Diclofenaco: o que é, para que serve, como tomar e efeitos colaterais

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Talvez o nome diclofenaco não te soe tão familiar, no entanto, é bem provável que você ou alguém que você conheça já tenha usado o remédio. Esta é uma dúvida que você vai tirar ao descobrir o que é e para que serve diclofenaco.

O medicamento pode ser indicado para o alívio de dores e inflamações e é considerado seguro e eficaz, quando tomado na dose certa e pelo tempo determinado pelo médico(a) responsável. 

Além disso, o diclofenaco é versátil, pois está disponível em várias apresentações: comprimido, supositório, solução injetável, colírio, pomada e gel creme. 

Alguns dos nomes comerciais de referência do medicamento são o Cataflam® e o Voltaren®. 

Veja mais detalhes sobre o que é e para que serve o diclofenaco, como tomar o remédio, os seus possíveis efeitos colaterais, as contraindicações e as interações medicamentosas que podem ocorrer com o fármaco. 

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Diclofenaco: Para que serve?

Artrite
A artrite é uma das principais condições de saúde para a qual o diclofenaco é indicado

O diclofenaco é um medicamento que pertence à classe dos anti-inflamatórios não esteroides, que possuem atividade analgésica e anti-inflamatória. 

A sua ação anti-inflamatória se deve ao bloqueio da enzima COX-2, envolvida em um mecanismo orgânico responsável pela produção da inflamação e da dor associada. Os seus efeitos podem ser percebidos após 20 a 30 minutos da administração de um comprimido de diclofenaco de 50 mg.

O medicamento pode ser indicado pelo médico como parte do tratamento das seguintes condições:

Diclofenaco sódico e diclofenaco potássico: diferenças

É comum você encontrar o termo diclofenaco acompanhado de “sódico” ou “potássico”. O diclofenaco sódico e o potássico não apresentam diferenças na prática, pois ambos exercem a mesma ação anti-inflamatória, desempenhada pelo diclofenaco, o princípio ativo do medicamento. 

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A diferença está no sal que acompanha essa molécula ativa, que pode ser o sódio ou o potássio. Alguns estudos sugerem que o diclofenaco potássico exerce uma ação 30 minutos mais rápida do que o diclofenaco sódico, mas esta é uma diferença que não tem muita relevância clínica. 

Assim como qualquer anti-inflamatório não esteroide, o diclofenaco pode ser prejudicial para a pressão arterial, porém isso não se deve ao sódio ou ao potássio presente no comprimido, e sim ao diclofenaco propriamente dito. 

A quantidade de sódio presente em três comprimidos de diclofenaco sódico, que é a dose diária habitual, é de cerca de 11 mg de sódio, o que representa apenas 0,55% do consumo máximo diário de sódio aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que orienta que a ingestão de sódio seja inferior a 2000 mg por dia. 

A quantidade de potássio presente no comprimido de diclofenaco potássico também é irrelevante e não deve causar problemas para quem faz dieta de restrição de potássio. 

O problema é que grande parte das pessoas que precisam fazer esse tipo de dieta apresentam insuficiência renal crônica e, para este grupo, o diclofenaco e todos os outros anti-inflamatórios não esteroidais estão contraindicados. 

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Como tomar o diclofenaco

Diclofenaco
Reprodução: via Medley

O diclofenaco é encontrado na forma de comprimidos, gotas, suspensão oral, ampola injetável, supositórios, colírio, pomada oftálmica e em gel creme.

Comprimido

Você encontra o diclofenaco comprimido em várias miligramagens: 25 mg, 50 mg, 75 mg e 100 mg.

É recomendado não exceder a dose prescrita pelo médico, usar a menor dose capaz de controlar a dor e não tomar diclofenaco por mais tempo que o necessário, conforme a indicação médica. 

O paciente que tomar diclofenaco por mais de algumas semanas deverá retornar ao médico para avaliações regulares, como forma de garantir que não está sofrendo de reações adversas despercebidas. 

Por exemplo no caso de diclofenaco em comprimido dispersível de 50 mg, a dose indicada pela bula varia entre dois a três comprimidos. A dose total diária prescrita deve ser fracionada em duas a três doses separadas e não exceder 3 comprimidos por dia.

