Digestão lenta – Causas e o que fazer

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A digestão lenta é uma preocupação que acomete muitas pessoas, desencadeando certos desconfortos, prejudicando a qualidade de vida ou até mesmo propiciando o aumento de peso. Por isso, confira agora as possíveis causas associadas a essa condição e o que fazer para melhorá-la.

Existem várias causas para o aparecimento da digestão lenta, como a falta de atividades físicas, hidratação insuficiente e até mesmo tipo de dieta e substâncias que o indivíduo consome.

Mas, em outros casos, esse problema pode ser patológico, associado a distúrbios gastrointestinais como a dispepsia, a qual costuma ter como características a má digestão e sensação de barriga cheia na parte superior do abdômen.

Então, segue abaixo o que você precisa saber para melhorar sua digestão. Além disso, aproveite para conferir também os melhores remédios caseiros para má digestão e veja quais são os melhores chás digestivos para ajudar no seu tratamento.

Causas de digestão lenta

mulher com dor na barriga

De maneira geral, a digestão lenta pode ser desencadeada por certos hábitos ou se manifestar em decorrência de gastroparesia. Conheça as possíveis causas que podem levar ao surgimento desse quadro:

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1. Gastroparesia

Quando nos alimentamos, normalmente o nosso sistema digestivo inicia uma série de contrações musculares que ajudam a mover os alimentos consumidos pelo trato gastrointestinal, onde eles serão degradados em pequenas moléculas e absorvidos pelo nosso corpo.

No entanto, portadores de gastroparesia apresentam um atraso no esvaziamento do estômago, já que esses músculos não conseguem transportar os alimentos adequadamente por trabalharem mais lentamente do que o normal.

Nesse sentido, sabe-se que as contrações musculares dependem das ações de vários nervos e células do corpo, mas um dos nervos mais importantes no trânsito intestinal é o chamado nervo vago.

Este nervo é altamente responsável por transportar vários sinais e mensagens do cérebro para o intestino e vice-versa. Assim, essa linha de comunicação faz dele um componente vital no controle dos músculos do estômago e do intestino delgado, e problemas no seu funcionamento podem diminuir a digestão ou até mesmo interrompê-la completamente.

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Com isso, os alimentos permanecem por mais tempo em locais indevidos, causando os sintomas de náuseas, vômitos de grande volume, dor abdominal e saciedade precoce.

Desse modo, o mais comum é que os pacientes deixem de se alimentar adequadamente, já que a sensação de “barriga cheia” é constante, causando a perda de peso.

No entanto, alguns indivíduos podem aumentar de peso em decorrência do consumo exagerado de alimentos, pois com a demora de serem absorvidos e nutrir o organismo, o corpo pode entender que há uma desnutrição. Assim, envia sinais para aumentar o consumo de alimentos e tentar equilibrar essa situação.

2. Diabetes

Diabetes e digestão lenta

De acordo com a American Diabetes Association, a gastroparesia é uma condição rara na população geral, afetando cerca de 2,4 homens a cada 100 mil indivíduos e 9,8 mulheres a cada 100 mil. Mas, é relatado como prevalente em mais de 40% de portadores de diabetes tipo 1, e cerca de 20% dos portadores de diabetes tipo 2.

A diabetes é uma doença crônica identificada como um fator desencadeante para digestão lenta. Uma das complicações mais comuns relacionadas à diabetes é o dano aos nervos que a doença pode provocar, condição conhecida como neuropatia diabética.

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Desse modo, a neuropatia diabética pode afetar qualquer nervo do corpo. No entanto, se afetar o nervo vago, pode causar lentidão no sistema digestivo e dificuldade no transporte dos alimentos.

Por isso, quando a neuropatia diabética afeta o sistema digestivo ou nervos de qualquer outro sistema corporal, é classificada como neuropatia autonômica. Além de retardar a digestão, esse quadro também pode afetar o controle da bexiga e a função erétil nos homens diabéticos.

3. Problemas de tireoide

A glândula tireoide é responsável por produzir e liberar hormônios que afetam a maneira como as células funcionam em todo o corpo.  Assim, quando ela não está funcionando adequadamente, a liberação de hormônios pode ser tanto excessiva quanto deficiente, resultando, respectivamente, em hipertireoidismo ou por outro lado, o hipotireoidismo.

Dessa forma, quando esses hormônios estão desregulados, o metabolismo e a digestão dos alimentos ficam prejudicados, intensificando ainda mais os sintomas da dispepsia nesses processos.

