintomas de boca e língua dormentes. Os corticoides são uma classe de anti-inflamatórios mais potentes, que regulam a resposta inflamatória do sistema imunológico. E os broncodilatadores servem para dilatar os brônquios, locais nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas, importantes para a liberação de oxigênio para o sangue. 

Em casos graves de choque anafilático, é necessário administrar adrenalina subcutânea. 

Para evitar esses problemas, você deve atentar-se às suas refeições, para que não consuma algum alimento ou ingrediente que provoque uma reação alérgica em seu organismo. 

Ansiedade e estresse

Boca dormente
O estresse pode causar sintomas como a boca dormente

A ansiedade patológica, que supera um desconforto emocional casual, pode provocar sintomas físicos consideráveis e atrapalhar diversas áreas da vida de uma pessoa. Descubra se a sua ansiedade passou dos limites

O estresse exagerado deixa o organismo em um estado de alerta constante, como se estivesse continuamente em uma situação de risco. Veja quais são os sinais que indicam que seu estresse atingiu níveis exagerados

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Os transtornos de ansiedade e estresse prejudicam o sistema nervoso, comprometendo diversas funções do organismo. Por exemplo, é comum que pessoas muito ansiosas ou estressadas sofram com hiperventilação, que é quando os pulmões ventilam mais do que é necessário para manter as funções do corpo. 

A hiperventilação causa alguns sintomas como: 

  • Tontura ou vertigem
  • Desmaio
  • Dor no peito
  • Formigamento ou dormência da boca, da língua e das pontas dos dedos.
  • Palpitação
  • Taquicardia
  • Tremores
  • Fraqueza 

O que fazer

A ansiedade e o estresse patológicos precisam ser diagnosticados por um psicólogo ou psicóloga e serem tratados com psicoterapia. Em alguns casos, se faz necessário o uso de remédios ansiolíticos, que devem ser prescritos por um médico ou médica psiquiatra. Esses transtornos não podem ser ignorados pois, em longo prazo, podem trazer sérios prejuízos à saúde física e emocional.  

Enxaqueca

A enxaqueca é uma dor de cabeça muito forte que, geralmente, vem acompanhada de outros sintomas, dentre eles o formigamento ou dormência nos braços, na boca e na língua. Comumente, pessoas com enxaqueca sofrem com sensibilidade exagerada à luz, sons ou cheiros e sentem enjoo, que pode resultar em vômito. 

Esses sintomas podem surgir antes da crise de enxaqueca e persistirem durante todo o episódio agudo de dor de cabeça. 

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O que fazer

O tratamento da enxaqueca é feito com medicamentos analgésicos para controlar a dor e, também, medicações de uso contínuo, para evitar as crises. Veja quais são os remédios para enxaqueca mais usados

Também é importante evitar os gatilhos da enxaqueca, que podem ser alimentos, cheiros e até o estresse descontrolado. Técnicas de relaxamento e de gerenciamento do estresse, assim como o cuidado com a alimentação e a prática de exercícios físicos regulares podem ajudar a evitar as crises de enxaqueca. Veja alguns exemplos de alimentos ruins para a enxaqueca.

Acidente vascular cerebral (AVC)

O AVC ocorre quando uma artéria que leva sangue ao cérebro fica obstruída, impedindo que uma parte do órgão receba suprimento sanguíneo. Os sintomas podem surgir em várias partes do corpo, isolados ou combinados.

Um dos sinais mais característicos do AVC é a paralisação de um lado da face, que fica torta e com os cantos do olho e da boca caídos. Outro sintoma possível é a perda de força em um braço ou uma perna, podendo levar ao desequilíbrio. 

Também ocorrem confusão mental, comprometimento da fala e da visão (visão embaçada ou duplicada). Além disso, surge uma dor de cabeça repentina e muito forte. 

A fala fica comprometida, especialmente porque a língua e a boca ficam dormentes. 

O que fazer

Na presença de um ou mais sintomas como esses, deve-se ir imediatamente ao hospital, para que o coágulo seja dissolvido com a administração de alguns medicamentos, e removido, por meio de um catéter. Veja, também, como evitar um AVC hemorrágico.

Paralisia facial

A paralisia facial é o enfraquecimento ou paralisia total dos músculos de um lado do rosto, que ocorre por causa de uma inflamação e inchaço de um nervo, que fica comprimido dentro canal ósseo estreito atrás da orelha. Como consequência, os músculos do lado da face com o nervo afetado não recebem estímulos nervosos, necessários para a sua movimentação. 

O sintoma mais característico de uma paralisia facial é a impossibilidade de mover os músculos de um lado da face, tornando impossível franzir a testa, erguer a sobrancelha, piscar e até mesmo sorrir, porque a boca fica torta. O lado do rosto afetado também pode sofrer dormência, podendo afetar a boca e a língua. 

O que fazer

O tratamento da paralisia facial não apresenta um padrão igual para todos os casos, mas envolve, basicamente, uso de medicações, fisioterapia e fonoaudiologia. As abordagens variam de acordo com a extensão dos danos ao nervo da face, das condições clínicas e idade da pessoa. 

Os sintomas melhoram à medida que o inchaço do nervo vai regredindo, o que pode acontecer de maneira espontânea, como na maioria dos casos. 

Como a paralisia facial gera dificuldade para fechar os olhos, as pessoas acometidas pelo problema precisam lubrificar os olhos com colírios e usar tampões, para evitar o ressecamento da córnea. 

Medicamentos

Boca dormente
Alguns medicamentos também podem provocar essa sensação

Medicamentos que contêm anestésicos em sua composição, normalmente usados por dentistas, causam dormência e formigamento na boca e na língua. 