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O médico ou médica pode, em situações especiais, prescrever uma dose diária total mais alta, 200 mg, dividida em duas doses de 100 mg, de 12 em 12 horas. Mas, essa dosagem só deve ser usada mediante orientação e acompanhamento médicos.

Diclofenaco deve ser tomado de preferência antes das refeições ou com o estômago vazio. 

Gotas

O diclofenaco em gotas (15 mg/mL) é indicado para o tratamento de crianças, pois é facilmente ajustável de acordo com o peso corporal. Deve-se obedecer a dosagem prescrita pelo médico.

Por exemplo, para o tratamento da artrite juvenil crônica em crianças de um a 14 anos, a dose recomendada é de 0,5 a 2 mg de diclofenaco para cada quilograma de peso corporal. 

Uma gota do medicamento é o equivalente a 0,5 mg de diclofenaco. A dose total obtida deve ser dividida em duas ou três doses por dia, conforme orientação médica. 

A partir dos 14 anos, a dose recomendada é de 75 a 100 mg de diclofenaco por dia, dividida em duas ou três doses, sem exceder o limite de 150 mg do medicamento. As gotas não devem ser misturadas com água ou outro líquido. 

Suspensão oral

O diclofenaco em suspensão oral de 2 mg/mL também é indicado para o tratamento de crianças de um a 14 anos com artrite juvenil crônica.

A dose recomendada depende do peso corporal, sendo 0,25 mL a 1 mL para cada quilograma que a criança pesa e deve ser obedecida a prescrição do médico. A suspensão oral deve ser agitada antes de ser oferecida à criança. 

Supositório

Os supositórios de diclofenaco sódico estão disponíveis com 12,5 mg, 25 mg, 50 mg e 75 mg. 

A dose diária máxima é de 100 a 150 mg, devendo ser dividida em duas ou três doses e respeitada a orientação médica. O supositório só é indicado para adultos, devendo ser introduzido no ânus, deitado(a), após defecar. 

Ampola injetável

O diclofenaco sódico em ampola injetável (75 mg) deve ser aplicado diretamente no glúteo por um profissional da saúde. A dose diária recomendada é de apenas uma ampola por dia. 

Se forem necessárias doses maiores, o médico ou médica pode combinar a injeção com diclofenaco em comprimido ou supositório, não devendo exceder a dose máxima diária de 150 mg. 

Colírio

O colírio de diclofenaco apresenta 1 mg da substância por mililitro. A dose recomendada é de uma gota no saco conjuntival, quatro a cinco vezes por dia, sempre obedecendo a prescrição médica. 

Pomada oftálmica

Deve-se aplicar uma pequena quantidade de pomada de diclofenaco (1 mg/mL) no saco conjuntival de duas a três vezes ao dia, sempre conforme o que o médico responsável pelo tratamento orientou. 

Gel creme

O gel creme de diclofenaco (10 mg/g) está indicado para o tratamento tópico de áreas doloridas e inchadas, podendo ser aplicado de três a quatro vezes ao dia, sempre de acordo com a dosagem estabelecida pelo médico. 

O diclofenaco em gel creme contém diclofenaco dietilamônio, que também pode ser encontrado com o nome comercial Cataflam® 11,6 mg/g.

Possíveis efeitos colaterais do diclofenaco

Os efeitos colaterais comuns do remédio, ou seja, que ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes, incluem:

  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Vertigem
  • Náusea
  • Vômito
  • Diarreia
  • Indigestão (sinais de dispepsia)
  • Dor abdominal
  • Flatulência
  • Perda do apetite
  • Exames de função do fígado anormais (ex.: aumento do nível de transaminases)
  • Rash cutâneo (vermelhidão na pele com ou sem descamação)

A bula de diclofenaco ainda cita alguns possíveis efeitos colaterais do medicamento que podem ser sérios, como:

Reações incomuns, ocorrem entre 0,1% e 1% dos pacientes, especialmente quando administrado em dose diária elevada (150 mg) por um período longo:

  • Dor no peito súbita e opressiva (sinais de infarto do miocárdio ou ataque cardíaco)
  • Falta de ar, dificuldade de respirar quando deitado, inchaço dos pés ou pernas (sinais de insuficiência cardíaca)

Reações raras ou muitos raras, ocorrem em menos de 0,1% dos pacientes:

  • Sangramento espontâneo ou hematomas (sinais de trombocitopenia)
  • Febre alta, infecções frequentes e dor de garganta persistente (sinais de agranulocitose)
  • Dificuldade de respirar ou deglutir, rash, prurido, urticária, tontura (sinais de hipersensibilidade, reações anafiláticas e anafilactoides)
  • Inchaço, principalmente na face e garganta (sinais de angioedema)
  • Pensamentos e humor alterados (sinais de distúrbios psicóticos)
  • Memória prejudicada (sinais de problemas de memória)
  • Convulsões
  • Ansiedade
  • Pescoço duro, febre, náusea, vômito, dor de cabeça (sinais de meningite asséptica)
  • Dor de cabeça grave e repentina, náusea, tontura, dormência, inabilidade ou dificuldade de falar, fraqueza ou paralisia dos membros ou face (sinais de acidente vascular cerebral ou derrame)
  • Dificuldade de audição (sinais de dano auditivo)
  • Dor de cabeça, tontura (sinais de pressão sanguínea alta, hipertensão)
  • Rash, manchas vermelho-arroxeadas, febre, prurido (sinais de vasculite)
  • Dificuldade repentina de respirar e sensação de aperto no peito com chiado no peito ou tosse (sinais de asma ou pneumonite se febre)
  • Vômitos com sangue (sinais de hematêmese) e/ou fezes negras ou com sangue (sinais de hemorragia gastrintestinal)
  • Diarreia com sangue (sinais de diarreia hemorrágica)
  • Fezes negras (sinais de melena)
  • Dor de estômago, náusea (sinais de úlcera, hemorragia ou perfuração gastrintestinal)
  • Diarreia, dor abdominal, febre, náusea, vômitos (sinais de colite, incluindo colite hemorrágica, colite isquêmica e exacerbação de colite ulcerativa ou doença de Crohn)
  • Dor grave na parte superior do abdome (sinais de pancreatite)
  • Amarelamento da pele e dos olhos (sinais de icterícia), náusea, perda de apetite, urina escura (sinais de hepatite/insuficiência hepática)
  • Sintomas típicos de gripe, sensação de cansaço, dores musculares, aumento das enzimas hepáticas em exames de sangue (sinais de doenças hepáticas, incluindo hepatite fulminante, necrose hepática, insuficiência hepática)
  • Bolhas (sinais de dermatite bolhosa)
  • Pele vermelha ou roxa (possíveis sinais de inflamação dos vasos sanguíneos), rash cutâneo com bolhas (vermelhidão na pele com ou sem descamação), bolhas nos lábios, olhos e boca, inflamação na pele com descamação ou peeling (sinais de eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson se febre ou necrólise epidérmica tóxica)
  • Rash cutâneo com descamação ou peeling (sinais de dermatite esfoliativa)
  • Aumento da sensibilidade da pele ao sol (sinais de reação de fotossensibilidade)
  • Manchas roxas na pele (sinais de púrpura ou púrpura de Henoch-Schonlein, se causada por alergia)
  • Inchaço, sensação de fraqueza ou micção anormal (sinais de insuficiência renal aguda)
  • Excesso de proteína na urina (sinais de proteinúria)
  • Inchaço na face ou abdômen, pressão sanguínea alta (sinais de síndrome nefrótica)
  • Produção de urina mais ou menos acentuada, sonolência, confusão, náusea (sinais de nefrite tubulointersticial)
  • Diminuição grave da quantidade de urina (sinais de necrose papilar renal)
  • Inchaço generalizado (sinais de edema)
  • Ocorrência conjunta de dor torácica e reações alérgicas (sinais da síndrome de Kounis).

Para conferir a lista completa de possíveis efeitos colaterais do medicamento, acesse a bula de diclofenaco.

No caso do diclofenaco em gel e em pomada/colírio oftálmico, praticamente não há efeitos colaterais, pois a substância age apenas no local, sendo pouco absorvida pelo organismo. 

Quem apresentar reações adversas enquanto estiver usando diclofenaco, especialmente as graves, deve avisar imediatamente o médico a respeito do problema.

Contraindicações do diclofenaco

O diclofenaco é contraindicado para pessoas com reação alérgica conhecida à substância ou a outros medicamentos usados para tratar inflamação ou dor , incluindo o ácido acetilsalicílico (aspirina) e o ibuprofeno. 