Assim, quando os níveis hormonais estão reduzidos, ou seja, no hipotireoidismo, a motilidade intestinal também reduz, resultando em sintomas como digestão lenta, intestino preso, redução de apetite e má absorção de nutrientes.

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4. Medicamentos podem causar digestão lenta

Vários medicamentos

Há alguns tipos de medicamentos que, ao agirem no corpo humano, objetivando combater certas doenças, desencadeiam outros sintomas como efeito colateral.

Assim, alguns anti-inflamatórios, antibióticos, antidepressivos e remédios narcóticos podem desencadear algumas complicações gastrointestinais, dentre elas, a digestão lenta.

Na maioria dos casos essa condição passa rapidamente. Mas, quando ela persiste, o ideal é procurar seu médico para administrar, em conjunto, outros medicamentos para evitar esse sintoma.

5. Álcool

Sabe-se que o consumo frequente de álcool está associado a complicações do trato gastrointestinal. Por exemplo, um estudo publicado na Revista Terra e Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, em 2018, concluiu que o consumo de etanol pode afetar a absorção de nutrientes e podem desencadear inflamação local e hiperemia da mucosa estomacal.

Além disso, até a proteção do intestino pode ser afetada em decorrência do aumento do estresse oxidativo, aumentando as chances de infecções no trato gastrointestinal.

Assim, depois de beber, não é raro que o indivíduo fique com dores de estômago. Desse modo, a alteração na microbiota (ou flora) intestinal é um dos possíveis efeitos colaterais do consumo alcoólico, que podem causar a digestão lenta. O caso é ainda mais acentuado após a ingestão de bebidas destiladas, pois danificam ainda mais a parede estomacal.

Outras causas comuns da digestão lenta

Além das possíveis causas mencionadas acima, há outras doenças e fatores que podem desencadear a sensação de digestão lenta. Dentre eles, destacam-se os seguintes:

  • Comer mais do que está habituado;
  • Comer muito rápido;
  • Consumo de alimentos gordurosos ou picantes;
  • Consumo excessivo de chocolate ou refrigerante;
  • Tabagismo;
  • Câncer de estômago;
  • Traumas emocionais;
  • Nervosismo;
  • Obesidade;
  • Pancreatite;
  • Cálculos biliares;
  • Gastrite;
  • Hérnia de hiato;
  • Infecções, principalmente as que são causadas pela bactéria Helicobacter pylori;
  • Úlceras pépticas.

Sintomas de má digestão (dispepsia)

Dispepsia

A dispepsia é o nome técnico para a má digestão e pode apresentar outros sintomas, que incluem:

  • Náusea;
  • Dor ou desconforto na região estomacal/abdominal;
  • Inchaço;
  • Em casos mais raros, a dispepsia recorrente pode ser um sintoma de câncer no estômago.

Vale lembrar que a dispepsia leve raramente deverá ser motivo de preocupação. Nesses casos, remédios antiácidos e mudança nos hábitos alimentares são suficientes para atenuar ou eliminar os sintomas.

No entanto, quando o quadro é recorrente e persiste por mais de duas semanas, principalmente se estiver associado com digestão lenta, perda de apetite, coloração amarela nos olhos e pele, e mal-estar, é necessário consultar um médico gastroenterologista para identificar a causa.

O médico pode solicitar um exame chamado endoscopia digestiva alta, na qual uma câmera é inserida através da boca e alcança o tubo digestivo superior, facilitando o diagnóstico.

Além disso, é muito comum confundirem a azia com dispepsia, e vice-versa, mas são duas condições distintas, apesar de poderem ocorrer ao mesmo tempo.

Com relação à azia, podemos definir que ela é um sintoma de refluxo ácido, ou seja, promove a sensação de queimação no abdômen que pode subir até o tórax, mais comum após refeições.

Como melhorar a digestão lenta

Se o seu problema não for patológico, então você poderá recorrer à adoção de alguns hábitos que ajudarão a melhorar a digestão do seu organismo. Confira:

1. Pratique exercícios físicos

mulher fazendo atividade física

A prática recorrente de exercícios físicos ajuda a promover o trânsito digestivo. Dessa maneira, fazer uma caminhada ou até mesmo um passeio a pé após uma refeição pode ser uma boa opção para auxiliar no processo de digestão.