Existem algumas soluções para bochecho e gargarejo, que também provocam uma sensação temporária de boca e língua dormentes. Pastilhas para dor de garganta, sprays para tratamento localizado de dor de dente e anestesias causam esse mesmo efeito na cavidade bucal. 

O que fazer

Nesse caso, a dormência na boca e na língua não é preocupante e deve passar em alguns minutos ou poucas horas, naturalmente.

Hipocalcemia

A deficiência de micronutrientes no organismo, que são os sais minerais e as vitaminas, obtidos, na maioria das vezes, da alimentação, pode causar uma série de problemas de saúde. Veja quais são as deficiências nutricionais mais comuns e como tratar.

Um exemplo disso é a hipocalcemia, a deficiência de cálcio que, até certo nível, não provoca nenhum sintoma. Mas, quando os níveis deste mineral ficam muito baixos no sangue, se manifestam alguns sintomas, como espasmos musculares, formigamento/dormência da boca e da língua, confusão mental e até convulsões.

A deficiência de cálcio não é causada apenas pela baixa ingestão de fontes deste mineral na alimentação, mas também pode ser resultado de outros problemas de saúde, dentre eles a deficiência de vitamina D, problemas de absorção de cálcio, doenças renais, alcoolismo e hipoparatireoidismo. 

O que fazer

O tratamento da deficiência de cálcio consiste na reposição deste mineral, cuja forma varia de acordo com a causa e a gravidade dos sintomas. O cálcio pode ser reposto na forma de gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio, administrado em ambiente hospitalar, ou em casa, com suplementos de cálcio e ajustes na alimentação. Veja uma lista com alimentos ricos em cálcio.

A doença causadora da deficiência de cálcio também precisa ser tratada, para que a concentração deste mineral no sangue se estabilize e não volte a causar sintomas, como o de dormência na boca e na língua. 

Hipoglicemia

Níveis baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia) podem deixar a boca e a língua dormentes. Os quadros hipoglicêmicos podem acometer qualquer pessoa, mas são mais comuns em diabéticos, que fazem tratamento com insulina ou medicamentos que estimulam a produção de insulina pelo pâncreas. Veja os efeitos colaterais comuns dos medicamentos para diabetes

Se a pessoa estiver com os níveis de insulina muito altos no sangue e, ao mesmo tempo, com os níveis de glicose baixos, pode ocorrer um rápido “sequestro” da glicose do sangue para dentro das células, reduzindo significativamente os níveis de açúcar na corrente sanguínea. 

A hipoglicemia pode deixar a pessoa com tontura, palidez, confusão mental, suor frio e com dormência ao redor da boca e na língua. 

O que fazer

Recomenda-se que numa crise de hipoglicemia, a pessoa consuma de 15 a 20 gramas de uma fonte de carboidrato simples, que pode ser:

  • 1 colher de sopa de açúcar dissolvida em água.
  • 1 colher de mel, para pessoas acima de 1 ano de idade.
  • 200 mL de refrigerante comum.
  • 1 copo de suco de laranja.

Se após 15 minutos, os níveis de açúcar não normalizarem, procure atendimento médico. Caso o procedimento dê certo, faça refeições normais, de 2 em 2 horas, para evitar outro quadro de hipoglicemia. 

Caso você tenha diabetes e tenha episódios frequentes de hipoglicemia, converse com seu médico ou médica, para que se avalie a necessidade de ajuste do tratamento. 

Deficiência de vitamina B

Língua dormente
Um dos possíveis sintomas da deficiência é a língua e boca dormentes

A vitamina B é fundamental para o correto funcionamento do sistema nervoso e para as células que compõem o sangue, as hemácias. 

A deficiência dessa vitamina no organismo pode provocar um efeito chamado “desmielinização”, que é basicamente o desgaste da mielina, uma camada proteica e gordurosa que reveste os neurônios. 

Um dos possíveis sintomas desse processo danoso é a parestesia, que é o formigamento em algumas partes do corpo, inclusive da boca e da língua. Outros sintomas de deficiência de vitamina B são cansaço fácil, irritabilidade e dor de cabeça. 

O que fazer

Para corrigir esse problema é preciso reverter a deficiência de vitamina B com suplementação e por meio da alimentação. Uma das formas de aumentar a ingestão de vitamina B é inserir alimentos como fígado, truta, atum, leite e ovos no cardápio. Veja outros exemplos de alimentos ricos em vitamina B.

Deficiências severas exigem tratamento medicamentoso, que pode ser cuidadosamente prescrito por médicos e médicas de diversas especialidades, como neurologia, nutrição, endocrinologia, hematologia e generalistas. 

Traumas e queimaduras

Traumas na boca, em que os dentes, os ossos do maxilar, a língua, mucosa e outros tecidos moles são afetados, podem causar danos diretos em nervos que passam pela região bucal. 

Traumas comuns e corriqueiros como morder a bochecha por dentro e a língua, podem deixar a boca e a língua dormentes. 

Queimaduras causadas pela ingestão de bebidas e alimentos muito quentes também podem machucar a superfície da boca e da língua, deixando-as dormentes.

O que fazer

No caso de lesões superficiais, causadas por mordidas na bochecha e na língua, não há necessidade de buscar ajuda médica, pois logo o ferimento cicatriza e o desconforto passa.

Mas, casos de pancadas fortes, com fratura, sangramento ou outros sintomas associados, precisam ser avaliados e tratados no hospital. 

Em caso de queimaduras leves, tomar ou comer algo gelado pode ajudar a diminuir o desconforto, mas caso a queimadura seja grave, é necessário buscar ajuda médica. 

Fontes e referências adicionais

Você já ficou com a boca e língua dormentes? Chegou a procurar um diagnóstico com um especialista? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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