Essas reações alérgicas podem ser asma, secreção nasal, rash cutâneo (vermelhidão na pele com ou sem descamação), inchaço do rosto, lábios, língua, garganta e/ou extremidades (sinais de angioedema). Se você suspeita que pode ser alérgico, a bula orienta a perguntar ao seu médico antes de usar diclofenaco.

Pacientes que têm úlcera no estômago ou no intestino, sangramento ou perfuração no estômago ou no intestino, sintomas que podem resultar em sangue nas fezes ou fezes escuras, insuficiência hepática ou renal, insuficiência cardíaca grave e mulheres nos últimos três meses de gravidez também não devem usar diclofenaco.

Já no primeiro e segundo trimestres de gravidez, o medicamento não pode ser utilizado sem orientação médica. A mulher que toma diclofenaco não deve amamentar. Portanto, ao receber a indicação para usar o remédio, a paciente precisa avisar o médico se estiver grávida ou amamentando.

O remédio também é contraindicado para menores de 14 anos e não deve ser utilizado por pessoas que passarão por uma cirurgia, pois o diclofenaco inibe a ação das plaquetas, envolvidas com a coagulação sanguínea. Assim, o seu uso deve ser interrompido 48 horas antes da cirurgia, para evitar sangramentos. 

Além dessas condições especiais, o diclofenaco também deve ser usado com cautela ou evitado por pessoas que se encaixam nos seguintes quadros ou casos:

  • Doença no coração estabelecida ou nos vasos sanguíneos (também chamada de doença cardiovascular, incluindo pressão arterial alta não controlada, insuficiência cardíaca congestiva, doença isquêmica cardíaca estabelecida, ou doença arterial periférica)
  • Níveis anormalmente elevados de gordura (colesterol, triglicérides) no sangue
  • Diabetes
  • Asma ou febre do feno (rinite alérgica sazonal)
  • Fumantes
  • Problemas vasculares
  • Gastrite
  • Histórico de problemas gastrintestinais como úlcera no estômago, sangramento ou fezes pretas
  • Histórico de desconforto no estômago ou azia após ter tomado anti-inflamatórios no passado
  • Inflamação no cólon (colite ulcerativa) ou no trato intestinal (doença de Crohn)
  • Problemas no fígado ou nos rins
  • Estar desidratado (por exemplo, devido a uma doença, diarreia, antes ou depois de uma cirurgia de grande porte)
  • Cirrose hepática
  • Hemorragias ou outros distúrbios no sangue, incluindo uma condição rara no fígado chamada porfiria
  • Baixos níveis de plaquetas no sangue
  • Níveis elevados de potássio no sangue
  • Suspeita de dengue
  • Crise aguda de asma, urticária ou rinite
  • Inchaço nos pés
  • Quem fez recentemente ou vai fazer cirurgia no estômago ou no trato intestinal

As pessoas que se encaixam em uma das situações citadas acima devem informar sobre o seu quadro ao médico antes de começar a usar diclofenaco.

Interações medicamentosas com o diclofenaco

Remédios
Alguns outros medicamentos podem interagir com o diclofenaco e podem precisar ajustar o consumo

Alguns medicamentos devem ser evitados quando você estiver em tratamento com o diclofenaco. Portanto, sempre relate ao seu médico ou médica todos os remédios que estiver utilizando, para que ele ou ela avalie a segurança do uso combinado dos fármacos. 

Algumas vezes é preciso suspender ou ajustar a dose de alguma medicação. Os medicamentos que podem interagir com o diclofenaco são:

  • Varfarina
  • Diuréticos
  • Digoxina
  • Metotrexato
  • Ciclosporina
  • Lítio
  • Citalopram
  • Escitalopram
  • Fluoxetina
  • Paroxetina
  • Sertralina
  • Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECA)
  • Antagonistas dos Receptores da Angiotensina II (ARA 2)
Fontes e referências adicionais

Você já usou o diclofenaco em qual ou quais formas de apresentação? Ele foi útil para resolver a sua dor e inflamação? Comente abaixo!

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Sobre Dr. João Hollanda

Dr. João Hollanda é Médico Ortopedista - CRM-SP 113136. Formou-se pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho. É também médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino desde 2016 e médico voluntário do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa de São Paulo desde 2010. Você pode entrar em contato com o Dr. João através de seu site.

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