Conforme a British Society of Gastroenterology, a prática de exercícios moderados, como andar de bicicleta, caminhar ou correr melhoram o processo de digestão em quase 30%.

Além disso, estudos sugerem que o exercício pode reduzir os níveis de inflamação do corpo, aliviando ainda mais os sintomas de doenças inflamatórias intestinais.

2. Consuma mais fibra

As fibras ajudam a manter o trato digestivo saudável e em movimento. Existem dois tipos de fibras, as solúveis e as insolúveis. Enquanto as fibras solúveis absorvem a água e ajudam a adicionar volume ao bolo fecal, as fibras insolúveis aumentam a motilidade intestinal.

As principais fontes de fibras solúveis são alimentos como aveia, nozes, grãos integrais, vegetais e farelo de trigo. Além disso, os prebióticos também são fontes de fibra alimentar que, nesses casos, alimentam as bactérias saudáveis presentes no intestino, as quais ajudam a mantê-lo em pleno funcionamento.

Desse modo, dietas ricas em fibras podem diminuir as chances de doenças intestinais de caráter inflamatório.

Além disso, em uma pesquisa publicada na revista Nutrition Reviews, de Oxford, foi possível constatar que uma dieta rica em fibras tem relação com a diminuição de riscos de desenvolvimento de problemas digestivos, incluindo úlceras, refluxo, hemorroidas e diverticulite.

3. Mantenha-se hidratado

Hidratação melhora digestão lenta

De acordo com um estudo publicado no Jornal de Pediatria, em 2017, a baixa ingestão de água é um dos principais fatores associados à constipação.

Por isso, recomenda-se o consumo de cerca de 2 litros de água por dia para evitar esse quadro. No entanto, deve-se aumentar essa quantidade se você viver em um lugar de clima quente ou praticar exercícios físicos frequentemente.

Além da água, você também pode aumentar a ingestão de líquidos com chás ou outras bebidas não-cafeinadas, como água com gás e sucos naturais. Mas, lembre-se de conferir se o chá pode aumentar a acidez estomacal e piorar os seus sintomas.

Outra maneira de ajudar a atender às suas necessidades de ingestão de líquidos é incluir frutas e vegetais com alto teor de água. Por exemplo, a melancia, a laranja, o pepino e o tomate são algumas opções de alimentos constituídos em grande parte por água.

4. Consuma gorduras saudáveis

Normalmente associamos à gordura diversos malefícios como colesterol alto, hipertensão e outras complicações cardiovasculares. No entanto, existem gorduras que são saudáveis e necessárias à manutenção de diversas funções do organismo, inclusive do sistema digestivo.

As “gorduras saudáveis”, também conhecidas por gorduras insaturadas, ajudam o indivíduo a se sentir satisfeito e absorver a quantidade adequada de nutrientes.

Dentre essas gorduras, os ácidos graxos ômega 3 são os mais comuns, os quais podem diminuir o risco de desenvolver doenças inflamatórias intestinais, como a colite ulcerativa.

Nesse sentido, é possível encontrar essa substância em peixes como salmão, atum, sardinha e cavala, além de oleaginosas, com destaque para as nozes e sementes como chia e linhaça.

5. Opte por comidas saudáveis

Comidas saudáveis para digestão lenta

O cardápio ocidental é basicamente constituído por carboidratos refinados, gordura saturada e alguns aditivos. Desse modo, sabemos que ele vem sendo associado ao aumento de risco de desenvolvimento de distúrbios digestivos, principalmente a digestão lenta.

Por isso, devemos minimizar o uso de aditivos como o sal, açúcar e temperos industrializados ricos em sódio, já que elas podem aumentar a permeabilidade do intestino.

Assim, uma maior permeabilidade aumenta as chances de desenvolver doenças inflamatórias, resistência à insulina e até intolerâncias alimentares, pois o intestino permite a entrada de moléculas variadas sem um controle de qualidade.

Enquanto isso, as gorduras trans, encontradas em muitos alimentos processados, podem causar danos à saúde cardiovascular. Além disso, de acordo com a British Society of Gastroenterology, há uma associação entre a ingestão em excesso de gordura trans e um risco aumentado de desenvolver colite ulcerosa, uma doença intestinal de ordem inflamatória.

Por isso, para evitar essas complicações e proporcionar um ambiente propício à boa digestão, o ideal é optar por alimentos não-processados e integrais quando possível, além de manter o consumo regular de água.

Fontes e referências adicionais

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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